Quando eu era criança, tinha saudade do futuro. Era louca pra crescer logo, fazer minhas coisas e talz, por que aquele lance de ter que pedir permissão pra tudo era muito chato, eu pensava.
Adolescente, sentia saudade da pouca responsabilidade dos tempos de criança, por que a idéia de prestar vestibular começou a se tornar um mosntro que me perseguia desde muito cedo.
Casada, tive saudade dos tempos de solteira, período de libertação e de festas que não tinham hora pra acabar. Foi quando eu descobri que meu mundo estava completo apenas à noite.
Separada, senti saudade dos tempos de casada, das facilidades da vida de casal e dos pequenos detalhes da rotina que tornavam a vida, embora monótona, suportável.
Fui morar em Brasília e cultivei uma saudade louca de minha cidade. Saudade não, banzo. Que se tornou aflição. Que quase virou amargura.
Hoje, de volta a Recife, ao lado de um companheiro que me suplementa, vivendo boas farras [sem a sofreguidão de antes], vida profissional estável e com pouco a lembrar do que foi melhor antes, eu deixei de sentir saudade. Mas é estranho, por que parece que é preciso sentir ao menos uma boa saudade para deixar um certo vazio, necessário para manter nossos pés no chão.
Sinto saudade de sentir saudade.
*depois de escrever este post, a autora voltou a sentir saudade: de algumas cidades, de momentos fugazes, do bar Beirute, em Brasília e da professora de ginástica localizada da 715 sul. :)Marcadores: Flores apaixonadas
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