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Estado de Coisas

quarta-feira, agosto 31, 2005
Pequenos incêndios
Eu temia que ele fosse recatado demais para mim. Achava que era depravada um tom acima para ele. Mas, ah, ele sabe tratar uma mulher, sabe como fazer feliz essa cabeça complexa e povoada por impulsos estrogênicos.

No início, desacostumada que estava, até estranhei aquelas delicadas declarações de carinho e admiração. Fiquei preocupada, ora bolas, que mulher não ficaria?! Um homem que antes, durante e depois do amor me diz palavras doces... Talvez eu fosse pervertida demais para ouvir aquilo.

Mas logo percebi que, além das palavras doces, havia o abraço apertado. A boca que se entrega a mim e me toma, ao mesmo tempo. A delícia dos cheiros, todos eles. A ausência de premeditação, pois planejar o sexo é aniquilar o que ele poderia ter de melhor. E o desejo, de sentinela a qualquer hora da madrugada.

Deve haver mais e eu quero descobrir. Saber dos limites do outro requer atenção e cuidado. É temeroso e fascinante adentrar nesse território do outro. E cruzar esses limites com os meus, ainda sob investigação. Algo me diz que algos podem acontecer. E há idéias que me incendeiam, sempre.

Parafraseando os próprios: um cavalheiro na mesa e um puto na cama, é o que todos os homens deveriam ser.
Insônia lógica
A insônia, essa minha velha conhecida, veio me visitar hoje. E eu achando que isso era coisa do passado. Penso em datas, em exercícios de raciocínio lógico, em Recife, no almoço de amanhã, nas consequências do furacão Katrina. Releio blogs amigos, leio a Folha Em Cima da Hora, reviso meu último post. Ficou idiota, aquele post. Vontade de fazê-lo sumir. Aliás, é o que vou fazer com todos aqueles e-mails aos quais me referi no post idiota. Vontade de dar fim a este blog, também. Sempre acontece - medidas drásticas que nunca são levadas a cabo. Sempre que estou insone.

Recapitulando minha noite: assisti à novela América e tentei resolver exercícios de raciocínio lógico. Pausa para internet e/ou ocupei meu namorido [não é erro de digitação, é a mistura de 'namorado' com 'marido'] até as duas da manhã. Ele desaba de sono, se e somente se eu continuo elétrica. Ou ele dorme, ou eu durmo. Não durmo. Raciocínio lógico é tão... lógico. Insônia é tão... desesperadora. Se tudo o que eu disse é mentira, nada do que do que eu escrever abaixo será verdade. Se é madrugada, me é permitido enlouquecer assim. Ele dorme e eu enlouqueço. Tudo muito lógico.

Para anotar na agenda: nunca mais resolver exercícios de raciocínio lógico à noite, só pode ter sido aqueles pequenos diabos em forma de condições e verdade/mentira que me deixaram assim, desesperada. Essa não é uma medida drástica, logo, deverá ser levada a cabo. Não dormi, não enlouqueci e nem fiz o namorido sumir dentro do meu próprio furacão Katrina. Ocupei a internet até agora, mas desabei diante de tanta [falta de] lógica. Sinto-me idiota como os personagens da novela América. Nada que um bom almoço em Recife não resolva. Só mais uma medida drástica: vou dormir. Misturada ao namorido.
terça-feira, agosto 30, 2005
Lixo eletrônico
No afã de estudar para concurso público, minha atual fase, me deparei com um problema inusitado: sempre que preciso receber material por e-mail, percebo que minhas caixas [são pelo menos cinco contas diferentes] estão repletas de mensagens antigas.

Como tudo começou...
Pedi rescisão de um contrato no final do ano passado, quando fui aprovada em concurso público e, portanto, mudei de órgão. Diante disso, transferi dezenas de mensagens que considerava preliminarmente importantes, sem nenhuma espécie de filtro. Agora [ai, o meu apego às coisas passadas...], caixas de entradas e arquivos cheia de bugingangas eletrônicas, a maioria inúteis, simplesmente não sei por onde começar.

