Estado de Coisas
Definições
Velhice: ir a uma baladinha na sexta-feira e perder o dia seguinte (sábado) inteiro dormindo como uma pedra.
Tédio: assistir Uma Linda Mulher pela enésima vez, num domingo.
Burrice: estar num plantão de 24 horas com duas colegas que já foram dormir há mais de duas horas e permanecer em vigília. Acordar cansada e sonolenta como um vigilante, imaginando fórmulas para estar de pé às 14h, quando tenho aula.
Filhos?
Vontade doida de ter outro filho.
Tento pensar em argumentos contrários à aventura de criar pessoas, mas não encontro nada além do medo que eu tenho de ficar à mercê de médicos e seus equipa-medica-argu-e-outros-mentos. Não confio em médicos. Preferia ter em casa, com uma velha parteira. E já estou falando como se estivesse grávida, socorro!
Eu sei, para ter filhos é preciso uma boa dose de loucura. São os choros na madrugada, o desenvolvimento lento no primeiro ano, o risco de acidentes domésticos até os quatro anos, febres, limites e contas. Mas, ah, eles são incríveis e eu nem sei descrever como é legal ver alguém - inventado por nós - crescer.
Eu sei, eles terão que viver num mundo caótico e conhecer pessoas chatas. Mas é o que temos no cardápio, e isso é só uma parte do universo que há para descobrir.
Eu sei, eles precisam de atenção e tempo que nem sempre temos de forma suficiente. Mas sempre é possível encontrar um meio-termo.
Não há nada mais confuso na minha cabeça do que o desejo de ser mãe novamente. Eu nunca sei o que é querer, hormônios, medo ou indecisão. Não consigo decidir.
Vontade doida de ter outro filho, mas dizem que vontade dá e passa. Espero que sim. Ou que não.
Inacreditável...
que eu sinta saudade de algum lugar em Brasília.
Mas venho tendo alucinações com o (boteco) Beirute. Pra ser mais exata, sonho com o misto árabe frio com cerveja gelada, atendimento preciso, bancos e mesas de madeira, escada estreita e tortuosa para o banheiro e muita gente linda e louca ao redor. Eu amo aquele lugar.
O Beirute consegue ser melhor que Brasília.
O afrodisíaco de estar acompanhado
Eu achava que os machos eram os mais competitivos, na disputa por território e fêmeas, com todos aqueles artifícios desenvolvidos ao longo de gerações para perpetuar espécies. Entre pessoas, descobri um outro tipo de atrativo, irresistível para as fêmeas: o macho acompanhado por uma fêmea.
Venho percebendo desde que comecei a sair mais frequentemente com marido - e temos saído muito - o crescente assédio das fêmeas da espécie humana. São olhares e danças e sorrisinhos e lances provocativos. Ele mesmo já confirmou que nada disso acontecia quando ele saía sozinho, ou com amigos. Para algumas fêmeas, tentar arrancar um homem de outra mulher é um esporte divertido.
Claro que tento não parecer furiosa com toda essa pouca-vergonha, apesar de estar sempre atenta à maioria dos movimentos. Mas o que realmente me tranquiliza não é minha auto-confiança ou a suposta e ainda intacta lealdade do meu companheiro: é o absurdo da situação. Por que, racionalizando, o que as fêmeas em posição de ataque esperam com isso? Que o macho ao meu lado parta para outra conquista, levado apenas pelo instinto de predador e ignorando a minha presença? Ou que eu mesma, fêmea ofendida, brigue por território fazendo caras e bocas, rosnando de ciúme e desperdiçando meu melhor momento selvagem - a noite, quando danço e viro bicho e perco a hora?
Tsc tsc tsc... sinceramente, certas mulheres devem estar assistindo Animal Planet demais...
Sol e sal
Como programado, Ilha de Tatuoca via barquinho a vela:
Horas depois, nossos pés embasbacados diante da beleza solitária da Ilha:
No dia seguinte, nossos pés tranquilos diante de outra praia, Enseada dos Corais:
A volta, pela bela estrada cercada pela Mata do Zumbi:
Bom mesmo é ter sal e sol por perto.
Longe de tudo...
No final de semana, estarei novamente envolvida na 'dura' missão de desbravar o litoral pernambucano. Quero conhecer pelo menos 20 praias diferentes até o fim do ano, quando reproduzirei a mesma missão em outros estados do Nordeste. Ê vida boa.
Comecei pelas praias de Suape, Paraíso, Calhetas e Sítio Pedra Alta - mistura de mar, rio e manguezal -, onde ficam os bares de Elói e do Doido. Esse último, um paraíso avidamente consumido pelos abastados hóspedes de um hotel luxuoso da região e que, por isso, tem preços salgados.
