Estado de Coisas
Depenada
E tem a depiladora que arranca quase todos os seus pêlos, sem que você tenha pedido/imaginado/autorizado, e deixa aquela sensação de vazio que não pode ser preenchido antes de duas semanas. Foi hoje à tarde, em mais uma experimentação na tentativa de me readequar, depois de três felizes anos com Solange, a minha discreta, econômica e eficiente depiladora em Brasília. Eu disse "só o necessário para usar biquíni", mas ela deve ter entendido algo como "suma com qualquer pêlo, virei nudista e não pretendo mais usar biquíni."
A verdade é que eu detesto todas essas intervenções em nome da estética, falsa higiene ou sei lá o que. Passo meses sem mexer nas sobrancelhas e, quando é preciso mesmo fazê-lo, aponto, um a um, os pêlos que podem ser arrancados. Unhas, prefiro não fazer, mas se faço, não gosto que tirem fora as minhas cutículas, oras bolas, existem razões naturais para que elas estejam ali. E os pêlos, ah, os pêlos... inacreditável que a gente tenha que passar por sessões de tortura para arrancar estruturas inofensivas e úteis que a natureza colocou onde bem quis. Sorte minha não ter pêlos nas pernas, conto isso como um desespero a menos.
Se você é depiladora e está lendo isso: por favor, nunca arranque pêlos além da linha imaginária do biquíni mais ou menos bem comportado que a maioria das mulheres costuma usar. Você deixará uma mulher sentindo-se fraca, desprotegida e desorientada.
Num mundo perfeito, todos seriam peludos, unhudos e cabeludos.
Nem Parece - Mombojó
música e letra - felipe s & vicente machadonem parece que foi ontem que o acontecido aconteceu
nem parece que o esperado num instante desapareceu
nem parece que foi lá
nem me parecia ser um lar
mas por favor não me faça perder meu tempo
a cada hora e a cada momento
que eu desperdiço com você
não sei se no fim tudo vai voltar
nem parece que o que aconteceu repercutiu demais pra mim
nem parece que minhas lágrimas tiveram fim
nem parece que eu chorei
nem parece que eu quis chorar
em MP3
O Que Nós Queremos Deles
Mas, afinal, o que querem as mulheres de um homem? Em primeiro lugar, que ele nos ame muito; muito, mas não exageradamente. Que nos entenda, que nos ouça sempre com muita atenção, mesmo que não esteja muito interessado no que estamos falando (mas fingindo estar). Não, ele não precisa trazer flores; mas deve estar sempre nos procurando, fazendo um carinho no nosso ombro, pousando (apenas pousando) a mão na nossa coxa por debaixo da mesa ou quando estiver dirigindo o carro, coisa de quem se sabe dono absoluto do nosso coração (e do nosso corpo); só faz isso um homem seguro, que é o que todas queremos. Por outro lado, é preciso que ele nos solicite muito, pergunte que gravata deve usar. se gostamos da água-de-colônia nova, que carro deve comprar, mesmo que acabe fazendo o que quer, sem dar a mínima para nossa opinião. Mas também é preciso que às vezes fique quieto, calado, para nos deixar bem inquietas, imaginando no que será que ele está pensando. Mulher não pode se sentir nem muito segura nem muito insegura: tem que ser no ponto certo. O ponto certo, essa é a questão. Para isso é preciso sensibilidade, coisa fundamental no homem que se ama. Sensibilidade para sentir quando estamos precisando de um carinho, de um amasso ou de ficar em silêncio. E ser capaz de, na hora de uma briga, dizer “vem cá, sua boba”, e a gente se aninhar nos braços dele esquecendo de tudo que estava falando. Ah, como é bom um homem assim.
(...)
A hora de ir para a cama é muito importante: mesmo que ele esteja estudando um processo ou lendo uma revista em quadrinhos, é fundamental que ponha a perna em cima da sua para que você sinta que, aconteça o que acontecer, ele estará sempre ligado em você. E um homem que quer ser amado sobre todas as coisas não pode jamais, mas jamais, depois de apagar a luz do abajur, se virar de costas para dormir; isso é crime que mulher nenhuma perdoa. E quando, já no escuro, ele faz um carinho na sua cabeça e se encaixa – não há mulher que resista a um homem que sabe se encaixar bem -, aí é que você sente a felicidade total e pensa que é aquele homem, aquele e nenhum outro, que pode fazê-la feliz. É só isso que queremos dos homens. Não é pedir muito, é?
