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quarta-feira, junho 29, 2005
A História da Menina que Não Sabia Mais Namorar
Ela bem que fez o seu papel. No início, mostrou um certo ar de mulher-auto-suficiente-que-prefere-relações-fugazes-e-não-se-prende-a-ninguém. Foi quando ele falou em namorar com ela. Ahnnnn??? - ela esbravejou. Namorar?! Como assim?! Com quem você pensa que está lidando e... tá! Ela concordou.

Depois, seu comportamento instável que ninguém é obrigado a suportar, até por que às vezes nem ela mesma se suporta. Fica emburrada, se tranca na caverna e, em frente à telinha mágica do computador, ignora os seres humanos que tentam fazer contato. E ele apenas ficou ao lado, fazendo carinho e protegendo-a do frio, sem falar muito.

Aí ela desabou a chorar, por que estava muito carente e desacostumada a tanto carinho e desiludida com os homens e com uma puta saudade de casa. Ele esperou que ela chorasse todo o Rio Amazonas, novamente fez carinho e disse palavras ternas.

Pressentindo o risco, a menina passou a dar pequenos informes sobre o seu jeito incompreensível. Repetia como um mantra que 'eu sou muito complicada'. Complicada e perfeitinha - ele completou, e explicou que esse jeito meio doidinho (!) combina com ela (!), afinal de contas.

Depois ela passou a reclamar que estava se sentindo um pouco sufocada e reinvindicou que gostaria de fazer algumas coisas sozinha. Ele concordou e, com tranquilidade, sugeriu formas de ajustar relógios e calendários. A menina percebeu, assustada, que na verdade queria ele por perto a maior parte possível do tempo.

Entregou as armas e parou de se boicotar. Fechou os olhos e que seja. Dois desfechos possíveis [fracasso ou sucesso], com uma história [bonita ou feia] no meio do caminho - assim são os relacionamentos.

E foi assim que a menina que não sabia namorar se deu conta de que, tirando o medo do desconhecido, namorar é bom.
A música
Não Vale a Pena (Jean Garfunkel / Paulo Garfunkel)

Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar
Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente cá o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer

Que é uma pena...
terça-feira, junho 28, 2005
Batuta Musical
Sugestão de Gi, adorei a idéia...

Volume total de músicas no meu computador: minúsculo. Meu HD foi para as cucuias há pouco tempo e eu ainda não resgatei as músicas que tinha antes da Tragédia.

O último cd que comprei: Tribalistas, pela segunda vez, por que o primeiro eu emprestei e nunca mais recuperei, grrrrrrrrrrr...

A música tocando no momento: 'redescobrir', de Gonzaguinha, cantada por Elis Regina. Estou viciada nessa música.

Cinco músicas que ouço bastante, ou que significam muito para mim: tantas, e mais tantas. 'Roda viva', de Chico Buarque; 'ponteio acutilado', de Antonio Nóbrega; 'tema de Gabriela', de Tom Jobim; 'os passistas', de Caetano Veloso; 'vida boa', de Armandinho e Fausto Nilo; e 'certamente estou omitindo muitas'. :)

Cinco pessoas pra quem eu passo a Batuta Musical: apenas duas - Ricardo e Rita.

Update [by Gi]: música do momento - TODAS de Silvério Pessoa. Incansavelmente.
Galáxias e Bonitos
A viagem a Campo Grande até que começou bem. Para a leitura de bordo, escolhi O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams, uma ficção científica divertidíssima. Um trecho do livro, que transcrevo a seguir, já é um clássico para mim. Exatamente pelas mesmas razões, eu falo pouco, em geral. Ah sim, Ford é um extraterrestre que passou uns dias na Terra:

Uma das coisas que Ford Prefect jamais conseguiu entender em relação aos seres humanos era seu hábito de afirmar e repetir o óbvio mais óbvio, coisas do tipo "Está um belo dia", ou "Como você é alto", ou "Ah meu deus, você caiu num poço de 10 metros de profundidade, você está bem?". De início, Ford elaborou uma teoria para explicar esse estranho comportamento. Se os seres humanos não ficarem constantemente utilizando seus lábios - pensou ele - , eles grudam e não abrem mais. Após pensar e observar por alguns meses, abandonou essa teoria em favor de outra: se eles não ficarem constantemente exercitando seus lábios - pensou ele -, seus cérebros começam a funcionar. Depois de algum tempo, abandonou também esta teoria, por achá-la demasiadamente cínica, e concluiu que, na verdade, gostava muito dos seres humanos.

