Eu tinha acabado de terminar o mestrado e morava em Recife. A grana era pouca, mas eu me divertia. Muito. Tinha amigas queridas que, como eu, adoravam dançar e curtir a noite. Foi o início da minha adolescência tardia e eu tenho saudades dela.
Poucos anos depois, eu vim para Brasília e a adolescência continuou. Muita festa, muita farra. Mas eu gostava mesmo era do trabalho, que me desafiava e transformava. Conheci pessoas, aceitei grandes tarefas, viajei por todo o país. Tenho saudades desse trabalho.
Depois, um tanto desequilibrada pela vida em Brasília, eu voltei para Recife. O reencontro com a minha cidade foi amargo quanto ao trabalho ruim que me esperava por lá. Em compensação... eu me diverti como nunca, já numa fase "adulta" e com uma estabilidade financeira que eu desconhecia até então. Ter um companheiro apaixonado também era novidade. Exploramos a minha cidade, o meu estado, as praias do Nordeste. E haviam os jogos de futebol, muitos deles. E meus irmãos e o carinho com sotaque recifense. Saudade demais...
Agora, é Brasília novamente. Minha vida profissional voltou pro eixo, eu finalmente voltei a estudar, projeto antigo, minha vida pessoal passou por turbulências. Adoro o apartamento onde moro, estou bem mais caseira, presa a livros e textos durante boa parte do meu tempo. Quando isso passar, certamente sentirei saudade.
E assim eu vou, de saudade em saudade, cada uma a seu tempo. Cada fase com sua doçura, seu amargor. E a aceitação, que não é acomodação, de cada uma dessas etapas, faz olhar pra trás e sentir saudade. E faz seguir em frente, em busca de novas saudades.
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