Mais um dia neste lugar e eu entraria em depressão. É sério. Ando chorando por nada. Depois de ter passado a madrugada chorando. Por tudo e por nada. Pensamentos inseguros, vontade de voltar para Recife. Espero que passe quando eu chegar em Brasília. Pois eu sempre me senti uma louca que finge muito bem - às vezes nem tanto assim - ser normal.
Ontem eu saí na hora do almoço e me deparei com o calor infernal de Porto Velho. Quando voltei para o hotel, atordoada, veio uma chuva do tamanho do Rio Amazonas. Eu deitei para descansar e tive febre durante a tarde inteira. Não consegui assistir ao final do evento, mas isso nem é problema. Quando a febre passou, eu tentei pedir algo para comer e os preguiçosonienses sempre têm alguma desculpa para não trabalhar. Estimaram uma hora para preparar um sanduíche. Eu não tive forças para reclamar. E olha que, quando eu não reclamo, a coisa é séria. E teve mais, a desatenção-quase-hostilidade em todos os atendimentos que recebi. O cheiro ruim das pessoas, que revela pouco cuidado com a higiene. As ruas caóticas, carros misturados a bicicletas, poucos sinais e nenhuma passagem para pedestre. A má vontade deles uns com os outros, a cara fechada, a comida ruim. Sobrou quase nada além de um imenso cansaço. Nem a irritação inicial permaneceu.
Se tiverem de vir aqui a trabalho (que outro motivo traria alguém aqui?), inventem uma desculpa. Melhor alegar medo de avião, alergia a mosquitos, intolerância a temperaturas altas, hipersensibilidade aos odores naturais do ser humano. Mas não venham.
Ou não digam que eu não avisei.
update:O inacreditável único "shopping" da cidade, em pleno horário de almoço.As ruas também ficam vazias de gente o tempo todo.Isso não é só vazio demográfico. É vazio de encanto mesmo.
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