"Revirando a gaveta, de repente dei de cara com a saudade em minha frente..."
Como no samba de Jorge Aragão, os e-mails servem para reviver momentos legais de meu passado recente. Ou para sentir um pouco de raiva e arrependimento por outras coisas. Ou, pelo menos, para perceber como eu já fui patética algum dia. Fui?

Alguns lixos memoráveis...

1. Mensagem para ficante-namoradinho-primeira-paixonite-de-Brasília, depois de uma noite mal sucedida:
Obrigada pelas lindas mensagens. Fiquei realmente emocionada com as duas, apesar de já conhecer uma delas (outras vidas). Mas acho que a música tornou-a mais bonita ainda.
Sobre a sexta-feira, a única conclusão concreta a que cheguei é que fui precipitada em emitir opiniões naquele momento. Ainda não entendi o que aconteceu. Preciso harmonizar as idéias, principalmente comigo mesma. Acho que não houve erros, por isso não é necessário se desculpar.
Pra mim, o mais importante é entender o que aconteceu, pois mesmo sua explicação me pareceu muito nebulosa. Pra falar a verdade, fiquei um pouco mal no dia seguinte. Mas nada que uma boa caminhada no Parque da Cidade não resolvesse.
O acontecimento soou como um alerta para mim. Egoísta como estou agora, fiquei pensando sobre isso no contexto de meu modo de encarar e conduzir relacionamentos. O fato só serviu para que eu olhasse ainda mais para o meu próprio umbigo. E, repito, sem conclusões. Prefiro continuar ruminando sobre o assunto. Acho que vai me ensinar alguma coisa (embora ainda não saiba o quê).


Minha atual avaliação: eu não seria tão compreensiva com uma broxada, hoje em dia.

2. Depoimento de ficante-namoradinho-primeira-paixonite-de-Brasília, que me fez chorar quando li - enviado no dia exato em que fazia um ano que havíamos nos conhecido:
... estava quase terminando o meu curso de formação. Estava louco para voltar para casa, cansado de tanto isolamento e estudo. Alguns colegas de curso convidaram-me para o Flash Back. Quase ninguém foi, mas eu fui. Lá conheci uma moça de preto, atraente, misteriosa e com olhar assustado. Biomédica, R*****, com sotaque Recifense, você.
Com o tempo aprendi a ver na R***** alguém com quem contar, alguém com quem conversar, alguém com quem me divertir e passar bons momentos. Não sei se você pode dizer o mesmo, mas eu digo: foi muito bom tê-la conhecido. Lamento se fui sutil demais, ou sei lá o que... Já me desculpei...
Sou meio desligado para datas. Acho que você também é. Faz um ano que nos conhecemos?


Minha atual avaliação: é, fazia um ano, sim. Mas, a propósito: e daí??? Ah, e sem lágrimas.

3. Convite de ficante-namoradinho-primeira-paixonite-de-Brasília, após ter me comunicado docemente que estava NAMORANDO:
Boa viagem, então.
Parabéns pela mudança.
No seu retorno reserve um tempinho para mim. Gostaria de poder conversar com você, trocar idéias, tomar uma vodca, porque beber, ainda bebo.


Minha atual avaliação: ora, seu grande $%#@&**(&¨¨ !!!...

-----------------------------------

Com relação a ele, tem mais, muito mais. Guardei praticamente todas as mensagens que trocamos durante mais de um ano, e não foram poucas. Claro que foi importante, mas o que significa conservar tantas lembranças de algo que já sei fato consumado?

Além dele, há inúmeras mensagens de auto-ajuda, quando eu ainda tinha paciência para ler coisas do tipo. Mensagens que me fizeram rir, antes de perceber que elas circulam sazonalmente na net, já não têm graça nenhuma. Correspondências com amigos de Recife, mais frequentes no início da minha estadia em Brasília. Todas elas sofrem alto risco de destruição, falta apenas a coragem para dar o primeiro 'del'.