Depois do livro e trabalho de quatro dias, fui a Bonito - o nome da cidade diz tudo e qualquer adjetivo seria redundante e insuficiente. Grande parte das belas paisagens do lugar está nas mãos da iniciativa privada, o que torna qualquer passeio extremamente salgado. Em compensação, Bonito é uma cidade que tem uma organização voltada para o turismo que vi poucas vezes.

Foi ótimo me aventurar pela cidade. No sábado, uma trilha dentro de uma fazenda, mata ciliar cheia de bichos interessantes, árvores assassinas [uma espécie de Figueira que se alimenta de outras árvores], cachoeiras em formação, cachoeiras já formadas e maravilhosas, um rio de águas claras passando por tudo isso. Ignorei o fato de que uma das participantes do passeio vestia-se como mergulhadora profissional apenas para entrar nos riachos e cachoeiras: máscara, colete salva-vidas, snorkel, botas de mergulho, e o guia carregando tudo isso por uma bóia amarrada a uma corda. Ignorei até mesmo o fato de que essa pessoa era eu. Sim, em termos de natação, eu sou uma pedra que entra em pânico quando não sente o chão a seus pés. Mesmo assim, ainda me arrisquei num salto de tirolesa sobre o rio com três metros de profundidade. Delícia.

No domingo, a Gruta do Lago Azul, um passeio que, por si só, já valeria a viagem de mais de quatro horas até Bonito. A descida é de 100 metros, por uma escadaria de mais de 280 degraus. Tudo na gruta é gigantesco: as formações geológicas no teto e no chão, o lago imensamente azul por uma linda ilusão de ótica, de profundidade desconhecida, pedras enormes que reagem ao simples toque. Um lugar mágico, pacientemente construído pela natureza ao longo de milhões de anos, um ex-mar que emana uma energia totalmente especial. Fiquei encantada. Enquanto os outros conversavam ruidosamente com o guia, eu fiquei ali, sentada, pensado na lenta e intensa transformação daquele lugar, nos pequenos e valentes microcrustáceos - a única forma de vida encontrada no lago, em quando aquele lugar serviu à crueldade dos coronéis que atiravam escravos ali, nos troncos que foram levados pelos ventos para o fundo das águas e que certamente serão absorvidos pelo lago, enfim, no descompasso existente entre nós e a natureza selvagem. E olha que eu nem fumei nada por lá...

Na volta, chopinho em Campo Grande à noite e eu, de volta para a cidade psicopata, me despedi da cidade com casas cheias de telhados e pintadas com cores fortes.
quinta-feira, junho 23, 2005
Ai ai
Acho que gostaria de entender o tipo estranho de criatura que pára num cyber café de uma cidade estranha para escrever bobagens. Esse alguém sou eu, neste exato momento.

Hoje estou reclamona, ai ai, a eterna insatisfação humana... Pareço a amiga de uma amiga, uma figura que conheço só pelas histórias que me contam. Reza a lenda que Suzete reclamava nas situações mais aparentemente maravilhosas a ponto de, no centro de Paris, conhecendo aquele deslumbre que os pobres mortais - como eu - adorariam conhecer, deu um longo suspiro e exclamou: ai ai, Paris é suja!...

Pois então, estou bem Suzete hoje: primeiro, ai ai, o trabalho está um saco, passo a maior parte do tempo pensando em formas de cometer uma chacina coletiva [toda chacina não é coletiva?] contra todos [chacina não é sempre contra todos?] com quem estou trabalhando aqui. Inclusive a companheira de trabalho, que só pensa em comer, ai ai, mas chega de comida, eu só quero ficar em paz!

Depois minha garganta dói, ai ai, a cidade está fria como eu nunca vi, por isso nem estava preparada para o vento gelado. Nem consegui ir na Morada dos Baís, ai ai, a companheira fica esticando assuntos inúteis no trabalho e nós sempre chegamos no hotel quando a casa já fechou. Ontem fui arrumar minha unha aqui e a manicure tirou uma fatia do meu dedo [tá, foi só um pedacinho], ai ai, sangrou tanto e doeu por um bom tempo.