Antes de prosseguir a viagem, que teria como próximos destinos as praias de Maracaípe e Pedra do Xáreu, descobri a existência de uma ilhota quase selvagem pelas bandas de cá. É a Ilha de Tatuoca, onde um nativo chamado Biu tem um bar há décadas, longe do mundo. É o encontro do mar com o Rio Massangana, lugar rústico e ainda pouco acessível. É pra lá que vou, dessa vez sem sogra quase-estraga-prazeres.
Reparem que lugar feio, e até a volta.
O Príncipe do Calypso
www.kelvisduran.com.brKelvis Duran. Estarei no show dele mais tarde, aqui perto de minha casa. Por que estar em Recife e não curtir brega, é como não estar em Recife.
Amar é...
levar a sogra para conhecer Porto de Galinhas e aturar que ela reclame de uma das praias mais belas, badaladas e paradisíacas do país, dizendo que é "uma praia como outra qualquer".
Um dia...
Tem dias que dá vontade de sumir do mapa. De ficar muda o dia inteiro. De mandar todo mundo se foder. Dia em que nada é engraçado, bonitinho ou sorridente. Dia de não querer agradar ninguém, não parecer simpática, nem sorrir do que não se acha graça. Junte-se a isso a ida a uma praia nem tão próxima, com família do marido a bordo. Junte-se a isso os pequenos dissabores que essa estadia tem me trazido. E o fato de que meu lado egoísta brada por um pouco de paz.
Quria ter dormido mais cedo ontem à noite. :/
Anaïs Nin
"O desejo formou uma ilha vulcânica na qual eles jaziam em transe, sentindo o turbilhão subterrâneo que havia por baixo deles, o chão e a mesa dançando e o
blues magnético desarraigado pelo desejo, as avalanches dos tremores do corpo. Por baixo da pele delicada, dos filamentos do cabelo secreto, das identificações e das valas de carne, brotou a lava vulcânica, o desejo incandescente; e, onde queimou, as vozes do
blues sendo cantado tornaram-se um áspero grito selvagem, o indômito grito de prazer de animal e pássaro, e grito de perigo e grito de medo e grito de parto e grito de dor de ferimento do mesmo delta rouco das vozes da natureza."
(trecho de Uma espiã na Casa do Amor)
Voto fútil
Vou votar em Eduardo Campos pra governador de Pernambuco por que boatos, cada vez mais fortes, dizem que ele pode ser filho de Chico Buarque. E eu amo Chico.
Ai que vida boa, olerê!
Momento solene
Muita calma nessa hora.
Minha sogra e a filhinha do marido estão aqui até o sábado. Respiro fundo, não olho para os lados e sigo em frente. O mundo há de reconhecer meu espírito heróico.
Não falo muito, não penso muito e durmo demais. A casa tem algumas coisas 'fora do lugar', para parecer mais organizada. Amanhã, resolvi ir à praia também, que não sou de ferro nem nada.
Rezem por mim.
Tento aprender com os gatos...
a hora de ficar alerta...
e a hora de relaxar completamente.
Aqui e agora!
Leitura:
Por que minha alimentação agora é regida por uma espécie de Fundamentalismo Agatstoniano.
Por que tudo que ela escreve é doce delito e deleite.
Constatação:As pessoas da internet que conheço na vida real são sempre diametralmente opostas ao que pareciam ser. Ou seja, se eram legais e divertidas no monitor, são antipáticas e distantes a olhos vistos.
Site:http://www.pandora.com/Na pesquisa por um artista ou estilo musical, o Pandora responde com canções relacionadas, que o usuário classifica para formar estações de rádio. A tal 'busca do DNA da música' organiza e, ao mesmo tempo, amplia a possibilidade de curtir boa música na rede.
Férias:Por uma semana, de 09 a 15 próximos. Programa: ficar em casa sozinha, pois marido vai com mãe e filha a algum ponto do litoral pernambucano. Nesse caso, me resta o item 'leitura'.
Del Rey
Foi ontem, Del Rey, que é Mombojó + Chinaman cantando Roberto Carlos.
Muito foda. Os caras vão além do Roberto, dos anos 60 e da simples releitura do Rei da Jovem Guarda. O que eles fazem é puro Carnaval. \o/
Dancei enlouquecidamente até 5h da manhã. Farra daquelas. E nunca mais perco show deles, que isso deveria ser crime previsto no Código Penal.
Foto-montagem roubada do site Chinaman: http://www.chinaman.com.br/
Mau humor musical
Vanessa da Matta é apenas uma cópia mal-feita de Clara Nunes.
