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Estado de Coisas

segunda-feira, setembro 26, 2011
Fim e começo
Acho digno decretar o fim deste queridíssimo blog. Tem sido muito difícil postar alguma coisa e, mais de cinco ano depois, já não me reconheço nele.

Pretendo começar um novo, aos poucos, pelas beiradas, falando mais das coisas que me representam hoje. Vejamos.

Aos que resistiram e ainda passam por aqui em busca de um sinal de vida, o novo endereço e título provisório:

Esticando Conversa


Hasta.



sexta-feira, julho 22, 2011
Trabalho
Depois de décadas trabalhando feito louca, cheguei à conclusão de que fui enganada. O trabalho não traz realização profissional. É engodo. O nosso suor só serve, nesse aso, para alimentar a grande máquina do mercado, do consumo, da vida lá fora. E realização é algo bem diferente disso.

Invejo os hippies que se afastam ao máximo do tal sistema. Impossível ficar fora dele, mas se excluir dessa engrenagem perversa de passar a vida produzindo não se sabe pra quem já é algo louvável. E como a engrenagem evoluiu pouco nesses séculos todos! A esmagadora maioria continua entrando e saindo da fábrica, ao som do apito imaginário.

Eu teria tantas coisas que me realizariam fora do mundo trabalho - viagens, tarô, idiomas, atividade física, meditação. Mas como a vida pede mais da gente que o simples prazer, exige obrigações, deixa eu ir lá trabalhar um pouco.

quarta-feira, julho 20, 2011
Eu estou bem
Eu estou bem. Estou bem de verdade. A minha vida tem feito os movimentos mais surpreendentemente corretos em suas evoluções quase incompreensíveis, doces, caóticas.

Eu estou bem, mas cansada do passado, que insiste em se fazer presente. Estou cansada das pessoas que fazem tudo errado no momento certo - o momento *delas* - pra depois passar o resto da vida se penitenciando pelo que não volta mais.

Eu estou bem e acho que as pessoas deveriam se penitenciar sozinhas por seus próprios erros (?), lacunas, arrependimentos ou sei lá o que. O que deu errado não tem mais nada a ver comigo. Minha vida é misteriosamente diferente a cada ciclo.

Eu estou bem e quero que as pessoas que passaram pela minha vida consigam encerrar seus próprios ciclos. Eu tenho feito esse exercício na minha vida e ganhei em troca um céu radiante. E olha que eu nem contemplo apenas, mergulhei de vez nesse céu.

Eu estou bem e quero que todos fiquem bem. E quero que pratiquem o desapego e vivam as suas vidas atuais, por que o que passou virou ferida, depois bagagem, depois lembrança e depois nem isso.

Eu estou bem e não acho que sou inesquecível. Mesmo assim, aos que não estão mais na minha vida, eu recomendo, sem mágoas, o esquecimento.
quarta-feira, julho 06, 2011
"Pra você, é Dona Pessoinha"
Eu sou noveleira nata. Adoro acompanhar novelas e poucas coisas me prendem tanto em frente à TV quanto um bom folhetim.

Mas concordo com quem falou no Twitter que Insensato Coração deveria se chamar Dona Norma. A personagem de Glória Pires roubou a cena, literalmente, tomou conta de todos os espaços e se tornou a única razão para acompanhar a novela das nove.

O momento é de deleite - a tão esperada vingança de Norma, quando ela aprisiona o seu algoz, Léo (o lindo Gabriel Braga Nunes), o homem que a seduziu, roubou, fugiu e ainda a fez cumprir pena de reclusão injustamente. Pode ser pior? Pode. Dizem os sites de fofocas que Léo enganará Norma mais uma vez. Então, qual é a lição de Norma para as mulheres?

"Pra você, é DONA NORMA!"

A Norma é uma vilã, mas é uma vilã diferente, uma malvada com uma boa justificativa, a redentora de todas as mulheres. O erro fatal que ela cometeu foi, em meio a emoções desordenadas (ui!), não ter percebido o óbvio: o Léo é um psicopata. E o único jeito de não ser afetada por um psicopata é se manter muito longe dele.

