Hoje virei a casa abaixo. Depois de alguns meses de acúmulo e baixa rotatividade, as coisas velhas foram vencidas - roupas, livros, papéis, documentos e até cosméticos! - e ficou apenas o que é realmente útil.
Pilhas de livros, revistas, papéis e pequenas inutilidades tiveram o fim que mereciam. Adotei o critério subjetivo de eliminar tudo o que fez parte de minha (inútil) vida profissional dos últimos dois anos. Foi quase um exorcismo. No mais, o bom e velho desapego: montanhas de roupas que sei que não vou mais usar, livros que não precisarei mais, xampus e cremes que não deram certo. Vai tudo para outras mãos, pra ser usado.
Quando batia o apego às coisas velhas, eu ordenava para mim mesma: se vivi sem isso até agora, e nem dei falta, posso continuar a viver assim. E deu certo. As coisas antigas que nada mais acrescentavam à minha vida bateram em retirada, envergonhadas. O que ficou se recusava a voltar para o lugar, o quarto parecia um cenário de guerra entre roupas e livros. Com paciência, retornei um a um a seu lugar, todos eles, ficaram próximos por afinidade e parecem bem contentes.
O alívio de ver o guarda-roupa com pouco mais de metade do conteúdo anterior e a estante com espaços confortáveis entre os livros é indescritível. Cheguei a passar alguns minutos em frente ao armário de roupas e o de livros, portas abertas, contemplando a minha obra de arte. Não vou ao extremo de afrmar que eu própria mudei depois da faxina. Mas que consigo respirar melhor, isso sem dúvida.