Mais, há algumas [muitas] de uma paixão recente - início, meio e fim -, ainda sem perspectiva de desaparecimento próximo ou distante. Troca de e-mails semi-pornográficos [hmmmmmm] com a minha paixonite virtual, o meu escritor favorito de contos eróticos, também sem chance de conhecer a lixeira. E-mails de pessoas desconhecidas que demonstraram algum interesse por mim na internet, podem servir para elevar a minha auto-estima, quando necessário. Mensagens de colegas, conhecidos, amigos, dentre outras espécies, que, por alguma razão, me comoveram.

Ah, o meu apego às coisas passadas...

Enquanto isso, descobri que o IG Mail apaga mensagens da caixa de entrada quando elas completam 60 dias, sem possibilidade de recuperação. Descobri por que uma mensagem que continha documentos que iriam subsidiar uma futura ação judicial simplesmente sumiu da minha caixa do IG.

Ah, se eu tivesse o mesmo apego a coisas realmente importantes...
sexta-feira, agosto 26, 2005
Estudando de banda
Estudar, estudar e estudar. Direito, administrativo e constitucional, com todas as suas nuances esquizofrênicas que eu custo a entender. Que jeito, que jeito?...

Enquanto estudava a Constituição Federal e blá-blá-blá, lembrei de um samba antigo que o Martinho da Vila cantava. Usa a palavra (o palavrão) "inconstitucionalissimamente" daquele jeito deliciosamente malandro. Mas esse conhecimento não será exigido na prova, eu acho. Mesmo assim, o samba não me saiu da cabeça hoje.

Andando de Banda
Rildo Hora/Sérgio Cabral - 1975
(...)
A dor do mundo me bate, rebate
E foi só em mim que ela achou de doer
Inconstitucionalissimamente
Você foi embora sem que nem porque
E me coloco andando de banda
Batendo uma bola
Pagando pra ver
Só você me daria a dica
Da vida, sem grilo
Pra me socorrer
Nega, quero dengo
Pra mim
Só você me daria a dica
Da vida sem grilo
Pra me socorrer
quinta-feira, agosto 25, 2005
Vida besta
Ela abriu o portão lentamente e olhou para os lados. A rua já estava calma, noite quente, lua crescente, enorme, parecia mesmo estar tão próxima... Circulando, apenas as putas que costumavam fazer ponto no local, tão assíduas que já nem chamavam a atenção. Poderiam ser parte da paisagem monótona da rua, não fossem a boca vermelha, os saltos agulha e as saias minúsculas que ofereciam pernas enormes. Ela sempre olhava com discreta curiosidade - as pernas delas pareciam aumentadas por algum tipo de reflexo que ela não conseguia identificar. Talvez o da lua crescente.

Enquanto caminhava, tentando disfarçar a discreta curiosidade, pensava em por que a vida tinha que ser tão simples. Bobagem, a vida nem é simples. A rotina simplória talvez despertasse esse desejo por emoções fortes. Mais pernas enormes, outras esquinas. Leu uma matéria em que a psicanalista afirmava com convicção que toda mulher tinha a fantasia de prostituição. Talvez isso explicasse a incontrolável e sutil curiosidade que sentia então.

Mas não era o sexo, nem a rotina simplória, nem as pesquisas científicas que não vêem um palmo diante do nariz. Era mais que isso, era uma vontade indecifrável, um querer impossível, talvez esperar tudo o que não lhe era dado. Tudo o que teimosamente tinha ficado para trás. E sabe lá o que haveria por vir?! O que havia além do desejo e qual era mesmo o ponto de interface entre a vontade e o sonho? Resta a vida, em movimentos incompreensíveis, risonhos e andarilhos. E via a si própria, em inúmeras cópias que ficaram pelo caminho. Ou nada, apenas um turbilhão de emoções desatinadas em noite quente de lua crescente. Haveria o namorado esperando, com toda a sua previsível simplicidade. No dia seguinte, haveria o trabalho e mais sorrisos inúteis e mais os contos que lia e mais os delírios que cultivava. Sempre no horário em que as moças de pernas enormes estivessem recolhidas, tudo tão diurnamente saudável e indiferente.

