Eu sou o que se pode chamar de pessoa intensa, eu acho. Fui sempre assim. Nos últimos anos, em vez de saciedade, a sede de vida foi aumentando. Foram três grandes mudanças entre duas cidades num período de 6 anos: de Recife para Brasília, para Recife e de volta para Brasília. Um casamento com muitas separações. Uma paixão louca que nada me acrescentou. E nem assim a sede diminuiu. Ainda bem.
Ainda bem que sou sensível e que luto pelas coisas nas quais acredito. Ainda bem que sou crédula e romântica. Gosto da idéia de me atirar, mesmo que no raso e sem chances de um mergulho. Tanta intensidade tem um preço: a possibilidade de se machucar. Óbvio, só se machuca quem se atirou.
Nesse ponto, é preciso se refazer, se cuidar, continuar. Não mais apostar na dor, afinal não é preciso ser kamikaze. E é nesse ponto em que a intensidade se encontra com a delicadeza: no autocuidado, em se reconhecer frágil e em olhar pra mim mesma, sem indiferença nem compaixão. Essa sou eu, intensa e frágil. E recomeçando.