E pensar que hoje é São João [véspera], ai ai, a festa em Pernambuco deve estar a mil e eu volto para Brasília. Se bem que vou a Bonito amanhã, mas [ai ai] nem dá pra mergulhar nessa época, a água está muito gelada.

Por fim, ai ai, nem sei por que estou escrevendo aqui, ninguém comenta mais. A ponto de eu ter escrito a burrice sobre virar a minha cama a 360 graus, o que faria com que ela voltasse à mesma posição. Sempre fui péssima em Geometria, mas ai ai, as pessoas bem que poderiam me corrigir.

Agora vou voltar para o hotel, antes que os mosquitos que sobrevoam, famintos, as minhas pernas, cometam alguma loucura. Ai ai...
domingo, junho 19, 2005
Redescobrir - Gonzaguinha
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia

Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor, magia
Notícias
Notícia divertida do blog do colunista Ricardo Noblat:

Palhaços exigem respeito
Da coluna Painel da Folha de S. Paulo:
"A Associação Brasileira de Circo enviou a senadores e deputados um ofício no qual solicita que as palavras "circo", "palhaço" e "palhaçada" não sejam empregadas para se referir aos escândalos políticos em curso."

Em tempo: é um excelente blog, sempre cuidadosamente atualizado, de notícias enxutas e bem escritas. Quando eu crescer, quero escrever como o Noblat.

____________________________________

A boa notícia é que namoradinho conseguiu fazer com que minha cama voltasse para o lugar normal. Explico: num acesso agudo de burrice, eu aceitei a sugestão do motorista que fez a minha mudança quanto à posição da cama. Resultado: o espelho ficou virado para a rua e para a porta do quarto, numa disposição de fazer doer os olhos, mesmo os menos exigentes. Após várias reclamações de amigos, hóspedes e outros enxeridos, decidi que o melhor era fazer a cama girar a 180 graus, eu só não sabia como fazê-lo. Namoradinho desmontou e remontou [!] a cama em alguns minutos, ganhando automaticamente o status de meu herói!

Inventamos uma brincadeira para imitar os casaizinhos chatos que é engraçadíssima. Nesses momentos, nos chamamos de 'zinho' e 'zinha', reduções carinhosas de 'amorzinho' e 'amorzinha'. Adoro essas criancices.

____________________________________

A última novidade é que viajo amanhã. Vou a Campo Grande, a trabalho, e volto apenas no próximo sábado. Portanto, nada de posts esta semana, eu acho.

Já conheci a cidade sonsa em várias oportunidades, mas sempre gosto de estar lá. Dessa vez, eu vou tentar ficar no final de semana para conhecer Bonito, que não sou de ferro nem nada. Na volta, eu conto o que foi...
quinta-feira, junho 16, 2005
Mais Drummond, por que hoje eu preciso dele:
A um ausente - Carlos Drummond de Andrade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enloqueceu, enloquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Hoje
Hoje é um daqueles dias que deveriam ser ontem.

Hoje sinto minha cabeça pesar, uma leve enxaqueca, daquelas não declaradas, que nem agudizam a dor de viver, mas deixam os sentidos débeis. A luz me incomoda, os sons me incomodam, as pessoas me irritam, a vida me cansa.

Hoje sinto saudade, olho pra trás e conto dias e horas dos acontecimentos passados. Dia de saldo negativo, algumas coisas independem da minha vontade e persistência. E ter vontade e persistência cansa, por que sempre me atiro em busca dos resultados que às vezes fogem deliberadamente de mim.

Hoje sinto tristeza, quero estar em casa, quero me sentir cuidada. Não o cuidado sufocante ou infantilóide que, na verdade, não passa de simbiose entre dois seres irracionais. Apenas o carinho verdadeiro de quem deseja ver o outro como é, com todos os seus momentos de fraqueza, e mesmo assim tão querido. Tudo o que não tenho hoje.

Hoje meu olhar distante. Hoje meu desejo de sumir do mapa por algumas horas. Hoje meu corpo cansado. Hoje minha alma aborrecida.

Eu sempre menina desamparada revestida por uma mulher maravilha que parece não ouvir meus apelos. A menina parte para o ataque em forma de leve enxaqueca, pequeno desespero, incontrolável tristeza.

Talvez seja esse o gosto acre ao qual Drummond se refere em seu poema sobre a hora do cansaço:

A hora do cansaço
As coisas que amamos,

as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
quarta-feira, junho 15, 2005
Tesão é...
quando meu chefe cita alguma legislação [com número da lei e data] em alguma fala dele. Noooooooooossa, que delícia aquilo!