Àquela hora, na rua já quase na penumbra e andando apressadamente, ela sabia bem o que tinha que fazer. Entrou na farmácia, comprou o analgésico que faltava em casa - pequeno vício medicamentoso - e o guardou no bolso da saia, que nem era minúscula. E voltou para casa, pois, passado apenas aquele rápido instante, a lua nem parecia ter o mesmo reflexo. Pernas menores na volta para casa.
O Carapuceiro
Prometo que vou [tentar] parar com esse desejo compulsivo de postar links para outros sites. Mas o blog do jonalista pernambucano Xico Sá é das melhores coisas que li na internet nos últimos 32 anos. Primoroso. Pornografia, escracho, fragmentos, poemas e idéias. Impossível resistir à tentação de colar um de seus textos aqui:

DO CATECISMO DE DEVOÇÕES, INTIMIDADES & PORNOGRAFIAS
Existem várias maneiras de arruinar aquela grande noite. A noite dos sonhos, a noite do meu bem, como canta Dolores Duran. Uma delas, além da ansiedade que estala no corpo feito aqueles taxímetros dos fuscas de praça das antigas, é tentar reinventar a roda, digo, o sexo, como se fosse possível recriar o Kama Sutra.

Ao contrário do que supunha a lindeza do lirismo de Manuel Bandeira, as almas até podem se entender desde o primeiro flerte, os corpos não.

Não tente reinventar o Kama Sutra nas primeiras noites... A dramaturgia da cama não é para amadores. O sexo é uma coisa tão séria que só deveria ser feito pelos devassos, pelos afilhados do Marquês de Sade e pela madre superiora. Não é qualquer donzelo que resiste às firulas da alcova, a ginástica das pernas, à coreografia dos braços e ao bate-coxa propriamente dito.

A verdadeira e religiosa pornografia é a intimidade. Ai sim, quando atingimos esse nirvana, Bandeira volta a ter razão: podemos até dispensar as almas, pois os corpos já se entendem. Ai passa a valer o verso do pernambucano: “Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma”.

(Xico Sá, 10/08/2005)
quarta-feira, agosto 24, 2005
Segredos de liquidificador

O blog Post Secrets traz segredos inconfessáveis, em forma de cartões postais. Vale tanto pelas lindas imagens, como essa aí em cima, como pelas confissões anônimas, das mais bobinhas às mais cabeludas. Bom passatempo.

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A propósito do comentário acima, e a julgar por meus recentes posts, pode parecer que eu virei caçadora de sites. Mas não. Embora eu acesse internet todos os dias, passo cada vez menos tempo grudada na telinha. Estudar para concurso público é o meu novo vício. E namorar. E escrever aqui. E a novela América. E uva passa. Quase sempre exatamente nessa ordem. Vícios... Pelo menos nenhum desses [até onde sei] causa dependência química ou faz mal pro fígado. Tá bom, então.
Lava mágoas
Alceu Valença - Dominguinhos - 1982

Nessas tardes molhadas de agosto
Sinto a chuva lavando minha alma
Sinto o frio entrando pelos ossos
Como uma coisa um troço
Não sei explicar

Lavei as mágoas nos pingos da chuva
E aquela velha dúvida de te encontrar
Tô molhado como um passarinho
Perdi o ninho já nem sei voar
Eu tô molhado
Pingando chovendo
Chovendo pingando
Pingando tão só
Tô molhado
Chovendo doendo
Doendo sangrando
Sangrando de fazer dó
Tô chuviscando estou chovendo
Estou sofrendo de fazer dó
Chuviscando estou chovendo
Estou sofrendo tô causando dó

Mês de agosto é mês de chuva
Mês de agosto lava a alma
Mês de agosto é mês de chuva
Mês de agosto é mês de chuva
Mês de agosto lava a alma
A mágoa a mágoa
segunda-feira, agosto 22, 2005
Um giro pela net
Meu lugar no mundo gay
Finalmente, enquadrei-me no mundo gay. Descobri a sigla GDC: Gay de Cabeça, pessoa com comportamento gay, mas com preferência sexual hetero . Perfeito. GDC, na minha opinião, vai além do já conhecido 'simpatizante', objeto desse interessante artigo. Isso explica por que adoro sites gays, como o Mix Brasil, onde achei essa definição. Explica também músicas, cine, amigos, gírias e preferências gays, que são fato consumado para mim. O fato de que o Beirute [GLS] é um dos melhores bares de Brasília, para mim. E, de certa forma, dirime a dúvida que eu tinha sobre a minha própria orientação sexual, e aquela pergunta básica: será que eu seria? Agora eu sei - Gay de Cabeça, simpatizante, hetero sem paranóia nem preconceitos. Que moderno!

