Alguém aqui já passou a noite em claro completamente sem sono e no dia seguinte teve que tomar anti-histamínico para curar uma tosse renitente um remédio que provoca uma extrema sonolência e mesmo assim continuou elétrico a ponto de ir no supermercado e dar de cara com um cachorro branco na porta do supermercado que parecia feroz mas não era a única coisa estranha é que quando as pessoas olhavam para ele os rostos delas se deformavam?
É incrível como o amor tem um poder poder extraordinário de transformar as pessoas. Acredito nas pessoas que repetem incansavelmente que, com amor, o mundo poderia ser bem diferente do que é, um mundo melhor.
Meu vizinho pós-adolescente desocupado convicto, por exemplo. Todos os dias, ligava o som no último volume, de CPM22 pra baixo. Era impossível até ver televisão, quem dirá ouvir boa música. Eu já estava pensando em isolamento acústico. Foi quando ele encontrou uma louca pra namorar e agora passa o dia na área de lazer do prédio, olhando nos olhinhos dela. Eu aqui, escutando Raul Seixas.
Mensagem subliminar numa música da Turma do Balão Mágico. De um LP que eu tinha, lá pelos saudosos anos 80, e escutava religiosamente (glup!) todos os dias.
01 de dezembro, o brega-lamba-greante de Victor Camarote & Banda Arquibancada. Só clássicos do brega, o melhor do pior das últimas décadas, no Nordeste e redondezas. É um som alegre, dos bons, pra dançar a noite toda.
02 de dezembro, Del Rey. Os vídeos dos caras no YouTube, como esse que eu linkei aí embaixo, que não fazem jus ao que, de fato, é a apresentação de Mombojó mais Chinaman cantando Roberto Carlos. É simplesmente indescritível.
De quebra, tem Clube Du Ben, uma outra banda que toca clássicos do samba rock.
Enfim, acho que essas repaginagens ainda vão dar muito pano pras mangas.
Sim... eu ouço o vento sussurrar mensagens sublimes, vindas das profundezas do infinito.
Sim... eu falo com as árvores, principalmente com pinheiros e cedros, que por demais imponentes, nunca deixam de serem simpáticas. Eu já vi o rosto de Cristo no tronco de uma árvore. Ele parecia meio triste.
Também falo com os cães, que como eu também são vadios das madrugadas frias e brumosas. Nós nos entendemos perfeitamente. Possivelmente estejamos à procura das mesmas coisas. Não de comida, afinal latas de lixo é que não faltam. Talvez um outro tipo de alimento, ou um afago, um colo.
Eu sou assim. Falo de ódio, de flores e de poesia. Falo das coisas doces e amargas da vida. Essa minha vida tão incógnita e magnífica ao mesmo tempo, intercalada ora pela frivolidade dos dias, ora pela glória da noite.
Oh, a noite... digna mãe, irmã, confidente cortesã. Ela que faz cair a máscara que o dia tentou colar ao meu rosto.
Foi hoje, aqui no trabalho. Enquanto eu atendia um dos usuários do serviço, um outro, cuja presença eu nem tinha notado, voltou-se para mim, extremamente galanteador e diz: "com todo o respeito, mas... que olhos lindos você tem!"
Só então eu olhei para a criatura. E reconheci. Colega de há muitos anos atrás, quando eu era adolescente, feiosa, estudava pra caramba e participava de movimentos progressistas da Igreja Católica. Quando eu achava que podia mudar o mundo. E era assim.
E ele... bem, ele era um rapaz bem bonito, que despertava a atenção de todas as menininhas revolucionárias febris, mas se sentia atraído mesmo por homens. No início, foi velado. Depois, ele assumiu aquilo tudo com uma sinceridade surpreendente, para a época.
Participamos juntos de encontros, reuniões, passeatas, mesas de bar, sonhos, rodas de violão e bobagens próprias para a idade. Ou seja, eu era muito próxima e invisível. Hoje, quase duas décadas depois, a criatura - que continua bonita - faz tipo de sedutor. Lembrei a ele quem eu sou. Aliás, quem era, quando ele me conheceu.
É claro que ele ficou muito desconcertado. Perguntou por meus óculos - eles realmente faziam a diferença. Expliquei que uso lentes de contato há mais de 10 anos. Perguntou se eu casei, já olhando para a aliança que denuncia meu estado civil e eu respondi que sim, pela segunda vez, pois adoro casar. Deve ter estranhado o cabelo grande e encaracolado também, mas isso ele nem comentou.