As vingancinhas que nós, mulheres, tramamos contra os homens são, no caso de um psicopata, café pequeno. Como dizemos no Nordeste, enquanto nós vamos com o milho, eles já estão de volta com a pamonha. Psicopatas têm mente ardilosa, raciocínio rápido e inteligência para o mal que jamais poderão ser alcançadas por um ser humano normal.
Leitura obrigatória sobre o tema

Mas, digamos que Léo não fosse um psicopata, o que muda tudo. Ainda assim, acho uma perda de tempo gastar tanta energia com um homem. É claro que dá gosto ver a Norma subjugar o Léo, agora rica, com visual repaginado e exigindo um respeitoso "dona" antes do nome. Muitos deles mereceriam, sim, estar no canil. Mas eu acho bem mais gostoso encontrar o sujeito por acaso e quero-ver-como-suporta-me-ver-tão-feliz. 



Eu adoro esquecer. E adoro saber que nem sempre sou facilmente esquecida. A Norma em mim considera que martelar na cabeça de alguém é muito mais gostoso do que mover céus e terra para prendê-lo num canil.


O cérebro deles pode ser o pior canil, hohoho...

terça-feira, abril 05, 2011
Sabedoria em gotas para mães corretas
Ser mãe, o que é? Esse ser, a mãe, quem é?

A figura sagrada da mãe foi sendo desconstruída pelas próprias mulheres ao longo da história. Mesmo o amor materno, essa quase que instituição da nossa sociedade, pode ser questionado. Nada é natural, tudo é conquistado ali, olho no olho. E as mães já podem largar a mochila pesada da culpa. Podem?


Poucas figuras resistem tanto ao tempo e ao debate quanto a mãe. Algumas parecem ter saído do túnel do tempo, de tão retrógradas. Outras usam a herança da psicanálise e erram a mão, criando pequenos monstrinhos. Ainda, a violência contra crianças é um horror que insiste em não nos abandonar.

Meu relacionamento com a minha mãe nunca foi um padecer completo, mas também nunca foi um paraíso total. Entre altos e baixos, construímos uma relação de respeito e carinho.

Entretanto, o tempo e o distanciamento físico vêm me mostrando a cara dessa relação que eu nunca quis ver. Tenho ficado cada vez mais impaciente com os sermões, as críticas, o pessimismo, a prepotência, a desatenção.

Pensando nisso, e em minha rebeldia retardatária, que tem aberto os meus olhos para todas essas imperfeições maternas, ouso criar um manual da mãe correta (esqueçamos a perfeita) ou de como simplesmente não encher muito o saco de um filho.

Cuidado é cuidado mesmo, e não controle. 

O amor é generoso e não espera retribuições constantes, apenas gentileza.
Diálogo implica em ouvir. Óbvio, mas pouco praticado.

É preciso estar bem e feliz para formar outro ser humano. 
Princípios são importantes. Mas é preciso que haja verdade neles.

Para dar um bom exemplo, não é preciso ser um poço de perfeição. Basta ser honesta.
Filho não é propriedade privada, nem réu, nem aluno, nem incapaz.

É preciso estar aberta para o aprendizado, mesmo que a autoridade ainda seja necessária.

Formar alguém é dar-lhe, antes de tudo, autonomia.

Um último e importante lembrete: filhos crescem.
quinta-feira, março 31, 2011
Coisas passadas
Andei revirando coisas passadas, achei que me serviriam para predizer o futuro.

Pensei, organizei, medi e refleti. As coisas passadas, aquelas que eu não posso mais mudar, continuam tentando me ensinar tudo o que eu (ainda) não sei.

Ao final da aula das coisas passadas, eu estava cansada e continuava sem saídas. As coisas passadas não tinham nada de novo para me ensinar, nem me mostravam novos caminhos.

Abandonei as coisas passadas e segui feliz em busca do que está por vir. O lixo lá fora comporta melhor as coisas passadas.
terça-feira, março 29, 2011
Conselhos
Conselhos, conselhos... as pessoas estão sempre cheias deles. Há conselheiros para todos os assuntos de nossas vidas: amor, trabalho, família, e, minhanossa,  até finanças.

No início, é fácil me impressionar com dicas e conselhos. Sim, eu sou impressionável. E eu tenho a permanente sensação de que há coisas que eu não sei sobre qualquer assunto - uns chamam isso de humildade, eu chamo de insegurança.

Mas a um exame mais cuidadoso, dá vontade de perguntar ei-quem-é-você-para-me-aconselhar-sobre-isso? Por que as mesmas pessoas que aconselham, mais das vezes estão afundadas em problemas de mesmo ou maior quilate.

Eu sei, "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço."

Que nada, cara pálida. Faça o que disse antes de me dizer o que fazer.