Loucura é...
sentir tesão se o chefe cita alguma legislação [com número da lei e data] quando está falando.
Não-conformidades em casa
- CDs que ouvi durante a semana empilhados sobre o rack

- Roupas que peguei na lavanderia em cima do sofá

- Lixo da cozinha com 112% de sua capacidade ocupada

- Bolsa do lado direito do monitor

- Copo de suco do lado esquerdo do monitor

- Par de sandálias perto da mesa do computador

- Pasta de trabalho discretamente acomodada no chão, atrás do sofá

- Lençóis de cama desarrumados

- E, sentada na frente do computador, aquela que jamais será uma dona de casa esmerada: EU.

PS: colocar tudo isso no lugar, mas apenas no sábado, é ponto de honra para mim!
I see dead people
Sim, eu vejo pessoas mortas. Não como as que o Cole via no filme Sexto Sentido, aquelas figuras horrendas [maquiagem impressionante!] e atormentadas. As pessoas mortas que vejo ainda não passaram dessa para uma melhor, apenas morreram na minha vida. Uns por simples e puro esgotamento, outros por opção, outros levados pelo tempo e outros, ainda, acharam coisa melhor para fazer. Uns de morte matada, outros de morte morrida. De uma hora pra outra, deixaram de fazer parte do meu convívio, da minha rotina, do meu alcance. Todos com suas histórias mal-resolvidas comigo, embora, ao contrário das almas penadas daquele filmaço, não pareçam preocupados em resolvê-las.

Entretanto, tais pessoas continuam em aparições que não consigo controlar. Todas as histórias mal-resolvidas vêm numa cascata de pensamentos desordenados, nas horas mais impróprias. Os fantasmas aparecem a qualquer hora, sem limites de tempo e espaço.

Um vem cobrando explicações, diz ter sido casado comigo durante sete anos, reclama do quanto fui injusta e cruel e, de quebra, ainda roga umas praguinhas básicas. Chamo esse de fantasma ex-marido e tento não responder às suas acusações, vencê-lo simplesmente pelo cansaço.

Outro chega se dizendo apaixonado por mim, mas insuportavelmente comprometido e agora desinteressante, tornou-se o fantasminha camarada que preenche a minha Declaração de IR todos os anos. Esse é o fantasma ex-namorado casado.

Me deparo com um fantasma de sotaque catarinense, me mandando e-mails incompreensíveis e ora fingindo indiferença, ora ressurgindo das cinzas. Complicado, esse fantasma ex-ficante de Brasília.

O pior deles me acompanha aonde quer que eu vá. Esse, que sumiu de minha vida por opção própria - suicídio?-, segue praticamente todos os meus passos. Sinto seu cheiro em alguns pontos, sua presença nos lugares por onde passamos juntos, ouço sua voz de homem falando em diferentes e inconfundíveis tons, percebo traços cada vez mais exíguos dele nos homens que conheço, pobres homens que não são ele. Fantasma que me atormenta, e olha que esse é um daqueles malvados. O fantasma paixão-louca é quase um objeto de estimação doentia que carrego comigo.

Olho para o fantasma que está à minha frente agora, ele sorri e diz que me quer muito. Carinhoso, faz todas as minhas vontades e se preocupa com o meu bem-estar. Costuma me velar enquanto durmo. Faz planos e me inclui neles. Comovida, tento encostar a pontinha de meus dedos no corpo astral à minha frente, e apenas a pontinha, pois tenho medo de fantasmas. Susto, há pele, carne e osso no fantasma! Digo, no não-fantasma. Quero dizer, o pré-fantasma que, por ora, se diz meu namorado. Até que algo fique mal-resolvido.
segunda-feira, junho 13, 2005
Guia para hóspedes incautos
Tenho hospedado com certa frequência alguns amigos, a maioria de Recife, que vêm a Brasília a trabalho. [Redundância, pois quem é que vem a Brasília por algum motivo que não seja trabalho?!] Adoro isso, pois além de aplacar a minha solidão na cidade, os amigos têm sempre novidades e histórias legais, eventualmente até me acompanhando nas tradicionais baladinhas. Alguns ajustes são sempre necessários, de forma que já posso criar o 'guia para meu hóspede':

- Hóspede, aqui em casa, dorme na cama, enquanto eu ocupo o sofá-cama. Todos protestam, pois a lógica deveria ser exatamente o inverso. Leva um tempo até eu explicar que essa troca é fundamental, pois sou viciada em internet e fico até de madrugada teclando ou, se não é isso, estou ao telefone por horas com alguém. Como meus dois objetos de desejo - computador e telefone - ficam na sala, então dali ninguém me tira!