A criatura não deve ter entendido nada. Mas eu fiquei pensando em como é bom estar de bem com a aparência aos trinta e pouco, quando não pude estar durante a 'flor da idade'. A ponto de não ser reconhecida. Muito mais resolvida do que eu era. E com algumas coisas, como profissão, já em seu devido lugar.
Desse jeito, é ótimo ver o tempo passar. E me levar carinhosamente.
Eu tinha escrito um post enorme sobre um monte de coisas que eu tentei concatenar durante meses - finalmente consegui -, quando o Firefox resolveu fechar todas as janelas, e com elas o meu post enorme. Putaquipariu.
Depois eu tento mais uma vez.
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Notinha ciumenta
A corretora do apartamento que fomos olhar hoje, no momento de se despedir, falou 'muito prazer' só para Marido e apertou apenas a mão dele.
Foi um dia, há muito tempo atrás, num boteco qualquer de uma cidade mais qualquer ainda. Ela chorava e chorava as dores da rejeição, pancadão que só quem já sentiu sabe. E quem nunca sentiu, afinal? Ela talvez já tivesse sentido isso algumas vezes antes, mas nunca havia sido tão doloroso. A falta de cuidado do outro doía mais até que a própria falta de amor. Que não houvesse o querer, o desejo, nem a vontade de ficar, ela entendia. Mas apenas um pouco de zelo teria salvado, naquela noite, aquele coração da amargura.
Lugar-comum, muitos chopes, lágrimas desesperadas e uma amiga impotente diante de tanta tristeza. Foi quando, naquela cidade qualquer, em que as pessoas nem se olhavam, a alguns metros daquela mesa, que era apenas mais uma, alguém olhou pra ela e sorriu. Uma mulher de meia-idade, cabelos curtos, ar de quem sabe das coisas, sorriso na medida certa. Fez um gesto de longe, oferecendo um cigarro. Ela, que nunca tinha fumado, sorriu e aceitou.
A mulher desconhecida trouxe o cigarro até a mesa, acendeu e passou as mãos pela cabeça dela, num gesto que misturava compreensão e afago. Ela agradeceu, fumou o cigarro e compreendeu a mensagem sem palavras. As lágrimas cederam, a realidade das coisas ao redor voltou a chamar a atenção dela. A mulher desconhecida sabia daquela dor, já havia sentido aquilo antes, mas sabia também que aquilo haveria de passar, mesmo que deixasse algum incômodo, que em pouco ou muito tempo também passaria. Nada que não fosse consumido junto com um bom cigarro. Sem palavras.
Foi assim que ela, a partir daquele dia, deixou-se acompanhar sempre por um cigarro, quando está consumindo alegremente a boa bebida.
Quando eu era criança, tinha saudade do futuro. Era louca pra crescer logo, fazer minhas coisas e talz, por que aquele lance de ter que pedir permissão pra tudo era muito chato, eu pensava.
Adolescente, sentia saudade da pouca responsabilidade dos tempos de criança, por que a idéia de prestar vestibular começou a se tornar um mosntro que me perseguia desde muito cedo.
Casada, tive saudade dos tempos de solteira, período de libertação e de festas que não tinham hora pra acabar. Foi quando eu descobri que meu mundo estava completo apenas à noite.
Separada, senti saudade dos tempos de casada, das facilidades da vida de casal e dos pequenos detalhes da rotina que tornavam a vida, embora monótona, suportável.
Fui morar em Brasília e cultivei uma saudade louca de minha cidade. Saudade não, banzo. Que se tornou aflição. Que quase virou amargura.
Hoje, de volta a Recife, ao lado de um companheiro que me suplementa, vivendo boas farras [sem a sofreguidão de antes], vida profissional estável e com pouco a lembrar do que foi melhor antes, eu deixei de sentir saudade. Mas é estranho, por que parece que é preciso sentir ao menos uma boa saudade para deixar um certo vazio, necessário para manter nossos pés no chão.
Sinto saudade de sentir saudade. *depois de escrever este post, a autora voltou a sentir saudade: de algumas cidades, de momentos fugazes, do bar Beirute, em Brasília e da professora de ginástica localizada da 715 sul. :)
Praia de Pedra do Xaréu, no Cabo de Santo Agostinho. Absoluta top one, é a mais bonita e agradável que eu conheci no litoral do estado, até agora. As pedras formam um cenário exótico e o local é tranquilo, sem badalação e com bares no melhor estilo riponga.