Se conselho fosse bom, o mundo seria até chato de tão perfeito.
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
Pressa e perfeição
Algumas pessoas desenvolveram a habilidade de fazer o tempo parar. Isso é bom, isso é ruim.

Fazer o tempo parar é ruim quando a pessoa se deixa ficar em lembranças tristes, em páginas viradas, em filmes que já foram vistos. Por medo, por preguiça ou por egoísmo, querem manter intocáveis situações que já mudaram sem que ela percebesse. A vida dançando na rua e alguém resmungando atrás da porta. O tempo parou, mas o relógio segue a sua contagem interminável. Dessas pessoas, eu exijo distância regulamentar.

Mas fazer o tempo parar também pode ser a capacidade de fazer pausas, pequenas ou grandes, na correria do tempo. É o filho que nasceu, é o projeto dos sonhos, é fazer um trabalho manual. Contra a pressa de um mundo que quer produzir incessantemente, calmaria. Contra a agonia de querer fazer tudo ao mesmo tempo, tranquilidade. O tempo também pede pausas, ora!

Tenho convivido com pessoas que parecem ter congelado o tempo em suas vidas. Para elas, a vida passa em outro ritmo. São mulheres que não trabalham, são donas de casa que cuidam dos filhos, são pessoas que pararam de estudar bem cedo. Parecem vindas de um túnel do tempo, ou parece que eu vim do futuro direto para a vizinhança.

Sobraram algumas breves reflexões:



Não é fácil explicar a elas o meu ritmo de vida e às vezes eu me dou conta de que realmente não há justificatica concreta para tanta pressa - a ansiedade e os projetos são só meus.

O exercício da tolerância - esse tão raro - me fez querer compreender esse outro ritmo, de cuidar e cozinhar, sem se angustiar com grandes planos.

Por outro lado, percebo que a minha vida frenéticas as tem intrigado, uma curiosidade assustada que às vezes parece querer seguir meus passos.
Talvez fiquemos sempre assim - eu, na minha pressa de tudo e elas nessa calmaria institucionalizada. Eu quero um pouco do mundo delas, mas não abro mão do meu, que ofereço a elas de volta.

Produção e ócio, passos largos e passinhos miúdos, relógio e bracelete - o encontro de ritmos aparentemente inconciliáveis pode, quem sabe, imprimir o tempo certo das coisas.
quarta-feira, janeiro 05, 2011
Sobre gatas e dilemas
Eu tenho quatro gatas há quatro anos. Adoro todas elas. Foram aparecendo na minha vida de diferentes maneiras e se tornaram parte dela da forma incisiva e sutil que só os gatos têm. Mudei de apartamento em Recife, foram comigo. O condomínio não permitia animais, mas elas viveram lá e passaram incólumes, sob a vista grossa da síndica e vizinhos do lado. Vim para Brasília, vieram comigo. Foram minha única companhia durante algum tempo. 

Sou favorável à idéia de posse responsável e levei isso até as últimas consequências com as minhas gatas. Elas nunca ganharam à rua e só saíam comigo para ir ao veterinário. Notei que as saídas faziam com que elas ficassem sempre estressadas, nervosas e assustadas. Morei sempre em apartamentos com tela em todas as janelas, de forma que elas nunca tivessem acesso à rua, com todos os perigos que lá existem, e assim tem sido.

Ter gatos é uma delícia, mas também tem suas agruras. Além dos pêlos que se multiplicam e da limpeza diária da caixinha (no caso, caixinhas) de areia, as boas rações costumam ser caras. Mas, na minha experiência, nenhum desses itens se compara à dificuldade de lidar com a destruição que esses elegantes animais são capazes de provocar no ambiente doméstico. Sim, gatos são vândalos.

O rastro de destruição das minhas passa por pequenos e grandes objetos de artesanato, segue pelos imãs de geladeira e chegou até o meu sofá semi-novo. Sim, quase novo, apesar do estado dos braços...

A foto está tremida, mas dá uma idéia do estrago...

A gente tenta disciplinar, oferecer brinquedinhos e espaço, entender que gatos são assim mesmo etc. Mas, confesso que fraquejei quando elas quebraram duas vezes seguidas o tampo de vidro de minha mesa (bem caro) e mais... uma garrafa de saquê vinda do Japão, um presente especial que eu vinha reservando para uma ocasião igualmente especial. Cheguei a pensar que talvez isso me ensinasse a não guardar coisas boas para momentos futuros, mas não consegui não lamentar a perda.