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Roteiro Nordeste
Descobri o site Freire's por acaso. Simples e surpreendente, é um dos melhores guias de viagens Nordeste que já encontrei na net. E traz uma descrição fidedigna de Recife e Olinda, com tudo o que há de melhor e não tão bom nas duas cidades, além de dicas sobre as melhores praias do litoral pernambucano. Assino embaixo, embora o Ricardo Freire, autor do site, em nenhum momento tenha pedido o meu aval. Eu dou mesmo assim. :)

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Injustiça!
A propósito de sites, onde estão os sites pornográficos para mulheres?! Digo, pensados e desenhados com o olhar feminino que, embora não necessariamente mais bem-comportado, é completamente diferente do olhar masculino. Impressionante como nessa vastidão que é a internet, ninguém tenha ainda se debruçado [hmmmmm...] sobre esse grave problema. Tá, tem o Cama Redonda, criado por uma mulher, com lindas fotos e contos maravilhosos. Mas, e o contrário? Será que nenhuma mulher costuma fotografar homens em situações quentes e poses provocadoras?! É verdade que existem os sites com muitas fotos de homens, mas a maioria é voltada para o público gay que, por sua vez, tem um outro olhar. Não podemos continuar sendo prejudicadas dessa forma. Fica aqui o meu [sedento] protesto!
quinta-feira, agosto 18, 2005
Aquela paixão e eu
Aquela paixão. Quando era quente, ardia, me queimava. Quando era fria, fazia doer os ossos. Era noite escura a maior parte do tempo, mas se chegava o dia, era luminosa e cheia de novas e desconhecidas, quase imperceptíveis, frestas de luz. Que eu via, e me ofuscavam, e me aqueciam, e sorriam para mim.

Aquela paixão confusa - volátil e perene, risonha e sisuda, doce e perversa. Aquela paixão me deixou desorientada, mas cheia de vitalidade. Perdida num mundo desconhecido, às vezes com vontade de mergulhar cegamente, como alucinada sem rumo. Como se não houvesse porvir.

Aquela paixão me despertou desejos, instintos, vontades estranhas. Mas também me fazia acreditar que seria uma história comum, bonita, real. Uma história que se estenderia sem que eu precisasse pensar no fim. Imersão total, sem direito a voltar ao mundo concreto. Flor do cerrado, cor e viço em meio à secura.

Aquela paixão foi atirada ao nada. Para que eu me embriagasse, chorasse litros, ficasse melancólica, desaprendesse a sorrir. Para que eu permanecesse sob o temporal, perdida quando achava que não havia mais nada a perder. Para que outras paixões viessem e parecessem insignificantes diante de tanta grandeza. Para que meu olhar se tornasse mais entediado, modificado, exigente, indiferente, atento. Para que outras paixões viessem, e me cativassem pela simplicidade.

Aquela paixão continua, como persiste em mim a visão do mar, mesmo que distante. Nem precisa morrer. É parte de mim e acomodou-se entre lembranças, sensações e livros que leio. Aquela paixão é [também] o que sou [agora].


Memória (Carlos Drummond de Andrade)

Amar o perdido

deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
terça-feira, agosto 16, 2005
Rodolfo, o Carro
Após mais de oito meses de pernadas, passos curtos, passadas rápidas, vans, ônibus velhos e muita revolta, Rodolfo, o querido terceiro marido Fiat Uno de minha vida, me espera, todo solícito, em frente ao prédio. Uma nova Brasília, que eu já conheci, começa a despontar.

