Às vezes, a melhor maneira de conhecer um relacionamento é terminá-lo. Todas as coisas boas e ruins vêm à tona - coisas bonitas, coisas mesquinhas, o outro lado do outro que estava encoberto pela paixão e pela superficialidade do dia-a-dia.
Quando acaba a obrigação de manter uma convivência "saudável" e civilizada, algumas máscaras caem. E é justamente nesse momento, quando parece que não há mais o que perder, que as coisas submersas vêm à superfície. Mais das vezes a maior parte deles, infelizmente, é sujeira pura.
Eu já tive os dois tipos de experiências. Já terminei relacionamentos que me mostraram o lado bonito e generoso do outro, que demonstrou carinho verdadeiro por mim, um carinho que não se esgotou com o término do relacionamento afetivo e que independia dos laços amorosos. Já tive o outro lado da moeda também, terminar um relacionamento e ver todos os defeitos do outro potencializados. É de se perguntar se eu não via ou não queria ver toda aquela podridão. Prefiro acreditar que algumas pessoas conseguem manter certos desvios e falhas de caráter devidamente controlados e até ocultos por algum tempo. Ao lado disso, a inevitável cegueira que a paixão nos provoca, em maior ou menor grau. Uma combinação perfeita para terríveis enganos, que só se desfazem com o fim do relacionamento - e às vezes leva muito tempo.
Nós dois casos, não acredito em amizade pós-relacionamento. No máximo, relacionamentos civilizados. Nesse ponto, guardo uma opinião radical: se houvesse amizade, o relacionamento nem teria terminado. Não vejo como existir espontaneidade numa relação de amizade com alguém com quem já fomos tão fundo. Uma distância regulamentar é salutar.
No mais, quer termine bem ou mal, é necessário curtir todas as possibilidades que começam depois do fim.
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