(TRECHOS DO TEXTO DE DANUZA LEÃO, PUBLICADO NA REVISTA CLÁUDIA DESTE MÊS)
Meu comentário:Acho que o conjunto descrito por Danuza Leão encerra a polêmica sobre o que as mulheres querem/esperam/desejam/precisam nos homens. O homem descrito por Danuza Leão é aquele tudo-de-bom: sensibilidade, segurança e um certo mistério. O melhor do texto é que eu tenho um igualzinho aqui em casa. :)
Mágoas de Cabocla
Nunca fui pessoa de guardar mágoas, pelo menos não por muito tempo. Nesse ponto, sempre fui tipicamente ariana - a raiva dá e passa, e parece que nada aconteceu. De volta a Recife, alguns e-mails me despertaram uma indignação que mais parece rancor. Pessoas que nunca se importaram comigo, ou pior, que me sacanearam deliberadamente, enviam e-mails cheios de saudade e de uma amizade que nunca tivemos, de fato.
Tem a ex-colega de trabalho garotinha boba e arrogante, que mal olhava para a minha cara e para os demais, pois acha que o mundo gira em torno do cabelo-chapinha dela e que os outros não merecem um bom dia. Vivia tramando e cochichando contra os outros e fantasiava-se de católica fervorosa aos domingos. Tudo o que eu não suporto em alguém. Mandou e-mail perguntando de mim, trabalho, vida e filho. Lógico que apaguei sem responder.
Tem a outra ex-colega fdp que se fingia de amiga enquanto se dedicava a puxar o tapete sob os meus desvisados pés. Mandou e-mail por que viu um show de Lenine e lembrou de mim com saudades, como é que pode?! Lenine não merecia essa. Lógico que apaguei sem responder.
Tem o outro que é conterrâneo, mora em Brasília e nem me cumprimentou pela volta, apesar de eu ter avisado que viria para Recife. Dois meses depois, manda e-mail perguntando por mim e 'que bom que você voltou'. No segundo parágrafo, a verdadeira razão do contato: queria saber algumas dicas no trabalho e achou que eu poderia ajudar. Ainda não apaguei, mas estou fortemente tentada a fazê-lo.
A visão utilitarista que as pessoas têm dos outros em Brasília realmente me cansou. Agora, que não preciso mais usar nem me deixar usar por ninguém, prefiro apagar pouco a pouco essas pessoas que nada significaram, de verdade. Perdão é uma virtude que (me corrijam se eu estiver errada) está sempre a um passo da fraqueza.
Não quero ficar ruminando sobre o que poderia ter sido e não foi. Mas também não quero compartilhar essa felicidade toda com quem nunca se importou comigo. Sou do tipo que prefere missa de corpo presente. Ainda em vida, de preferência. Não que a amizade precise de afirmações diárias e em alto e bom som. Pelo contrário, o afeto verdadeiro pode descansar por muito tempo, em silêncio, sem mudar a sua essência. Mas é que, com o tempo, a gente aprende a separar o afeto verdadeiro da simples especulação sobre nossas vidas, e quem precisa estar sempre por perto de quem deve ser mantido a léguas. Nem precisa estar perto fisicamente - alguns amigos virtuais estão mais próximos do que os fantasmas reais que deixei em Brasília.
Talvez eu tenha que aprender a perdoar. Mas não agora.
Ou, como diz aquele bom samba:
Quando eu me chamar saudade
(Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)Sei que amanhãQuando eu morrerOs meus amigos vão dizerQue eu tinha um bom coraçãoAlguns até hão de chorarE querer me homenagearFazendo de ouro um violãoMas depois que o tempo passarSei que ninguém vai se lembrarQue eu fui emboraPor isso é que eu penso assimSe alguém quiser fazer por mimQue faça agoraMe dê as flores em vidaO carinhoA mão amigaPara aliviar meus aisDepois que eu me chamar saudadeNão preciso de vaidadeQuero preces e nada mais
Aviso aos navegantes
*voz de atendente burra de telemarketing*
Este blog vai estar se mudando para um novo e desconhecido endereço, em breve. Como não vamos estar disponibilizando o link do futuro blog aqui, pedimos aos leitores frequentes, habituais, esporádicos, meros observadores, ou nenhum desses, que estejam entrando em contato pelo e-mail
floresdplastico@yahoo.com.br, ou por meio de qualquer outro endereço eletrônico da Flor que vos está falando, para que possamos estar enviando o caminho para o novo blog.