Hoje, por exemplo, tem aniversário de uma amiga, mas sem namoradinho, por que é uma festa apenas para mulheres e seus amigos gays [ou potencialmente]. Vou fazer acepinga - batida de acerola, eu inventei o nome e ainda vou inventar a receita, daqui a pouco. Que o Santo Protetor dos Preparadores de Batida olhe por mim. A última que preparei, de cajá trazido de Recife, ficou um escândalo [ops] de tão deliciosa, mas infelizmente a preparação foi absolutamente empírica.

A propósito, não gosto dessa modalidade de festa restritiva. Uma cachacinha antes, e namoradinho depois, seria perfeito!... Humpf.

Sobre a foto do Correio Braziliense: trata-se de uma intensa e colorida mobilização realizada em Brasília, hoje. Creio que a multidão comemorava a compra do meu carro - Valeu, gente, amo vocês também.
segunda-feira, agosto 15, 2005
Chapada Imperial - a beleza difícil

Foram mais de cinco horas de caminhada. No início, terreno plano, uma subida para um mirante, cachoeiras e mais cachoeiras, a vegetação, as flores do cerrado, a transição entre diferentes matas. Beleza. Meus problemas começaram apenas quando o guia explicou que iria começar o trecho moderado-difícil da trilha.


As belezas da Chapada Imperial não são fáceis. Fazem charminho, escondem-se, dizem 'talvez'. É como se nos olhassem de lado, provocantes, e dissessem: 'vem me pegar'. E lá fomos, mochilas nas costas, entre pedras, matos e formiranhas [uma espécie de formiga que parece aranha, por isso eu lhe dei esse nome].

Ou eu sou urbana demais, ou sou insensível a ponto de não entender o prazer que há em superar os obstáculos da vida selvagem. Às vezes eu me sentia uma Tarzan ultrapassada, segurando em cipós e galhos para passar por pedras escorregadias, às vezes eu me sentia vencida pela natureza, descendo sentada - ou melhor, de bunda - pedras que têm inclinação quase vertical.

Durante o árduo caminho, eu via miragens constantes - asfalto no lugar das pedras minúsculas à beira do rio; elevadores no lugar das subidas íngremes; corrimões por toda a escadaria de pedras soltas e galhos quebradiços; o mar, a areia branquinha e plana e eu sentada tomando cerveja, no lugar daquele sofrimento voluntário.

Vai ver é isso. Fazer trilhas é uma forma de expiação, quase uma purificação total. Por isso o grupo estava tão feliz. Só deveriam ter me avisado antes. Aliás, quanto ao grupo, acho que a minha tchurma era outra. O grupo que veio depois de nós resolveu voltar na metade da trilha. Sim, esses eram meus pares. No final, eu estava tão cansada, que nem quis ver a Cachoeira da Rainha. A beleza não precisa ser tão difícil, na minha estafada opinião. Sem contar que a natureza às vezes é indócil. Os casos de morte e acidentes em cachoeiras e durante a prática dos chamados 'esportes de aventura', contados pelo guia, me deixaram ressabiada.

Na volta, almoço na fazenda, um copinho de cachaça, duas cervejas e fiquei um tempo deitada na rede, me refazendo, e olhando para o mico-leão dourado louco que vive no criadouro conservacionista de lá. Me diverti vendo como ele se fingia de meiguinho para pegar a mão das pessoas e em seguida, criada a intimidade suficiente, dar uma boa botada. "Huahuahauhuahua, eu faria o mesmo" - pensei, ainda levemente desequilibrada.

Claro que fiz várias 'sugestões' [nome delicado para reclamações] ao dono do lugar. Sobre a necessidade de explanação prévia sobre o grau de dificuldade, a elaboração de roteiros pré-definidos, de acordo com esses graus e os riscos à saúde, que precisam ser avaliados antes e individualmente. Escrevi tudo no livro de visitas, a pedido dele, e ainda ganhei uma pasta deliciosa de manga, para compensar os meus contratempos. Definitivamente, eu me saio melhor em chão firme.
sábado, agosto 13, 2005
Seleção Natural
Amanhã tem passeio na maior reserva natural particular do Distrito Federal, a Chapada Imperial. Eu, amigas e amigo de Recife. E daqui a duas semanas, faremos trilha em Itiquira.