Alguns trechos ficam desertos mesmo, como esse aí. As pedras e vegetação nativa ajudam a pensar que estamos na ilha de Lost, mas sem a companhia de Sawyer. :)
Marco Zero, em Recife, ponto inicial da história da cidade e hoje local [fica numa praça] de festas, cultura, mobilizações, passeios pelo Rio Capibaribe ou simplesmente ou belo final de tarde. A frase inteira diz: deste marco partem todas as distâncias para todas as terras de Pernambuco.
Esse aí é o barco-escola da Prefeitura do Recife, que faz aula-passeio pelo Rio Capibaribe, todos os dias. Ao fundo, esculturas de Francisco Brennand, mas quase não dá pra ver nessa foto.
A propósito, meus pés querem programar uma visita à fantástica Oficina de Brennand. Vocês saberão quando eles estiverem lá.
Fogo amigo Coisas estranhas aconteceram desde que voltei para Recife. Uma delas é que duas de minhas melhores (ex-?) amigas se tornaram quase inimigas após o meu retorno.
Uma delas saiu algumas vezes comigo e marido e reclamou que eu estava me comportando de um modo diferente depois de casada. Pergunto: existe algum planeta em que uma pessoa casada se comporta como solteira?
A outra está me evitando há algum tempo, mas eu, com a lerdeza de minha gata branca, custei a perceber. Só notei ontem, quando ela me tratou mal por MSN e eu - pessoa predominantemente virtual - percebi logo. Pergunto: o que é que eu fiz?
Ambas são solteiras e me resta imaginar que eu estou sendo discriminada por meu estado civil. Onde estão as organizações não-governamentais que defendem os solteiros crônicos que casaram de repente, quando a gente precisa delas? :x
O mau malandro ou malandragem, dá um tempo! Ontem fui assistir mais um show das tais bandas-projeto que pululam aqui em Recife. Dessa vez foi a paralela da banda Negroove, Chef Ladrão, que faz tributo a Bezerra da Silva. Samba dos bons, noite agradável, mesmo pra quem esperava por mais um cover de Raul Seixas, como eu.
Lá pelas tantas, um pequeno de cara esquisita chega perto e puxa uma conversa qualquer. Respondo, por que tento não parecer mais antipática do que já sou, além da merda que é esse comportamento politicamente correto, em que ignorar pequenos de cara esquisita é pecado mortal.
Mais alguns minutos, e o pequeno de cara esquisita some. Misteriosamente, meu maço de cigarros L.A. sabor-cravo-delicioso-que-fumo-apenas-quando-bebo, que estava sobre a mesa, também. A companheira de balada me adverte que o pequeno é o principal suspeito e lá vou eu, alucinada, atrás do meu maço de cigarros. Bingo, o maço estava nas mãos do pequeno.
Tomei o maço na mão do meliante, avisando 'delicadamente' que aquilo era meu. Fiquei indignada. O valor do furto não correspondia à minha reação - por 4 reais, eu teria um novo maço. Mas é que me irrita de uma maneira que eu não sei explicar esse comportamento de péssimo malandro, que se aproxima pra tirar alguma vantagem. Simplesmente não admito. Se eu não tivesse recuperado o pacotinho, minha noite estaria perdida. Simples e radical assim.
As vantagens obtidas com pequenas malandragens são as mesmas que resultam em vultosas quantias em transações ilícitas. Digo, o princípio é o mesmo. É 'primeiro eu'. É individualismo em estado bruto e maldoso. É um maço de cigarro, ou um carro de alguém que ficaria a pé sem ele (como aconteceu comigo), ou dinheiro público. Sem limites, não importa o objeto. Foda-se a exclusão social, falta é um pouco de vergonha na cara.
É verdade, "aquela tal malandragem não existe mais..."
Alfonsina Storni Tradução de Maria Teresa Almeida Pina
Sábado foi caprichoso o beijo dado, Capricho de varão, audaz e fino Mas foi doce o capricho masculino A este meu coração, lobinho alado.
Não é que creia, não creio, se inclinado sobre minhas mãos te senti divino E me embriaguei, compreendo que este vinho Não é para mim, mas jogo e roda o dado...
Eu sou a mulher que vive alerta, Tu o tremendo varão que se desperta E é uma torrente que se desvanece no rio
E mais se encrespa enquanto corre e poda. Ah, resisto, mas me tens toda, Tu, que nunca serás de todo meu.
