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Estado de Coisas

sexta-feira, agosto 21, 2009
Sobre a vida e a doença
Poderia ter sido bom. Sim, poderia. Em muitos momentos (muitos mesmo), eu acreditei que seria bom. Acreditei verdadeiramente. A ponto de apostar fichas: meu casamento, a estabilidade, o companheiro, a previsibilidade, o medo. O medo de amar, de ser amada, de correr riscos - joguei os medos pela janela.

Não foi bom, nem poderia ter sido. Os medos eram reais, a história não foi bonita, eu sofri, eu fiquei sozinha. Mas faria tudo de novo, tenho certeza que sim. Não com as informações de que disponho agora, pois aí seria insanidade pura. Mas como eu enxergava as coisas, tudo bonito e verdadeiro, coisas em que acredito, coisas que eu também sou.

Pois todo mundo pode algum dia na vida se deparar com doente. Mas viver ao lado de um doente, isso é opção. E eu escolhi o amor saudável.
Consegui resgatar esse poema graças à internet...

Al perderte...

Al perderte yo a ti
Tu y yo hemos perdido:
Yo por que tú eras
Lo que yo más amaba
Y tú por que yo era
El que te amaba más.
Pero de nosotros dos
Tú pierdes más que yo:
Porque yo podré amar a otros
Como te amaba a ti,
Pero a ti no te amarán
Como te amaba yo.

Ernesto Cardenal
domingo, agosto 16, 2009
Escambo
Ontem fui conhecer uma feira de escambo aqui em Brasília. O folheto comentava sobre reciclar, reutilizar e sobre trocar coisas que não nos servem mais, mas que podem servir para alguém. Pois bem, geladeira, violão, roupas, sapatos, revistas, bijuterias, brinquedos, DVDs, enfeites para a casa, cachaça Seleta. De tudo. Objetos estendidos no chão, em mantas, e expostos por bicho-grilos sorridentes. Era uma espécie de Woodstock das trocas.

Eu fiquei meio constrangida com as minhas três sandálias novinhas. Como boa consumidora compulsiva que sou, comprei num impulso e me arrependi. Elas destoavam das coisas usadas e revelavam o meu torpor consumista. Troquei nada por coisa nenhuma e ainda prefiro o bom e velho cartão de crédito.

Pensando bem, as sandálias talvez sirvam na minha irmã.
quarta-feira, agosto 12, 2009
Profissão: datilógrafa
34 palavras

Speed test



Dica da Caminhante.
domingo, agosto 09, 2009
Série E?
Avessa à rivalidade pernambucana no futebol, eu me solidarizo sinceramente com a torcida do Santa Cruz, hoje fora da série D. Meu pai é tricolor. E o Santinha nunca deixará de ser o mais querido. Alentador e triste o desabafo tricolor no Blog do Torcedor. Sigamos.
Dia dos Filhos
O Dia das Mães já passou, hoje é Dia dos Pais. Ninguém pensou em criar o Dia dos Filhos?! Eu, que sou mãe e pai do meu filho, acho que os filhos nos ensinam tanto quanto o que (achamos que) temos que ensinar pra ele. Muito cedo perdi aquela arrogância natural de mãe/pai, que acha que vai "formar" uma pessoa. Não. As pessoas são complexas e - acredito - trazem informações em seu perfil genético, que agregam às (muitas) informações que circulam no mundo. Sobra pouco espaço para formação. E eles despejam informações e lições sobre a nossa cabeça.

Com meu filho, aprendi a gostar de futebol e entendi que as pessoas têm ritmos diferentes e que isso não as torna melhores nem piores. Entendi cada fase de uma criança e percebi como o tempo é apressado e irreversível. Fui a um show de heavy metal, levada por ele. Constatei que opções são sempre discutíveis, mesmo aquelas que parecem indiscutíveis. E continuo achando difícil delimitar a fronteira entre impor limites e garantir autonomia - esse é um aprendizado permanente e que só se resolve a cada situação e seus resultados.

Mesmo que esse dia nunca seja criado, eu reverencio desde já o Dia dos Filhos.
sexta-feira, agosto 07, 2009
Felicidade
Elas foram ensinadas que felicidade deve ser um estado constante. E que felicidade quer dizer príncipe, filhos, casinha. E que amar é viver em estado de graça, uma quase letargia. Para conseguir tudo isso, aprenderam a se enfeitar, sorrir, fazerem-se meigas, chorar quando necessário. São princesas, e não bruxas. E lá foram elas, em busca do principe que nunca chegava. O problema é que, enquanto o príncipe não chegava, a busca não cessava. Ele viria algum dia, viril, doce e protetor. Foi isso que elas aprenderam e é nisso que acreditam. Ele não vem, elas vão em busca. Ele ainda não chegou, elas esperam. Parecia ele, mas não era. Mas será. O princípe é componente indissociável da tal felicidade letárgica. E ela se sente prometida para ele.