Ao lado
O homem ao meu lado é a concretização de um sonho. De gentileza, lealdade, carinho e cuidado.
É o meu prumo, meu sossego, minha rede na varanda. É massagem nos pés e remédio na dor. É festa e alegria. É quem eu vejo velhinho ao meu lado, é a criança que brinca comigo a todo momento.
É quem eu tenho medo de perder, é o homem que eu quero ganhar mais a cada dia.
O homem ao meu lado é lindo. Não dá pra esquecer.
U-huuuuuu - parte 2
Proteínas = adrenalina?
Além de fazer tudo o que tinha pra fazer no trabalho, e um pouco mais, eu perdi o sono. Uma da manhã.
E ainda tem gente no MSN a essa hora. Ô povo doido.
Na Primeira Manhã
Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o rumo e desatina
Como um boi no meio da multidão
Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais pra ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão.
(Alceu Valença, 1980)
Quem quiser baixar o CD Coração Bobo, que tem essa música, acha aqui. Viciada em MP3.
Faz tempo...
... que o meu mundo não vira de ponta-cabeça.
Isso é bom ou ruim?
U-huuuuuuuuuu
Proteínas = anfetaminas?
Desde que comecei essa dieta, estou completamente elétrica. Falo, ando, corro, brinco, danço e dou cambalhota como nunca fiz antes.
Ainda não tive alucinações. Ou tive e nem percebi, de tão animada que estou?
De projeto em projeto
Já falei em post anterior sobre o 'boom' das bandas alternativas. Ou seja, bandas já reconhecidas aqui em Recife montam 'outra' banda, para homenagear grandes nomes que os influenciaram.
Minha agenda esta semana ficou assim:
Quinta - Netos do Raul: os caras que eu amo e que tocam apenas Raul Seixas. Se bem que essa é a própria banda principal.
Sexta - Os Ordinários, que são a banda
Volver cantando Renato e Seus Blue Caps. \o/
Sábado - Sir Rossi, que é Reginaldo Rossi por
Silvério Pessoa e banda, e Del Rey, que é
Mombojó e
Chinaman arrasando com Roberto Carlos anos 60. \o/ \o/
Tomara que essa brincadeira dure pra sempre...
(in) quieta
Ando nostálgica, romântica, inquieta, saudosa, pensativa.
Ando nostálgica. Não exatamente querendo voltar ao passado, mas pelo sabor das coisas que ficaram. Se mudou ou não, e o que diria o meu desejoso paladar.
Ando romântica. Músicas, poesia, contos, palavras, tudo me toca. Sensível, a pele é a própria flor. Pequenas lágrimas que nem despencam. Fome de algum alimento para essa inseparável emoção.
Ando inquieta. Diferente de minha habitual secura, que não conhece lágrimas, nem dores, nem saudade, nem carência, essa inquietação é um buscar que nem sei o que. Inquietação pela invariabilidade das coisas, talvez mera vontade de voar.
Ando saudosa. É o querer tudo o que já foi dito, mesmo que em outras palavras. Saudosa do que seria, o que viria, quem me beijaria.
Ando pensativa. Pensando tudo sobre nada. Como num tipo de frenesi estático.
Preciso parar.
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Ah, quando me sinto guerreira, prestes a tomar das armas e ganhar um rosto que não é o meu, mergulho nua exaltação dourada, caminho pelas ruas sem endereço, como se a partir de mim, e através do meu esforço, eu devesse conquistar outra pátria, nova língua, um corpo que sugasse a vida sem medo e pudor. E tudo me treme dentro, olho os que passam com um apetite de que não me envergonharei mais tarde. Felizmente, é uma sensação fugaz, logo busco o sosorro das calçadas familiares, nelas a minha vida está estampada. As vitrines, os objetos, os seres amigos, tudo enfim orgulho da minha casa.
(Nélida Piñon, no conto I love my husband)
Os passistas
... A dor define nossa vida toda
Mas estes passos lançam moda
E dirão ao mundo por onde ir
Às vezes tu te voltas para mim
Na dança, sem te dares conta enfim
Que também amas
Mas, ah!
Somos apenas dois mulatos
Fazendo poses nos retratos
Que a luz da vida imprimiu de nós
Se desbotássemos
Outros revelar-nos-íamos no carnaval
Roubemo-nos ao deus Tempo
E nos demos de graça à beleza total...