A autora vai estar agradecendo todos os contatos, pedindo desculpas pelo transtorno - estamos trabalhando para melhor estar servindo.
Mas não estejam se preocupando, a mudança vai estar acontecendo, a exemplo das aberturas democráticas, de forma lenta, gradual e segura. Enquanto isso não estiver acontecendo, vamos estar escrevendo aqui.
Até mais estar vendo.
Tipo assim
No 10° Cine PE, eu e minha irmã descobrimos, mais uma vez, o óbvio: a cidade está repleta de homens interessantes, antenados, cinéfilos, divertidos e descolados... acompanhados por outros homens. Uma multidão de casais de homens cresce em progressão geométrica, proporcionalmente ao número de mulheres sozinhas, já que a quantidade de casais de mulheres não aumenta na mesma intensidade.
Descobrimos mais, um heterossexual remanescente que por lá circulava e que foi imediatamente mapeado por nós: o intelectual complicado. Esse homem também curte cinema e outros programas legais, é inteligente, politicamente correto e... complicado.
Tem problemas a discutir com alguma ex, pois (sim!) ele adora discutir a relação. Quando não é isso, está em crise existencial. Ou está recluso, se dedicando a aprimorar o marco teórico da tese de doutorado. Ou está depressivo, por algum motivo que só ele entende. Ou está disponível, mas não preparado para uma relação, pois está num momento de puro egocentrismo e, bah, ele precisa ser compreendido.
O intelectual complicado é uma opção de alto risco, apesar de exercer um inevitável magnetismo em tempos de crise. Conhece o diretor, atores, críticos e chama a atenção para aspectos interessantes do filme. Por outro lado, é incapaz de tascar um bom beijo na mulher ao lado, naquele escurinho sugestivo. Afinal, como bom intelectual que é, ele pensa mais do que age.
O intelectual é apenas mais um chato, só que está em vantagem devido às leis de mercado.
Esperem só até as mulheres descobrirem que as outras mulheres são mais interessantes que os homens.
Cinema
O curta-metragem
Eletrodoméstica, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, é inteligente, despretensioso, divertido e premiadíssimo. Faz parte da trilha sonora uma música da (finada) banda recifense Paulo Francis vai pro Céu, Eu Queria Morar em Beverly Hills, que é genial do início ao fim.
Ah, está acontecendo o
10° Cine PE, Festival do Audiovisual, aqui em Recife. Dilícia.
Todos estão surdos
Minha dificuldade de comunicação com as pessoas está se tornando notável. Eu falo, elas não escutam. Ou escutam o que eu não falei. Ou fingem que escutaram e decidem o que fazer com base no que eu teria dito. Ou eu não falo e elas escutam. Ou eu falo, elas escutam, mas...
Minha chefeEnquanto preparava a escala de plantão do mês de abril ficar pronta, ela perguntou se eu tinha alguma restrição de data. Respondi que sim, o dia 02, domingo, meu aniversário. Ela concordou e riscou o dia 02 de minha escala, sorrindo.
Resultado: saiu a escala oficial e o meu primeiro plantão do mês foi no dia 02 de abril.
O médico velhuscoParecia a pessoa ideal para dar uma solução ao bicho incrustado no meu dedo. Velhiiiiinho, antiquado e objetivo. Adoro médicos assim. Expliquei toda a trajetória do fungo em minha vida, enquanto ele examinava o meu polegar com a lupa. Falei das características do fungo, cor de minha unha, pomadas que já havia usado e ponderei que eu deveria, desta vez, receber algum antifúngico oral.
Resultado: o médico me receitou antibiótico e curativos para a bactéria (hã?) que disse estar na minha unha. Depois de três dias do tratamento indicado, a unha está quase boa. Ainda bem que ele não me deu ouvidos.
A gata do apartamento ao ladoTentei deixar bem claro que eu D-E-T-E-S-T-O ser acordada antes do meu H.M.S. = Horário Máximo de Sono. Sempre que ela tentou fazer isso, eu a joguei para fora da cama, virei as costas, ignorei, reclamei e enfiei a cara no travesseiro.
