Quem leu o post anterior sobre o tema, sabe o que acontece quando as cigarras entram aqui em casa. Território inimigo, há quatro gatas prontas para "brincar". Interessante é que as gatas não trucidam o inseto de imediato, nada disso. Torturam, brincam, jogam de um lado para o outro, empurram de uma pata para a outra, exibem o prêmio para as outras. Gatas são ardilosas.
Eu sempre assistia a tudo indiferente, afinal, quem sou eu para interferir nas leis do mundo selvagem?! Até que uma cigarra entrou, foi capturada pelas gatas e, diferentemente das vítimas que a antecederam, aprontou um escândalo. Eu juro, a cigarra gritava por socorro. O canto delas é algo repetido e enfadonho, um si si si bem parecido com a Simone cantando 'cigarra'. Não era isso. Ela gritava de forma intermitente, um grito de dor, de desespero, de me acudam.
Eu, que sou pouco afeita ao canto das cigarras, fiquei comovida. Até me senti culpada. E pedi que o marido retirasse gentilmente a cigarra da boca (e do domínio) das gatas. E foi o que ele fez. E a bicha sobreviveu. Até saiu voando. Eu fiquei em dúvida sobre se tinha tomado a atitude correta. Mas aquele canto longo, quase um gemido, cheio de dor, não me deixou outra opção. E olha que eu odeio cigarras.
Quando eu digo que elas dominarão o mundo, ninguém acredita.