Junte-se a isso tudo o fato de que eu conheci uma gata no Rio, na pousada onde fiquei, que pertence ao dono, que mora lá. Vive solta, a casa não tem proteção, em princípio fiquei meio preocupada com a situação dela. Mas com o passar dos dias, vi que ela vinha todos os dias, à noite ou mesmo durante o dia, tranquila, educada e belíssima. Nenhum sinal de destruição pela casa. O dono me contou que ela costuma caçar pequenos animais e oferecê-los de presente, inclusive um... morcego. Posso garantir que ela não parecia machucada nem mal cuidada.



Tudo isso vem em fazendo questionar se a idéia de posse responsável se aplica integralmente a todos os gatos. Claro que não dispensaria cuidados e proteção, mas... mantê-las presas em casa é mesmo a melhor solução? Ou o meu egoísmo está me induzindo à essa decisão, que interessa mais a mim (e aos meus móveis) do que a elas?

Taí um ótimo dilema para o meu Ano Novo.
domingo, janeiro 02, 2011
Malandro é malandro, mané é mané...
Eu adoro o Rio de Janeiro. Mesmo. A cidade, a beleza incrível, o jeitão descontraído, o samba. Mas eu só conhecia o Rio em viagens curtas ou a trabalho, não tive nenhuma experiência de cotidiano na cidade. Dessa vez, resolvi passar o reveillon em Copacabana, sonho mais de meu filho que meu, e passar mais de uma semana na cidade, para aproveitar a folga do final de ano.

Foi aí que eu conheci o lado obscuro da cidade. A malandragem, esse símbolo do lugar, entranhada na vida das pessoas do lugar. Essa imagem do bom malandro, de chapéu panamá e sapatos brancos, divertido e esperto, se safando das agruras da vida - isso eu apaguei do meu imaginário. A malandragem no Rio é nociva, degradante, triste. Divide as pessoas em dois grupos inconciliáveis: os "malandros" e os "manés".

A malandragem começa na falta de confiança nas relações comerciais, todo mundo desconfiando de todo mundo, até na hora do pagamento de um copo de suco que se vai beber. Continua nos pequenos furtos e preços acima do real. É a canga que, em questão de meia hora, passa de 10 a 20 reais no dia do show de Roberto Carlos. Foi só meia hora. E os vendedores ficam irredutíveis. É o táxi que cobra deliberadamente 40 reais por um trajeto de 8 reais, de Copacabana à Lagoa Rodrigo de Freitas. É o mal estar, a insegurança generalizada, o passar a perna no outro, a Lei de Gerson absoluta.

Eu fiquei triste por essa cidade linda, que eu amo. Ninguém ganha nada com tanta malandragem. E me dei conta de que a chamada guerra do Rio vai muito além do tráfico. É a guerra contra a guerra do povo contra si mesmo. É a guerra em busca de mais solidariedade e menos esperteza. É a guerra por um pouco de gentileza, como num dos ícones da cidade.



 
domingo, setembro 05, 2010
A história da tatuagem
O comentário do Ricardo nesse post me fez perceber que eu nem expliquei o motivo da minha primeira tatuagem, uma tornozeleira de flores do cerrado.

A tatuagem é uma referência à minha volta para Brasília em 2008 (pensava em fazer há dois anos, portanto), quando eu escolhi a cidade em vez de ser escolhida por ela, como foi em 2002. É a declaração de um amor confuso a esta cidade que me acolheu, me fez progredir, me ensinou a viver só, me fez gostar da liberdade.

Flores, por que são femininas e doces. Mas do Cerrado, fortes e resistentes às condições inóspitas aqui do Planalto Central - baixa umidade e fogo. Tenho quatro ipês tatuados, das árvores que deixam a cidade colorida nos dias secos e frios.



A flor do Ipê Amarelo é um símbolo nacional, segundo uma lei de 1978. Então, a tatuagem tem muito do sentimento de patriotismo que eu não nego - da música às festas e ao futebol, sinto-me completamente brasileira. Outras três flores do cerrado estão tatuadas no meu tornozelo, entre elas a flor do pequi.