Resultado: todo dia ela faz tudo sempre igual - tenho sido acordada pela gata, pontualmente, às cinco da madrugada.
ContatosDesde que eu voltei para Recife, todos - eu disse TODOS - os meus contatos no MSN vivem eternamente
offline. Tentei em horários diferentes, durante vários dias da semana e com nomes chamativos. Todos
off's.
Resultado: se eu ainda precisasse mesmo da companhia MSNênica *desdém*, já teria pulado do meu 1° andar.
Santa Cesta
A melhor coisa do término da Semana Santa é que eu sei que passarei mais um ano sem assistir à propaganda da Paixão de Cristo "global" de Nova Jerusalém.
Este ano foi de lascar, o pai de Sasha com peruca de Cher, cara de santo e voz macia e compassada. Quem me garante que o Cristo não tinha um jeito de falar mais agressivo? Ou mesmo falava gritando? Ou com voz esganiçada, sei lá...
De qualquer forma, a simples imagem é amedrontadora. Valha-nos, Cristo-Szafir! :O
Do que é melhor não saber
Entre os comentários de um dos posts anteriores, a matéria linkada por
Cíntia sobre as reclamações dos usuários dos produtos Bausch & Lomb me deixou especialmente sobressaltada. Os produtos para limpeza e as próprias lentes de contato que uso são da marca Bausch & Lomb, há mais de 10 anos.
Abre parênteses - de uns tempos pra cá, comecei a usar muito o intervalo de década para explicar passagens de minha vida. Estranho... - fecha parênteses.Mas o pavor só veio mesmo com a matéria da UOL News sobre os problemas com lentes de contatos. Tudo começou com as reclamações dos usuários americanos (tinha que ser eles!) sobre um produto da marca. Infecção fúngica rara. Risco de cegueira e transplante de córnea. Sim, os americanos são os precursores de muitos agravos nesse mundo já tão doente.
A entrevista com a oftalmologista no
UOL News é dramática, eu não recomendo a leitura, especialmente para quem usa lentes de contato e não é compulsivo por limpeza. A matéria começa tratando das infecções fúngicas, passa pelos cuidados necessários no manuseio das lentes e termina aterrorizando quem continua usando a lente após a data de validade. Os rótulos (sempre eles) dos produtos anunciam que não é mais necessário esfregar as lentes na hora da limpeza - a oftalmologista discorda. Eu já passei mais de três anos com a mesma lente (!) e perdi as contas de quantas vezes meus olhos ficaram irritados.
Das coisas que eu prefiro não saber.Nesse mundo tão asséptico e cheio de pessoas pouco resistentes a qualquer microorganismo que passe voando, eu prefiro não ficar paranóica pelo excesso de cuidado com a higiene. Um mundo estéril, sem anticorpos e vulnerável aos novos e estranhos seres microscópicos que riem da nossa desgraça. Claro que jamais comprarei o ReNu com MoistureLoc, que não sou boba nem nada. Mas também não vou declarar guerra mortal contra os fungos. Eles estão por toda a parte, quer nós os aceitemos ou não. E podem ser nossos aliados, como provam a cerveja e o vinho.
Mundo louco - eles são maioria absoluta e nós nos sentimos seguros com um desinfetante em punho. Até ler algo sobre a toxicidade desse tipo de produto, como a que li hoje, recomendando o uso de vinagre e limão para a limpeza doméstica, mais ecologicamente correto. Mas... espera... e os agrotóxicos??? Perigo por toda a parte, melhor não pensar - essa é a beleza da ignorância.
O Palhaço do Circo sem Futuro (ou A Trajetória da Terra)
E essa tragédia que é viverE essa tragédiaTanto amor que fere e cansa...[Lirinha e Clayton Barros]
Quarentena
Decididamente, eu estou de quarentena. Um fungo decidiu fazer morada na unha do meu polegar, que está horrivelmente feia. Pra completar, gripe, garganta inflamada e dor no corpo. Paracetamol, diclofenaco sódico, mel com limão e alho, pastilha para aliviar a faringite e mais mel com Elixir Sanativo. Fiquei surpresa ao descobrir que o Elixir Sanativo é produzido por um laboratório pernambucano. Aquilo lá virou uma espécie de elixir da longa vida para mim, eu uso para quase tudo. Mas é preocupante que a minha mania de ler rótulos e bulas tenha se agravado nos últimos tempos - passou de cuidado profissional a paranóia pura e simples. Leio e releio bulas e rótulos. Verifico datas de fabricação e validade. Observo o nome do técnico responsável e endereço do laboratório. TOC pouco é bobagem.
