Dia desses eu entrei numa concessionária Honda, mas por curiosidade do que disposta a fazer um negócio, "só para conhecer" o Honda Fit, um carro que eu acho interessante. Lá dentro, vi o carro, reluzente, exposto no pátio. Um vendedor se aproximou delicadamente e começou a mostrar detalhes do carro. Foi aí que eu entrei num tipo de êxtase consumista. Não sei que tipo de técnica eles usam, mas o fato é que, a cada detalhe mostrado pelo vendedor, eu ficava mais e mais extasiada. Já não conseguia pensar em preço, necessidade ou prioridades. Só conseguia me enxergar dentro daquele Honda Fit vermelho, com quatro portas, ar e som original. Eu mereço um desses, pensei.
Fiquei com o cartão do vendedor, pois eu precisava voltar à aula. Foi no trajeto de volta que comecei a pensar em por que eu precisava de um carro novo. As razões diziam respeito a status, conforto, auto-estima. Mas não deu pra identificar uma razão que se configurasse como necessidade. Meu carro atual, modesto e robusto, atende a todas as minhas necessidades. Tudo o mais é consumismo. E é preciso estar atento às armadilhas do consumismo, que nos faz adquirir o que não precisamos.
Arrumei o meu velho Didino (nome do meu carro) na semana seguinte e continuamos juntos e felizes. Não foi dessa vez que o capitalismo conseguiu nos separar.
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