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Estado de Coisas

quarta-feira, abril 27, 2005
A dança e eu
Ela chegou sozinha, determinada, sem olhar para os lados. Arrumou de leve a blusa cinza que fazia conjunto com a saia na altura do joelho. Mais de 50, menos de 60. Cabelos curtos e bem arrumados, não parecia procurar por algum conhecido quando entrou na boate. Todos acompanhados, conversando sobre nada, bebendo rapidamente, fumando em pequenos grupos, e ela convicta e indubitavelmente só. Som alto, noite de 'flashback', ela ocupa uma das mesas, bebe uma água tônica e vai para a pista dançar.

No início, admirei sua coragem. Ela dançava como se nada nem ninguém ali tivesse a menor importância, como se a vida começasse e terminasse nas mãos do DJ. Movimentos leves, discretos, quase conservadores. Olhava para o nada, não sorria nem demonstrava algum tipo de inquietação. Era só ela, a música, a pista, o DJ.

Depois, comecei a imaginar que era eu ali dançando, mais de 50, menos de 60, sozinha na pista. E ali mesmo, na minha imaginação, vieram lembranças atordoadas de uma história construída entre acertos e tropeços. Os amores desperdiçados, os filhos que ganharam o mundo, projetos empreendidos, perdas, momentos de puro prazer, sorrisos e desafetos, o homem por quem esperei e a quem amei. Não sei onde ele estaria naquele momento, se já longe dessa vida ou nos braços de algum outro amor que não era o meu. E eu ali, dançando.

Comecei a sentir medo daquela pessoa à minha frente, subitamente transformada em mim mesma. Rejeitei aquela solidão, aquela tristeza misturada com alegria, aquela liberdade melancólica. Quis estar aconchegada, segura, acompanhada. Quis dançar apenas uma música antiga na sala de casa, quase penumbra, quase sonho, mãos entrelaçadas e rosto colado ao rosto do homem-grande-amor. Quis ouvir as histórias do meu filho, tê-lo sempre por perto e ver o crescimento do filho do meu filho. Quis estar em qualquer lugar, menos numa boate enfumaçada.

Saí de lá na alta madrugada, ela continuava dançando.