Nós, mulheres, sofremos mais por fantasia que por paixão.
quinta-feira, agosto 06, 2009
Abelardo

Pra refrescar minha semana, tem a exposição Amor e Solidariedade, de Abelardo da Hora, no Centro Cultural Banco do Brasil. Emocionante, apenas isso.
quarta-feira, agosto 05, 2009
Adeus, coisas velhas
Mesmo não sendo Ano Novo, mesmo em pleno agosto, comecei lentamente um processo de libertação do passado. Minha vida roda em círculos há alguns anos: as mesmas pessoas, os mesmos sentimentos, as mesmas idéias. Senti vontade de renovar.

Comecei apagando coisas no computador. Coisas que me eram caras: e-mails, textos, fotos. Depois, cortei o cabelo de forma - para mim - radical, uma espécie de ritual para marcar o momento. Agora, preciso ir além dos objetos e visual. Vou buscar novidades.
terça-feira, agosto 04, 2009
...
É incrível como a paixão realmente sai pela mesma porta por onde a mágoa entrou.
Trunfo
Colocar o dedão do pé na boca é algo aparentemente banal e sem a menor utilidade. Eu faço isso. Consigo colocar o dedão do pé na boca em qualquer posição: sentada, em pé, deitada. Até já experimentei fazer sexo com o dedão do pé na boca. Foi bom, meu bem.

Fazer isso me dá uma deliciosa sensação de superioridade sobre os outros seres humanos. Em pesquisa rápida realizada com parentes e conhecidos, constatei que nenhum deles possui a mesma habilidade. Então, pra mim, se existe uma raça superior, é a de colocadores do dedão do pé na boca.

A propósito, esse papo de que colocar o de dão do pé na boca é inútil é coisa de gente incapaz de fazê-lo.
sábado, agosto 01, 2009
O balão
Sonhei que eu via um balão que fazia transporte de pessoas. Perguntei o destino, alguém respondeu: Pernambuco e Bahia. Um outro alguém me aconselhou a tomar o destino para Pernambuco, garantiu que era um meio de transporte mais barato e seguro. Titubeei e pensei no meu medo de altura. Até me imaginei voando no balão, para simular a situação, e percebi que poderia entrar em pânico e atrapalhar o vôo até Bahia/Pernambuco. Fiquei olhando o balão seguir. E querendo ir também.
Decepção
Sofrer uma decepção é algo doloroso e difícil de aceitar. Especialmente quando a decepção envolve componentes delicados: paixão e dinheiro. As mulheres frequentemente são mais vulneráveis a esse tipo de erro. Sim, todas elas, belas, feias, bem-sucedidas, chefes de família. Elas, que guardam um coração intenso e um corpo cheio de vontades. As mulheres são o alvo perfeito para alguns golpes. Eu nunca achei que fosse uma mulher assim.

Hoje, passado o turbilhão, eu olho em minha volta e me pergunto quais dessas mulheres se enganariam com um homem. Muitas. Na verdade, todas que eu vejo passar. Todas elas guardam e expressam, em alguma medida, uma certa carência e pontos fracos que pensam ser invisíveis. E lá estão, claríssimos. Qualquer um pode fazer mau uso deles.

Agora, rememorando cada passo de uma história mal vivida, vejo quantos alertas eu recebi ao longo do caminho. Muitos, muitos. Não consegui atender a nenhum deles, eu precisava mergulhar. Voltei à tona, ilesa. Não me considero mais forte depois disso, mas certamente mais atenta. Não faria tudo novamente, mas entendo as opções que fiz. Aprendi a ser tolerante com as minhas imperfeições.

"Não adianta chamar quando alguém está perdido, procurando se encontrar." [Rita Lee]
Pós-férias
De volta a Brasília, depois de 15 dias de férias em Recife.

A secura continua intensa, meus olhos logo denunciaram. Eu não quis ficar em Recife dessa vez, mas não pude evitar o aperto no peito no trajeto até o aeroporto.

Voltei me sentindo mais forte, querendo redescobrir a força que sempre esteve aqui, em mim. A vida nunca é injusta, nós que fazemos escolhas erradas.