De rata-de-praia a ecoturista-viciada-incurável. Darwin tinha razão, a capacidade de adaptação ao ambiente determina a sobrevivência do homem [e da mulher]. O cara sabia bem das coisas, ou então viveu um tempo em Brasília.
V.I.P. - Very Inteligente People
Ira! e Nando Reis na mesma noite, uma dessas festas fechadas de Brasília. Eu, duas amigas e um amigo de Recife que está hospedado aqui em casa fomos, sem saber que era uma dessas festas fechadas de Brasília. Não fosse meu amigo, que assumiu a condição de penetra com tanta honestidade e acabou comovendo a autoridadíssima que cuidava da entrada, Estela, certamente teríamos voltado para casa com o rabo entre as pernas. Primeiro ele disse que havíamos esquecido os ingressos na segunda gaveta da cômoda [ela nem ligou], depois que éramos da parte de Felipe [ela perguntou o sobrenome do amigo imaginário], em seguido que somos do Ministério da Saúde [ela não tem esse convênio na relação de "entrantes" da festa]. Por fim, ele simplesmente pediu humildemente para entrar. Meia hora de um pouco de humilhação depois, que ela não ia perder essa oportunidade nem nada, nós entramos, triunfantes. Os shows de graça na cidade são assim, à custa de sobrenomes, convênios, controle da entrada e ingresso só para Very Important People. Além de curtir os dois shows, foi ótimo transgredir a lógica excludente da cidade psicopata. Cara de pau e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Lindo, lindo, emocionante show. Os velhuscos maravilhosos do Ira! sabem mesmo a que vieram. O trabalho Acústico é dos melhores da série, mas no show dá pra perceber melhor que eles já não precisam provar nada pra ninguém.





O show de Nando Reis eu não posso comentar, pois descobri que sou mesmo apaixonada por ele. Que tesão me dá.






Putas shows. É por essas e outras que eu adoro-odeio esta cidade!
quinta-feira, agosto 11, 2005
Mulher(zinha)
Mulherzinha e mulher que nunca se entendem em mim.

A mulherzinha quer o amor sempre por perto, a mulher tem vontades estranhas.

A mulher fuma um cigarro sabor cravo enquanto bebe vodca, a mulherzinha passa mal no dia seguinte, jurando nunca mais beber daquela forma novamente.

A mulherzinha adora dormir abraçada, a mulher se sente sufocada com muita proteção.

A mulher olha maliciosa para tudo que a atrai, a mulherzinha se sente realizada com o que tem.

Entram em choque, às vezes deixam de se falar.

Então a mulher apenas dança uma música qualquer, a mulherzinha também. Ambas, juntas, mulher e mulherzinha, brincam de acertar os ponteiros com a vida. Ficam ansiosas. Olham para os lados, desconfiadas, e resolvem seguir apenas a intuição.

A mulherzinha se permite experimentar um pouco de tudo o que na vida lhe faz feliz, mas sem se tornar uma mulherzinha mártir. E a mulher apenas se deixa um pouco repousar no porto seguro do homem querido, amor esperado.

Num ponto qualquer do caminho, elas acabam se encontrando.
sexta-feira, agosto 05, 2005
Idiota interior
Assisti "Os Idiotas" na semana passada. No filme, um grupo de amigos que moram juntos resolvem 'praticar' idiotices e assumir esse comportamento de maneira voluntária. Isso provoca várias situações engraçadas e eles se divertem com o desconforto das pessoas, mas também se deparam com o preconceito, a mediocridade de suas próprias vidas e os papéis sociais pré-estabelecidos.