Mas descobri também que a automedicação é mesmo um bom negócio. Meu dedo do pé quase condenado a virar morada de bactérias passou por uma ecdise
(=linda palavra que terei poucas oportunidades de usar) e, embora tenha ficado mais feioso, é o meu velho dedo mínimo querido. Várias consultas médicas depois, resolvi seguir o receituário do meu irmão, que me indicou um daqueles antibióticos tipo
bomba nuclear. Achei até que eu fosse explodir, mas isso não aconteceu e eu ainda ganhei um dedo feioso novinho em folha.
Daí fiquei em casa mais um fim-de-semana e assisti dois filmes. Um, na MGM, não sei o título, do marido violento que se torna um psicopata e blá-blá-blá. O segundo, Ligações Perigosas, pela milésima vez. A novidade é que eu nunca havia me identificado com o Visconde de Valmont antes. Ou o filme mudou, ou eu mudei.
A gata do apartamento ao lado foi novamente proibida de entrar aqui e, numa tentativa desesperada de fuga, caiu do primeiro andar no apartamento térreo. Foi enxotada pelo vizinho de baixo e a encontrei completamente molhada, acuada e prensada entre a parede e o sofá do marmanjo, que afirmava "ter medo de gatos". Sei, sei... Salvei a pequena leoa daquela situação degradante e contei o meu feito heróico à vizinha, que me agradeceu. Quase respondi: "por nada, disponha. Sempre que precisar de alguém para seduzir o seu gato com agrados e mimos, de forma que ele nunca mais queira voltar pra casa, eu estarei aqui!" Hehehe. A moral da história é que os gatos realmente escolhem seus verdadeiros donos. Embora nem sempre os falsos donos concordem com essa escolha.
Abre parênteses - em Brasília, eu havia esquecido como é ter vizinhos. - fecha parênteses.
E tem a empregada que veio do interior do estado para a minha casa. Como ela morava na região do Agreste, que tem um clima beeeeem mais ameno, ficou indecisa e pensou em voltar para casa, pois achou aqui "muito quente." Eu tentei não me ajoelhar aos pés dela chorando e implorando para que ficasse, pois amanhã é dia de meu plantão e eu simplesmente não dou conta de cuidar da casa sozinha. Resolvi fingir indiferença, ah, esse meu orgulho besta!... Apenas usei o poderoso argumento de que, abrindo a porta da sala, há um vento maravilhoso, louco para entrar aqui. Ela ficou, mas o vento não veio hoje. Chove, mas está realmente muito quente. Quem sabe eu não resolvo mudar para o Agreste, alucinada pelo calor?
Uma leitora de bulas às voltas com problemas domésticos e quase sequestradora de gatos - foi o que me tornei durante a quarentena. Estou me sentindo uma ET sem ir ao cinema. Acho que vou começar a levar o fungo ao cinema, quem sabe assim ele não cansa mais rapidamente de mim?... Ou será que também os fungos escolhem seus verdadeiros dedos? Argh.
A dona de tudo
Que mundo é esse em que a gente precisa colocar uma substância numa esponja e esfregar numa louça até limpar tudo??
E a vassoura, então?! Objeto mais antiquado não existe.
Água, sabão, mais água, pó e tédio.
Dois dias em casa e eu já sou uma rainha do lar, com direito a cabelo todo preso atrás, num coque sem jeito, pele engordurada e mãos que cheiram a temperos diversos.
Hoje, mera executora de prendas do lar. Amanhã, trabalhadora na área de saúde. Isso nem é dupla jornada, é dupla identidade mesmo. :/
Brincadeira tem hora...
Exceto quando se tem idade mental de 12 anos aos 33, como é o meu caso.