- Hóspede, aqui em casa, come muito à noite. Tenho me deparado com hóspedes demasiadamente lights or diets, que invariavelmente reclamam da comilança à noite. Ora, além de eu chegar da academia de ginástica esfomeada como um leão, adoro comer muito e adoro mostrar meus dotes culinários, às vezes nem tão bem-dotados assim. As visitas não poderiam se furtar ao papel de cobaia de minha maravilhosa comida experimental, hohoho...

- Hóspede, aqui em casa, tem que me acordar. As madrugadas de internet e telefone têm como efeito colateral o sono de pedra que sinto pela manhã. Um bom hóspede tem que empreender algum [muito] esforço na tarefa de me trazer ao mundo dos vivos, pela manhã.

- Hóspede, aqui em casa, torna-se um confidente natural. Isso por que o peso da solidão na Capital acaba encontrando uma rota de fuga nos hóspedes, sempre tão disponíveis, com duas lindas orelhas prontas para ouvir minha ladainha saudade-de-Recife-que-solidão-aqui-e-ainda-os-amores-mal-resolvidos. Confesso, são ótimos terapeutas.

Mas a vida do hóspede aqui em casa não se resume a esses pequenos dissabores, não. Ouso dizer que meus hóspedes são felizes na temporária cama quentinha que eu preparo para eles. Não se importam em ter uma anfitriã assim meio doidinha, ou não viriam com tanta frequência, alguns até reincidentes.

Sim, os hóspedes daqui também são felizes...
domingo, junho 12, 2005
Dia dos Desnamorados
Como boa e incurável solteira, preparei as armas no Dia dos Desnamorados: vinho, almoço pernambucano, bons amigos igualmente solitários e... a vítima do Golpe do Bilhete, Antonio, pra quem leu o post. Diferente do que eu esperava, contrariando a minha expectativa de previsibilidade da cidade e do dia, hoje foi, o tempo inteiro, um momento especial.

Surpreendentemente, adorei a companhia de Antonio, o estar próximo, mesmo sem estarmos grudados como aqueles casais irritantes. Adorei ficar atenta a ele, servi-lo com vinho, conversar bobaginhas, apresentá-lo às amigas que ainda não o conheciam. A incerteza sempre toma conta de mim sempre que conheço alguém. No começo sou indiferente, fria, auto-suficiente, incrédula, um verdadeiro teste de paciência. Aos poucos começam os cálculos, a racionalização, as medidas, estimar a margem de erro. As lembranças maravilhosas e atormentadoras de histórias passadas, a falta de crença nas relações vindouras. Ficou quase impossível relacionar-se comigo de forma 'normal', nos últimos tempos. Para complicar ainda mais, me considero pervertida demais, um tanto irresponsável, mais inconsequente do que deveria, instável e inexplicável em alguns momentos.

O vinho e um cigarro especial durante o dia de hoje me ofertaram um lindo final de tarde. Continuo incrédula, ranzinza e um tanto pervertida, mas adorei receber um pedido de namoro. Nem sei se ainda se usa fazer esse tipo de convite [que eu adorei], mas o fato é que veio com uma certa nostalgia, uma certa ternura. E, bah, estou me lixando para o Dia dos Desnamorados, o pedido foi aceito!
quinta-feira, junho 09, 2005
Por quê eu passei a odiar o mês de junho
... é São João em Pernambuco, uma das festas que eu mais amo nessa vida, e eu tenho que assistir bêbados caindo de touros mecânicos e Barbies desfilando seus casacos nas festas de Brasília, nessa época.

... vem aí o temido, indesejado, nocivo, antipático e asqueroso Dia dos Namorados. Com ele, a contagem: é o terceiro ano em que não ganho presente. [não por acaso, o tempo de minha volta à vida de solteira]

... faz frio em Brasília.

... falta apenas metade de um ano para cumprir minhas determinações para o ano inteiro, acumuladas e adiadas durante seis meses.