Se você é medianamente inteligente e trabalha com Gente Muito Burra (GMB), isso equivale a trabalhar com Gente Muito Inteligente: não há jeito de se destacar. Por mais que você faça, acaba sendo solenemente ignorado. A burrice de GMB vai sempre, sempre ofuscar os medianamente inteligentes.
GMB se acha muuuuito inteligente. E é melhor que continuem pensando assim.
Numa discussão, GMB nunca argumenta, grita. GMB só ganha no grito. Mais uma vez, é melhor não contrariar.
GMB conta piadas pouco engraçadas. Confunde ironia com deboche. E ri de cada tirada "engraçadíssima" que fala. Nesse caso, eu não recomendo forçar um risinho só pra agradar. GMB, quando acha que faz sucesso com alguma piada, não consegue parar.
GMB é tosca. Se veste, anda, fala e vive como gente tosca. É bom manter uma distância regulamentar [para não correr o risco de ser confundido].
Conviver com GMB é um exercício de abstração. É ver lábios movendo e não entender o que está sendo dito. É ver gente deselegante demais e conseguir achar graça disso. É ouvir asneiras e relevar. Conviver com GMB é garantir uma vaga no paraíso.
Uma amiga me perguntou por MSN se eu sou "do tipo ecologista q economiza impressão?"
Respondi que sim, uso a qualidade de impressão 'rascunho' e sempre tenho papel para reaproveitar, quando é possível.
Só aí me toquei que eu economizo não apenas para ser ecologicamente correta, mas que esse hábito ocupa todas as áreas de minha vida. Os verbos reaproveitar, economizar e racionar estão sempre na ordem do dia, para mim.
No supermercado, compro sempre os produtos mais baratos, exceto quando é inevitável recorrer às marcas de qualidade conhecida. E, se for algo de maior valor, faço sempre uma pesquisa quase exaustiva antes de comprar, mesmo que o ganho nem pareça tão expressivo. Evito desperdícios a todo custo. Aliás, pouca coisa me incomoda tanto quanto desperdício, principalmente se for de comida. Não admito sobras nos pratos nem panelas. Como casca de tudo que é possível. Reaproveito o que está à mão. Se o lugar só oferece copo descartável, guardo comigo, para não usar outro. Coisas assim, no limite entre economia e mania.
Mania não, condicionamento. Vinda de uma família com sete filhos 'em escadinha', nunca me foi dado conhecer o supérfluo. Tudo era cuidadosamente calculado, desde as compras de roupas, numa única leva anual, até os biscoitos diários, distribuídos em quantidade idêntica para a prole. Nada menos que o necessário, mas muito menos qualquer tipo de excesso. Para além das manias adquiridas, prezo principalmente pelo pouco apego ao consumismo que derivou desse ambiente de quase escassez, uma espécie de economia de guerra. Nada me enche os olhos, dificilmente tenho rompantes por vitrines.
A satisfação não vem das moedas que junto ao economizar aqui e ali, mas de simplesmente não ser perdulária.
Há algum tempo eu não tinha animal de estimação, nem pensava em ter algum, pois sempre desanimava ao pensar nos rituais de higiene e atenção que um bicho requer. Um dia, a gata de minha vizinha entrou pela varanda de meu apartamento e nunca mais saiu. Isso aconteceu há mais de seis meses. Eu não só adorei a sua companhia, como adquiri outra gata pra mim.
Gatos são limpos e independentes, isso todo mundo sabe. O que descobri na convivência com as minhas é que elas são bem-humoradas, sabem a hora de 'exigir' o que precisam, seja carinho, comida ou água e, o principal, conseguem compartilhar o silêncio de uma forma incrivelmente respeitosa. Seja lá o que eu quis dizer com isso.
Lamento apenas não ter tido gatos antes, especialmente na minha fase eremita de Brasília. Eles teriam feito me sentir menos só do que fui. Mas, para conhecer um deles, foi preciso que 'invadisse' a minha casa.
Moral da história: às vezes nós pensamos estar invadindo o espaço de alguém, quando, na realidade, oferecemos um espaço privilegiado de convivência e aprendizado.
Moral da história da moral da história: as leis advindas do mundo dos gatos não se aplicam a humanos.