Ninguém observou a data de postagem do anúncio da minha gravidez -
1° de abril, ponto pra mim! \o/
De qualquer forma, agradeço as felicitações e lembrarei delas quando o fato for verídico, todas foram muito gentis - ponto pra vocês! \o/
Sei que não tem graça nenhuma pra quem vai ler isso aqui, mas confesso que me diverti bastante com a idéia que, apesar de ser uma possibilidade a considerar, não deverá tornar-se realidade este ano - ponto pra mim! \o/
E, afinal, nem foi tão ruim assim... Além do mais, posts assim só poderão acontecer, no máximo, uma vez por ano - ponto pra vocês! \o/
Pra ninguém ficar muito triste, aceito cumprimentos, de agora por diante e todos os dias, pela minha não-gravidez - ponto pra mim! \o/
Placar: 3 x 2 para mim. \o/
Os dedinhos
Domingo em Recife, meu aniversário.
Acordo com a gata do apartamento ao lado me chamando aos berros (miados). Acho que agora ela resolveu mudar-se de vez pra cá, até que tenha outra idéia melhor. Tive uma conversa tipo 'papo sério' com a bichana sobre o fato dela ir para casa sempre que a dona chega, e ela mudou bastante depois disso.
Hoje teve almoço com meus pais e a saudade imensa do namorado-marido (nunca sei como chamá-lo). E tem meus dedos inflamados: o polegar da mão direita e o mínimo do pé esquerdo - eu estou inflamada em sentidos diametralmente opostos. Não mão, um fungo que resiste em sair. No pé, uma bactéria que insiste em crescer. No meio, eu, jurando ser a minha própria manicure, de agora por diante.
Assim, sem o meu querido e com os dedos opostamente vermelhos, ando desanimada para sair da toca. Só ontem, vi cinco filmes na TV e nem senti o tempo passar: 1. Jogos Patrióticos, com Harrison Ford e, no final, aquele gostinho de não-acredito-que-caí-nessa-de-mais-uma-guerrinha-entre-um-policial-americano-defendendo-sua-família-de-terroristas. 2. Alta Fidelidade, que valeria só pela puta trilha sonora, mas além disso é muito bom. 3. Um drama que assisti sem saber o nome, da avó que sai estrada afora com a netinha. A Chapeuzinho Vermelho se torna uma grande cantora graças às lições de vida da vó, que está à beira da morte. Surpreendente, a velhinha não morre no final e eu me senti aliviada por isso. Já estava apegada à vovó. 4. Lembranças Vivas, pela enésima vez, daquele neurótico de guerra americano que volta do Vietnã e descobre que sobreviver na guerra é mais fácil que aturar a família, hehehe... 5. Como Água para Chocolate, lindo, delicado e excitante, posso assistir mais um milhão de vezes.
Domingo em Recife, meu aniversário, e eu fico feliz até e apenas por estar em casa vendo filmes.
Mas bem que Harrison Ford poderia vir aqui me defender dos fungos terroristas.
E por falar...
Por falar em 33 e em vida se multiplicando ao meu redor... começo a sentir de novo o doido processo que é a vida em formação. Sim, eu estou grávida e sim, eu estou feliz.
Nada foi calculado, mas certamente os dias intensos durante o Carnaval falaram por nossa vontade. Temos planos, vontade e o sonho de compartilhar uma criança, isso basta.
E, afinal, uma história tão bonita merece frutos.
Feliz demais.
Por hoje, é só.
33
Amanhã, 33 anos. Que parecem 12 , 21 ou 30.
E pensar que eu voltei para Recife há menos de um mês. É como se eu nunca tivesse saído, ou como se tivesse vivido num lugar distante, em algum passado remoto.
E pensar que ficaram para trás os enganos e paixões dilaceradas que pouco me acrescentaram, além de mágoas.
E pensar que achei que Brasília havia me ensinado tudo eu o que precisava saber: tenho tanto a aprender, algo a ensinar e muito a observar. Minha vida profissional, a capacidade de amar e uma certa auto-suficiência são inauguradas aos 33.
E pensar que eu algum dia decretei que jamais teria filhos novamente. Hoje quero alguns a mais, ver a vida se multiplicando ao meu redor.
E pensar que eu, completamente apaixonada, me recuso a morrer de amor por quem quer que seja. Às vezes racional demais, morro de amor à primeira possibilidade de perda.
Pensar em 33... é enxergar esse homem que me tomou pelas mãos e que me conduz, apesar de seguir meus passos. O homem que me sabe completamente dele, sem que eu precise confessar. O homem repleto de uma gentileza, força e mistério que me enchem de uma vontade medrosamente feliz.
E pensar que entre idas e vindas, conquistas e desafios, esse homem é o meu grande presente aos 33. Que não parecem 12, 21 ou 30.