... ainda faltam três parcelas do IPTU de um imóvel que não é meu.

... nunca consigo fazer uma daquelas simpatias de Santo Antonio.

... tenho que comer 'angu' chamado de 'canjica' nesse lugar estranho e não gosto de pamonha recheada, como fazem aqui.

... é aniversário de meu pai e eu tenho que me contentar em cumprimentá-lo por telefone.

... sempre recebo o e-mail convidando para a festa de São João do meu último local de trabalho em Recife, que tem a melhor quadrilha improvisada da Terra.

... em junho, só me resta resmungar para não enlouquecer.
Pirenópolis
Eu esperava um programa light, pelo que ouvia falar de Pirenópolis: artesanato bonito e caro, lugares legais no centro histórico, algumas belas cacheoiras nas redondezas. Não contava com o espírito eco-aventureiro-desvairado das minhas companheiras de viagem.

Assim, no primeiro dia, circuito tradicional de Piri [para os íntimos]: artesanato, culinária local, barzinhos descolados à noite.

No dia seguinte fomos primeiro conhecer a Reserva Particular do Patrimônio Natural Vaga fogo [maldosamente apelidada por mim de Pega-fogo], que tem uma pequena e encantadora trilha margeando o Rio Vagafogo. Depois de algumas dicas, resolvemos voltar a Brasília por um itinerário diferente: o Parque dos Pirineus que, além de cachoeiras, abriga o Pico dos Pirineus, um morro que é o ponto culminante do lugar, a mais de 1.300m de altitude.

Pois bem, lá fui eu numa subida de 400m de pedras enormes, em alguns pontos bastante inclinada, sendo que às vezes as cobras se adiantavam à nossa passagem. A recompensa: a vista fantástica dos demais morros e relevo do local e mais um lindo pôr-de-sol. Na descida, fugir de mais algumas cobras e continuar a estrada de barro no meio do cerrado até voltar à Brasília.

Quero guardar aquele pôr-do-sol no meu arquivo de paisagens inesquecíveis. E, as cobras que me perdoem, ainda quero fazer amor naquele lugar...
segunda-feira, junho 06, 2005
Sobre fofos...
Ah, vai, eu exagerei!...

O post anterior peca pelo excesso contra os porquinhos práticos, cíceros e heitores [vocês sabiam os nomes dos outros porquinhos, além do Prático?]. Foi injusto com a situação, comigo, com o porquinho envolvido. Foi um retrato de minha eventual amargura. Passou.

N.A.M.C. [Nota da Autora Mais Calma]: ele tem sido um fofo comigo. *suspiros*
sexta-feira, junho 03, 2005
Sobre porcos
E eu achando que o golpe do bilhete [alguém lembra dessa história?] tinha dado certo...

Pois bem, o destinatário do bilhete me manda e-mail perguntando se fui eu quem escrevi o tal recadinho. Confirmo o vexame. Daí por diante, passamos por algumas fases curiosas:
1) e-mails curtos com 'abraço' no final.
2) e-mails curtos com 'beijos' no final.
3) e-mails médios com 'beijo' ['beijo' é mais ousado que 'beijos'?] e indicação do telefone [dele] no final.
4) Telefonemas de curta duração.
5) Mensagens no celular até a madrugada.
6) Telefonemas de longa duração.
7) Telefonemas que varam a madrugada.

Não, nós não nos vimos. Ah, mas toda essa evolução aconteceu em apenas uma semana. Razoável.

N.A.R. [Nota da Autora Revoltada]: há uma justificativa para tudo que os porcos dos homens fazem. Um está confuso, outro não está preparado para um relacionamento, esse é meio louquinho mesmo, aquele ficou inseguro quanto à minha decisão. Danem-se!!!

Continuando...
Pois bem, esse prólogo todo e aqui estou eu, plena sexta-feira, fazendo faxina em casa, atividade denunciada pelo forte cheiro de água sanitária que meus poros exalam. Chegam as mensagens pelo celular:

O PORCO - Estou com falta de ar, caminhei mais do que o normal.
A BABACA AQUI - Mas está melhor?
O PORCO - Nada que umas geladas não resolvam...
A BABACA AQUI - Ah, isso com certeza!
O PORCO - Só falta você.
A BABACA AQUI - Falta nada! Eu tô aqui.
O PORCO - Eu sei.

