Chegou convite para um evento. Coisa chique, inauguração de uma grande embarcação. Coisa chique, cerimônia de batismo do naviozão seguida de jantar dançante num puta hotel aqui de Recife.
Para o jantar, avisava o e-mail, traje social completo. Como eu não entendo nada além da expressão 'trajes de banho sumários', aqueles que usamos para escandalizar na praia, fui pesquisar o que eu deveria usar para o batismo do monstrengo. Claro, sempre ele, o Gúgo.
Encontrei coisas estranhas e difíceis de imaginar numa roupa que eu pudesse usar:
Significa roupa de festa — "festa" e não baile.
-> Mas baile também não é uma festa?
Formal e sofisticado, permite às mulheres usar roupas com tecidos mais nobres, como sedas, veludo e brocados, mas com discrição.
-> Onde encontrar um veludo discreto? E o que diabos é brocado?
Brilhos, bordados e decotes podem ser usados, dependendo da ocasião e desde que com parcimônia e bom gosto.
-> Bah, decote parcimonioso nem é decote!
Desisti e procurei um texto que fosse mais claro. Olha o que encontro:
Jantares, óperas e grandes comemorações pedem um traje mais formal. Se arrumar de maneira mais caprichada – e bem diferente do que você costuma no dia-a-dia – é uma maneira de prestigiar o evento e transformá-lo numa ocasião verdadeiramente especial.
-> Ahnnnn... sim!
Para as mulheres, vestidos da altura dos joelhos para baixo – vale o midi; o mimolet e o longo.
-> Mimo o que?
Qualquer que seja o comprimento ele deve exibir um tecido nobre – liso ou levemente bordado. Caso o vestido seja liso, invista em jóias ou bijuterias vistosas; caso ele seja muito brilhante ou bordado, prefira complementos mais discretos. Nos pés, sandálias ou sapatos (escarpins ou chanel) de saltos altos. Valorize a produção com cabelo e maquiagem bem-feitos.
-> Ainnnn, repete a parte do bordado?
E pra complicar um pouco mais, a palavra da papisa da etiqueta muderna, Glória Kalil:
O fundamental é identificar o tipo de rito, o que é valorizado naquela situação. Suponha que o convite peça traje social completo e você decida ir de jeans. Se está convencida disso, tudo bem. Porém, se vestiu a roupa errada porque não entendeu o convite ou não prestou muita atenção nele, vai se sentir a última das criaturas e acabar perdendo a noite. A segurança aumenta à medida que você vai dominando as normas. Até para desobedecê-las, se preferir.
Não precisa dizer que já me senti a última das criaturas só de ler tantas regras incompreensíveis. Imaginei dois cenários possíveis: eu de veludo, seda e tafetá, como uma árvore de Natal, e todas as outras de jeans, segundo a nova etiqueta, em que é possível quebrar tabus; ou eu de jeans, querendo ser modernosa, e todas as outras com os tais tecidos nobres, horrorizadas com a minha plebéia presença.
Na dúvida, preferi preparar minha roupa para o show de amanhã, Alexandre Seixas, cover de Raul, numa boate em Olinda. Não levo jeito pra madrinha de navio.
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