Mas identifiquei-me mesmo foi com a idéia de 'idiota interior', que deve ser assumido e cuidado, segundo os personagens. Foi quando eu me dei conta de que a minha idiota interior já é patente, apenas eu ainda não tinha o devido respeito por ela. Ela aparece com frequência, por exemplo, quando eu vou a um supermercado. Costumo parar, abobalhada, na frente das prateleiras, especialmente as de chás, por nenhuma razão especial. A troco de nada, fico com cara de retardada nessa hora, e posso passar muitos minutos nesse estado semi-vegetativo. A outra coisa é a mania de enrolar uma mecha de cabelo em espiral, dobrá-la inteirinha e... enfiar no ouvido. Idiota. Tem ainda as crises de riso - a última, quase interminável, foi em pleno treinamento do trabalho, num grupo de mais de 10 pessoas, lendo um texto sobre bioética. Eu até chorei de tanto gargalhar, sem motivo algum. Patético.

Há muitos outros momentos de justa manifestação de minha idiota interior. Mas o importante é que passei a respeitá-la, olhá-la com muito carinho e até invejá-la. Ela é muito mais feliz do que eu.
Água

É bom, é salutar, é até desejável beber as pessoas. Bebê-las por pura sede, mas sem a intenção de saciedade. As pessoas são finitas, intensas, todas tão diferentes, previsíveis, incompreensíveis.

Mas o que fica de mim em mim é o germe do desejo. Experimentar peles, bocas, dentes, olhos e línguas. Experimentar paisagens, terra, água, medo, mais línguas. Mas pessoas, como disse alguém, 'tarja preta' parecem insaciáveis. E a vontade passa do nada ao tremor, do tremor ao sexo, do sexo ao afeto, do afeto à selvageria, tudo isso sem sequer dizer a que veio.

Há um querer que se afirma de modo autônomo. Beber as pessoas exige coragem e imprudência. Os contos de fadas que li e os contos eróticos que amo misturam-se numa aquarela intraduzível. Beber as pessoas pede paciência e torpor.

Agora que eu tenho certeza que estamos caminhando juntos, imagino vamos equilibrar nossas marcações. Afinal, loucura/razão e paixão/zelo estão sempre à procura um do outro. O que também não significa um equilíbrio estático, mas de uma harmonia caótica, de um movimento suave-violento.

As pessoas 'tarja preta' têm sede.

[O desenho é de Arthur Luiz Piza]
quinta-feira, agosto 04, 2005
Breaking the Waves
Filmaço. Um daqueles pancadões, soco no estômago, deixa um nó na garganta. A história mistura, de forma perturbadora, paixão, fé, loucura e perversão. Os personagens são todos fortes, intrigantes e marcantes, mas a principal, Bess McNeill, consegue ser todas as mulheres.

Ah, é parte da mostra "O Cinema Navalha de Lars von Trier", que acontece esta semana, como parte da série 'raros bons programas de Brasília' [eu e essa minha má vontade com a cidade...]
segunda-feira, agosto 01, 2005
Quase macho
Procurar carro é coisa pra macho. Eu só queria saber o endereço da confraria onde os homens se reúnem todas as noites para criar termos técnicos desconhecidos e elaborar frases incompreensíveis sobre carros que fazem com que nós, desprovidas do cromossomo Y, nos sintamos inúteis.

Estou tentando comprar um carro [usado] e ouço coisas como rolamento e válvulas do motor, coifas, rebaixamento e sua relação com molas e outras pérolas do gênero. Nessas horas, faço cara de burra mesmo, assumo minha ignorância total no assunto e tento fazer com o que os problemas se tornem concretos para mim, perguntando coisas do tipo: isso interfere de que forma no carro? A peça é muito cara? Isso faz o carro parar de andar? Quanto tempo leva para consertar? Claro que, além disso, finjo compreender alguma coisa, tecendo comentários aparentemente inteligentes. E também é verdade que 10 anos de carros quase sempre problemáticos trouxeram alguma [parca] sabedoria.

Conto também com a inestimável ajuda do namorado, que vale mais pelo carinho e preocupação em ajudar a escolher meu novo carro velho. Por outro lado, me acostumei e até gosto de fazer esses 'serviços de macho' sozinha. O mecânico que está avaliando os carros para mim até confessou hoje que dá pra perceber que sou uma motorista experiente. Certamente ele vai levar o meu caso para ser debatido na confraria dos homens mais tarde. Às vezes sei ser quase macho.