N.A.R.: Grunnnnnnnnnnf! Que raiva! Esses porcos se acham!...

A BABACA AQUI - fica em silêncio, emite alguns grunhidos que não passam de xingamentos contra o porco e não manda mensagens.
O PORCO - Você está no meu check list de fds.
A BABACA AQUI, que nem é tão babaca assim - Acho que não. Recebi uma proposta irrecusável para ir a Pirenopólis com amigas.
O PORCO - Que pena para mim.

Ah, não é possível que alguém tenha tão pouca sorte com porcos como eu. Preciso investigar isso melhor: fazer psicoterapia, ir a um terreiro de macumba, fazer cirurgia para mudança de sexo, me internar num hospício, mudar de nome, ser mais ousada, ser mais recatada, parar de beber toda semana, ser mais delicadinha, ser mais direta, sei-lá-o-quê. Aceito sugestões de simpatia para Santo Antonio.

PS: Dois anos em Brasília e nunca fui a Pirenópolis. Será amanhã, mochila nas costas, amigas do lado e tênis nos pés. Depois eu conto como foi.
quarta-feira, junho 01, 2005
Notinha comentativa...
sobre os meus CDs, do post anterior, a pedido de uma pernambucana...

Na verdade, eu estava precisando atualizar minha coleção, já um tanto defasada após tanto tempo sem Recife.

Então, a relação de antigões básicos que não poderiam me faltar:

André Rio - Tributo a Luiz Gonzaga: eu A-M-O André Rio e qualquer coisa que ele grave. E o lindo, é claro, tem toda a autoridade necessária para cantar Luiz Gonzaga.
Marron Brasileiro - Arrea Lenha: o CD solo ao vivo de Marron que tem grandes sucessos do Versão Brasileira e mais algumas coisas legais pós-Versão, como a Czardas, um lindo brega instrumental.

Mestre Ambrósio - Fuá na Casa de Cabral: pasmem, eu ainda não tinha. Mas só tomei a decisão depois de assistir o show dos ambrósios no último Carnaval.

Cascabulho - É Caco de Vidro Puro: o primeiro CD da banda sem Silvério Pessoa, muuuuuuuuuito bom. 'Infaltável', maravilhoso, aliás, eu não sei como pude viver até hoje sem esse CD. Já ouvi milhões de vezes.

Mombojó - Nada de Novo: por que uma pessoa que [como eu] ouvia Mombojó apenas pela internet, não merece respeito nem consideração. Sem mais.

Querosene Jacaré - Você não Sabe da Missa um Terço: outro antigão, mas é uma referência fundamental.

Chico Science e Nação Zumbi: aquele duplo que tem um CD 'dia', com músicas do Nação já com Jorge du Peixe e o 'noite' com músicas cantadas por Chico remixadas. Bom demais.

Grupo Toadas de Pernambuco - Madeirada: uma turnê pelos ritmos pernambucanos com esse grupo de uma competência incrível. Para ouvir tentando não chorar muito.

Nós4: esse não é antigão. É uma banda nova que faz lindas regravações [releituras, como se diz modernamente]. Ótimo som e belos vocais. Na maioria das vezes, gostei mais da regravação deles do que da versão original. Bem eclético: as músicas vão de Flashdance a Anunciação, hehehehehe...

Mas novidade legal mesmo, e esse eu ainda não comprei, é o primeiro CD da banda Volver. Música fácil de ouvir, sem ser óbvia, letras simples, mas não bobas. Gostei demais. Lembrar de Renato e seus Blue Caps é inevitável e eu amo Renato, tudo explicado, então.

A batida do DJ Dolores é outro som muito massa que ouvi dessa vez. Música eletrônica com sotaque pernambucano, pra viajar...

Quase tudo na Oficina da Música, avenida Guararapes, não conheço outra loja com mais títulos pernambucanos difíceis de achar como essa. Talvez a Vivace, no Shopping Center Recife, mas nessa eu não tive tempo de ir.

Em tempo e ainda sobre ritmos pernambucanos:
Após quase um ano sem dançar forró, eu estava dançando com a flexibilidade e leveza de uma vassoura. O primeiro parceiro me perguntou, displicentemente: 'você não é daqui?' Ofensa pura! Eu precisava reverter aquele quadro vergonhoso.

Uma hora de forró depois, ouvi do quarto parceiro que eu sou 'uma grande forrozeira'. No que tem meu total apoio. :)