(Caetano Veloso, 1997)
Santo Agatston das Proteínas Sagradas
Nunca acreditei, concordei, precisei, nem fiz dieta. Sempre fui avessa a restrições alimentares, sendo naturalmente magra e pouco dada a variações de peso. Nos últimos meses de Brasília, entretanto, com toda a tensão e comilança resultantes da possibilidade de voltar (ou não) pra casa, eu adquiri uns cinco quilinhos extras que começaram a fazer diferença. Nas roupas, na minha agilidade e disposição, na minha cabeça de magra (que nunca me deixou parar de comer em excesso) e, claro, na minha auto-confiança de mulherzinha.
Detesto conversar sobre dieta. Acredito que a maioria das pessoas que se interessa pelo assunto é fútil ou exagerada quanto à necessidade de emagrecer. Por isso, apenas consultei sites na internet para descobrir uma dieta que se adequasse à minha condição atual: sedentária, com muitos dias de folga em casa, comilona e ansiosa. Quase impossível.
Descobri esse
site, parte da revista Cláudia, e fiz alguns testes para encontrar a tal dieta impossível. Encontrei a Dieta de South Beach. Já tinha lido a respeito, mas tudo muito superficial. Depois de mais alguma leitura, percebi que parecia boa para mim. Tem tudo que eu gosto: carnes, ovos, queijos e verduras. Em duas fases mais a manutenção, tudo simples e sequenciado e, o melhor: sem passar fome - o que seria inviável para uma glutona como eu.
Comecei a fazer sem medir peso, pois também detesto essa frescurada de contar quilos, como se eu fosse um bicho. Em apenas uma semana, os resultados são impressionantes. Minha barriga SECOU, mesmo, como se eu estivesse indo à academia. Meus braços e costas afinaram, as roupas que antes apertavam passaram a servir sem aflição. Mais impressionante ainda: eu, uma viciada histórica em pão, não sinto falta de partilhar o alimento sagrado. Mais, nem sinto fome. A compulsão por doces e massas desapareceu como que por encanto. Eu não esperava.
Falta uma semana para terminar a primeira fase, mais restritiva, e eu me sinto bem disposta e mais bonita. Resolvi comprar o livro e adotar esse método para a minha vida. Minha alimentação realmente mudou, passei a ver os carboidratos com outros olhos, e tenho preparado pratos deliciosos e saudáveis com os alimentos permitidos. Acreditem ou não, mas eu, antes cética sobre regimes, virei fã do Dr. Arthur Agatston. Agora, só me falta mudar para Miami. =D
A ilusão do anonimato
Escrevo neste blog - que mudou de cara, endereço e título, mas não seu propósito - há cerca de três anos. Durante muito tempo, consegui circular incógnita por aqui. No início, eram basicamente colagens de textos que gosto. Depois vieram pequenas anotações sobre a minha rotina. Então, chegaram os pequenos e despretensiosos contos, relatos sofridos de grandes paixões, confissões sobre desejos e sentimentos secretos.
Nesse ponto, veio a encruzilhada em que me encontro até hoje. À medida em que o tempo passava, o blog foi agregando poucos, mas valiosos leitores. A maioria dos que comentam são conhecidos, real ou virtualmente. Ao mesmo tempo, o número de acessos foi crescendo, basicamente devido ao infame mecanismo de busca do Google, que traz as pessoas até aqui de um modo totalmente esquizofrênico. Se isso, por um lado, acabou trazendo pessoas que se interessaram pelos textos, por outro me expôs mais às incontroláveis buscas e deixou a possibilidade de anonimato ainda mais frágil do que já é, naturalmente.
O ponto de corte veio com o acesso de pessoas muuuito próximas para quem eu não havia revelado o endereço. Para ser mais direta, o marido, quando ainda era namorado. Uma reviravolta. Momento de reflexão. Duelos entre individualidade e lealdade, privacidade e companheirismo. Até onde eu poderia "esconder" o blog do meu tão caro companheiro? Ou, até onde eu poderia resguardar emoções quase sempre indecifráveis, que eu pretendia apenas expressar e, às vezes, esquecer?
O endereço mudou, mas o dilema permanece. Desde então, a minha auto-censura costuma funcionar imperceptivelmente. Criei um outro blog, realmente secreto, mas não colou. Além de me sentir paranóica, refleti que teria o mesmo inevitável destino deste aqui: um semi-anonimato que me angustia. Vontade de publicar textos impublicáveis. Sem delírios de dupla personalidade, mas com o conforto de ser uma incógnita no universo da Rede. E vontade de partilhar alguns dos meus (mal) escritos com quem me é tão querido. Mas não tudo, nem todos.
Pensei em liquidar este e iniciar um outro, do nada. Pensei em, simplesmente, recomeçar sem travas.
Continuo pensando.