Eu sentei numa imensa poltrona, ele arrumou almofadas sob as minhas costas. Perguntou se estava confortável, respondi que sim. Então ele pegou uma pistola com uma agulha e eu senti a minha perna sendo furada, uma dor lancinante.
Foi assim que começou a minha primeira tatuagem, uma tornozeleira de flores do cerrado. Duas horas depois, ainda não havia acabado, mas eu não suportava mais sequer o toque da agulha. E cá estou eu, com o tornozelo amarrado com uma bandagem cheia de pomada cicatrizante.
Tatuagem dói, muito, muito, muito. Ela não está pronta, será necessária uma segunda etapa para colorir mais duas flores que estão desenhadas, mas sem cor. Mesmo assim, eu olho para ela com um certo encantamento em meio à estranheza.
Sim, porque é estranho ver desenhos permanentes nalguma parte do corpo. Mas elas estão lá, as flores, e são tão lindas e dizem tanto sobre a minha vida, sobre mim e sobre os lugares onde vivi, que sou capaz de dizer que faria de novo, mesmo agora, sabendo que dói tanto.
O curativo sobre a tatuagem.
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