Um dia ele me perguntou por que eu tenho ciúme de tudo (todas). E por que eu faço birra por (quase) tudo que provoca a minha desconfiança. E, ainda, por que eu persigo o olhar dele para saber qual é o foco da atenção, a cada instante.
Simples.
Sendo chata assim, ele se ocupa com meus chiliques de tal forma, que não sobra tempo nem disposição pra pensar em mais nada. Isso inclui outras mulheres.
Truque de mulherzinha, pode ser frívolo, mas (talvez por isso mesmo) funciona.
Chegou convite para um evento. Coisa chique, inauguração de uma grande embarcação. Coisa chique, cerimônia de batismo do naviozão seguida de jantar dançante num puta hotel aqui de Recife.
Para o jantar, avisava o e-mail, traje social completo. Como eu não entendo nada além da expressão 'trajes de banho sumários', aqueles que usamos para escandalizar na praia, fui pesquisar o que eu deveria usar para o batismo do monstrengo. Claro, sempre ele, o Gúgo.
Encontrei coisas estranhas e difíceis de imaginar numa roupa que eu pudesse usar:
Significa roupa de festa — "festa" e não baile. -> Mas baile também não é uma festa?
Formal e sofisticado, permite às mulheres usar roupas com tecidos mais nobres, como sedas, veludo e brocados, mas com discrição. -> Onde encontrar um veludo discreto? E o que diabos é brocado?
Brilhos, bordados e decotes podem ser usados, dependendo da ocasião e desde que com parcimônia e bom gosto. -> Bah, decote parcimonioso nem é decote!
Desisti e procurei um texto que fosse mais claro. Olha o que encontro:
Jantares, óperas e grandes comemorações pedem um traje mais formal. Se arrumar de maneira mais caprichada – e bem diferente do que você costuma no dia-a-dia – é uma maneira de prestigiar o evento e transformá-lo numa ocasião verdadeiramente especial. -> Ahnnnn... sim!
Para as mulheres, vestidos da altura dos joelhos para baixo – vale o midi; o mimolet e o longo.
-> Mimo o que?
Qualquer que seja o comprimento ele deve exibir um tecido nobre – liso ou levemente bordado. Caso o vestido seja liso, invista em jóias ou bijuterias vistosas; caso ele seja muito brilhante ou bordado, prefira complementos mais discretos. Nos pés, sandálias ou sapatos (escarpins ou chanel) de saltos altos. Valorize a produção com cabelo e maquiagem bem-feitos.
-> Ainnnn, repete a parte do bordado?
E pra complicar um pouco mais, a palavra da papisa da etiqueta muderna, Glória Kalil: O fundamental é identificar o tipo de rito, o que é valorizado naquela situação. Suponha que o convite peça traje social completo e você decida ir de jeans. Se está convencida disso, tudo bem. Porém, se vestiu a roupa errada porque não entendeu o convite ou não prestou muita atenção nele, vai se sentir a última das criaturas e acabar perdendo a noite. A segurança aumenta à medida que você vai dominando as normas. Até para desobedecê-las, se preferir.
Não precisa dizer que já me senti a última das criaturas só de ler tantas regras incompreensíveis. Imaginei dois cenários possíveis: eu de veludo, seda e tafetá, como uma árvore de Natal, e todas as outras de jeans, segundo a nova etiqueta, em que é possível quebrar tabus; ou eu de jeans, querendo ser modernosa, e todas as outras com os tais tecidos nobres, horrorizadas com a minha plebéia presença.
Na dúvida, preferi preparar minha roupa para o show de amanhã, Alexandre Seixas, cover de Raul, numa boate em Olinda. Não levo jeito pra madrinha de navio.
O cúmulo da invasão de privacidade é pedir todas as senhas das contas de e-mail dele. Nunca pensei querer algo tão sórdido, mas é assim que me sinto. Ciúme, loucura, possessividade, prisão, chamem como quiser. Eu prefiro pensar que estou numa fase de acentuada atenção sobre o outro. Já não há lugar ou coisa que me faça sair do estado de alerta. Tenho ciúme de quase tudo, até de nossa gata que disputa o (delicioso) colo dele comigo.
Se eu fosse louca, diria que foram as vozes que ordenaram.
Se eu fosse criança, faria birra.
Se eu estivesse grávida, alegaria sensibilidade à flor da pele.
Se eu fosse liberal, diria que estou aprisionando minha própria liberdade.
Prefiro acreditar que sou apenas uma pessoa ciumenta. E quem não é?