Quando nos conhecemos, nos encontrávamos sempre. Era a necessidade de conhecer um ao outro, de saber como o outro pensava, de desenhar aquela relação que nascia, e parecia nascer forte. A afinidade foi imediata: olhos nos olhos, palavras e experiências partilhadas. Ele me entendia, parecia decifrar tudo o que eu dizia e escrevia, com a precisão de um mago. E tinha sempre a resposta certa.
Nada era muito urgente, mas também nada era inerte. Uma relação viva e dinâmica. Eu sempre tinha a impressão de que precisava mais dele do que ele de mim, mas acabei assimilando essa dependência como algo natural. E afinal, ele estaria sempre lá, pronto para me receber com aquele sorriso contido.
Num momento, como um toque de mágica, o distanciamento. Uma viagem que eu fiz, depois foi a vez dele viajar. E-mails que nunca se encontravam: quando eu escrevia, ele não respondia. E quando ele me dava notícias, eu nunca conseguia responder a tempo.
Foi assim que nos afastamos, desse jeito silencioso e inexplicável. Encontros que não se concretizaram, e-mails não respondidos, perguntas sem respostas. Talvez eu devesse ter deixado mais claro o quanto precisava dele. E o quanto aprendi a admirá-lo nos nossos encontros.
Agora, me sinto perdida em meio a um redemoinho de idéias desencontradas como nós dois. Nunca tenho respostas para as minhas indagações e sequer consigo imaginar o que ele me responderia. Sinto-me só, rejeitada, abandonada. Às vezes até incapaz de continuar. E não quero outra pessoa no lugar dele, quero apenas que nós dois voltemos a ser o que fomos naqueles dias.
Sim, eu sinto falta dele. Revendo essa história, não sei precisar quando, como e por que nos afastamos. Sei que nunca dependeu de minha vontade. Quanto à vontade dele, até hoje não sei. Só acho que não poderei seguir sem ele. Afinal, ninguém escreve uma tese de doutorado sem orientador.
Volta aqui e volta logo, meu orientador de tese!
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