Um amigo meu perguntou o que eu fiz de novo este ano. Segundo ele, eu precisava fazer alguma coisa nova, algo que eu nunca tivesse feito antes e que me preencheria. Exemplo? Dança de salão.
De fato, não fiz nada tão novo em 2009. Em compensação, fiz tantas coisas que me renovaram, me fizeram sentir desafiada e me trouxeram tantos medos e supresas, que nem sinto falta de novidades puras.
Eu sei, é cedo para uma retrospectiva de 2009, e não é o que pretendo fazer. O que quero dizer é que não é preciso fazer dança de salão ou curso de trapezista para fazer algo novo. A novidade está em vencer os pequenos e grandes desafios nossos de cada dia.
Estudar política social numa área de orientação marxista foi novo pra mim, oriunda da área de saúde e cheia de fórmulas estatísticas na cabeça. Deixar um relacionamento que me fazia mal, apesar da dor que me causou, foi novo e de extrema coragem, me revelou o meu amor próprio, muitas vezes não muito evidente. Ter tarefa para as 24 horas do dia foi algo muito novo, depois dos dois anos de inércia completa em Recife. Entender a adolescência do meu filho, ou tentar. Dizer 'não' quando as pessoas ultrapassam certos limites. Sonhar acordada, mas acordar. Almoçar no Restaurante Universitário da UnB. A cada dia, aprender a viver longe da cidade que eu amo, Recife. Deixar de ser míope. Usar mais vestidos. Comprar um perfume, produto que nunca usei.
Encarar a novidade e o desconhecido dos dias comuns exige um esforço enorme. É como dizia o poeta:
"O problema não é inventar. É ser inventado hora após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente." Carlos Drummond de Andrade
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