Mais um vez, Recife de volta. É inacreditável como a minha vida dá voltas em torno dos mesmos fatos, variações sobre o mesmo tema. Ficar ou ir, difícil decisão. Na verdade, eu adoraria estar aqui como ente profissional e em Recife como ente afetivo. Assim, terminaria de vez essa minha dupla identidade urbana.
Brasília e Recife são duas cidades que adoro, por motivos diferentes. Brasília é o lugar de desenvolvimento profissional, de conhecimento, de desafios. Mas é também uma cidade aberta, que não te dá colinho no início e depois você percebe que tudo o que ela queria era te ensinar a viver. "Ela só queria quebrar o meu mito", como na música de Alceu Valença. Recife é acolhedora, é mar, é mãe, é uma cidade de bem com a vida, apesar da violência e da miséria visível. A alegria é algo que me seduz muito na minha cidade que, embora não tenha me dado as oportunidades de trabalho que eu precisava, me brindou com os carnavais mais deliciosos que tive na vida.
Essas duas mulheres, uma madura, a outra jovem, me hipnotizam desde 2001, quando estive na Capital pela primeira vez. Desde então, são malas e caixas e mudanças e indecisão. Quero as duas, quero estar aqui e lá, quero brincar em Recife e trabalhar em Brasília. Escolhas, escolhas... só teve tranquilidade de fazê-las quem nunca viveu estas duas cidades como eu vivi.
_____________________
_____________________