 [Poema de Nicolas Behr]

E no tornozelo, por que eu adoro essa parte do meu corpo (!) e sempre amei usar tornozeleiras, pra mim tem um quê de sensualidade e subversão. E agora tenho a minha própria tornozeleira, marcada dentro de minha pele.
Já tenho a imagem para a próxima tatuagem, essa será mais fácil de entender... =)

E não, eu não faria nenhuma homenagem apaixonada, por mais perdida de amor que estivesse. Sou racional demais pra isso.


terça-feira, agosto 31, 2010
Manual para aniversários em Brasília
Para quem está chegando, para quem vive há pouco tempo e para quem não conhece Brasília, um pequeno guia sobre as festas de aniversário, um capítulo à parte na estranha vida da cidade psicopata. Quem mora aqui certamente precisará frequentar algumas festas por ano e provavelmente terá a impressão de que o número delas é bastante superior ao número de amigos. Então, vejamos o que acontece.

1. Realmente, o aniversariante não é necessariamente um amigo. As pessoas aqui provavelmente vão te desprezar durante a maior parte do tempo e não atenderão a eventuais solicitações por algum programa social, por mais casual que seja - cinema, teatro, show. Não, elas não fazem questão de sua companhia, solidariedade ou amizade. Aliás, elas estão se lixando para você. Mas não estranhe se elas gentilmente te convidarem para o aniversário delas - como veremos, faz parte do show.



2. O aniversário será em algum bar ou restaurante badalado da cidade. Ela vai te ligar ou enviar e-mail com data, hora e local. Os mais criativos mandam até folder colorido e engraçadinho sobre a festa. Você sorrirá, esperançoso, tentando visualizar alguma espécie de vínculo afetivo naquele convite. Não se engane, você é apenas um número. Aceite e confirme, você está em Brasília e tem que cumprir o ritual, sob pena de ser considerado anti-social ou estranho.



3. A festa começou em algum bar ou restaurante badalado da cidade. Identifique uma mesa enorme reservada nalgum canto do local - é onde está a festa. O aniversariante já terá chegado e estará sentado no topo da mesa, sorridente e eufórico. Vá até ele (ou ela), entregue o presente (o que?! você não comprou, seu inútil?!), dê dois beijinhos e diga alguma coisa gentil. Recolha-se à sua insignificância e procure o seu lugar no mesão.



4. Eu aconselho usar a fantasia morto-carregando-o-vivo. Eu explico. Leve alguém com você, mesmo que a pessoa nunca tenha visto o aniversariante mais gordo. E alguém bem animado, se for possível, daquele tipo que fica amigo de infância de qualquer pessoa que conhece. Não tem problema se esse comportamento for parte de algum transtorno emocional grave. Ele vai  ajudar você a se fingir de morto e enfrentar a parte mais dura da festa, que começa agora.


5. O mesão vai sendo preenchido por gente que você nunca viu na vida e que não faz questão nenhuma de olhar para a tua cara feia. Conforme-se. Estarão presentes muitas patricinhas, carinhas fortões, alguns gays (especialmente se é aniversário de mulher), pessoas de mais idade (das quais o aniversariante só identificará a mãe ou o pai), uma amiga escandalosa que fala e ri alto, um amigo que bebe todas, uma mulher que se embriaga (e que pode ser a mesma escandalosa). As pessoas conversarão em grupos de dois ou no máximo três. Não tente se aproximar dos grupos, são espécies de clãs invioláveis e você não está ali para provocar uma guerra entre tribos, não é mesmo?



6. Coisas vão aparecendo no mesão - petiscos que ninguém sabe quem pediu, bebidas e drinques exóticos. A essa altura, todos falam alto. Apegue-se ao vivo que você trouxe e não deixe que nenhum clã se apodere dele - é a salvação para a sua falta de assunto e baixa popularidade no mesão. Beba. Beba bastante. Anime-se, uma hora essa festa vai ter que acabar. É a hora do bolo.



7. A amiga escandalosa traz o bolo, todos cantam, as pessoas em outras mesas fingem animação, é o auge da festa. E é a senha para as pessoas começarem a ir embora. Quem ficar por último é mulher do padre e ainda pagará a conta dos outros. Mexa-se. Conta parcial de cu é rola. Não discuta o que bebeu ou comeu, é horrível. Pague a sua parte, faça com que o vivo pague a dele e cumprimente o aniversariante. Ligue o foda-se e peça para levar um pedaço do bolo, pode servir pra lanchar mais tarde. E afinal, você merece. Sorria para o mesão e dê um tchau geral. O mesão vai te olhar com desprezo, mas mantenha a cabeça erguida e saiba - outros aniversários virão.