Da série casada-mas-ainda-rancorosa:
Outra observação sobre a noite de ontem.
Cena 1: Dois rapazes babacas acompanhavam o show e pareciam, como nós, seguidores de carteirinhas dos Netos do Raul. Sabiam até a ordem do repertório.
Cena 2: Aniversariante da noite, mais ou menos pouco mais de 30, dançando com amigas. Eufórica demais, bêbada demais, aniversariante demais.
Cena 3: Pouco depois do parabéns cantado pela banda, um dos rapazes babacas agarra a aniversariante eufórica bêbada demais, até então uma completa desconhecida, e tasca-lhe um beijo longo e ardente, sob o olhar cúmplice do amigo babaca.
Não quero fazer o tipo tia-moralista-que-não-suporta-a-pouca-vergonha-dessa-juventude. Pelo contrário, a overdose de noites dançadas e beijadas em tempos já nem tão recentes me oferecem um estoque de conhecimentos suficiente para fazer uma crítica bem fundamentada a respeito de incidentes como esse. Portanto, vamos lá, que eu não tô mais nessa (graxas a Santo Antonio), mas ainda lembro como funciona. O incidente é repleto de lições sobre o que não fazer na noite, quando se é solteira e alguns acham que isso é equivalente a estar à toa.
O primeiro ponto é exatamente esse:
não ficar à toa. E beijo de língua não é troféu nem cumprimento. É importante determinar o
limite. Que não é pra fazer doce, nem correr da raia. É o limite que diz: daqui você só passa se for mesmo interessante
(seu babaca).
Depois que ele beijou e mostrou pra todo mundo, lógico,
se afastou dela. Reação previsível entre certos homens
babacas, que não teria acontecido se ela tivesse evitado a primeira dose.
O principal é que beijos assim sempre são péssimos. É como se alguém estivesse colocando o cabo de uma colher de pau na sua boca. Por que beijo também é sexo e, portanto, merece preliminares e, claro, um chamego depois.
Daí, ela ficou sem graça, com cara de pastel e as amigas cochichavam qualquer coisa para tentar "apoiá-la" nessa hora difícil. Deu ibope pro babaca e ainda
perdeu o pique da festa. Bem feito.
Outra observação importante. Homens em dupla que se olham com um sorriso cúmplice e esperam pelo outro até o beijo terminar provavelmente são gays. Quase total certeza. Ainda mais se um é fortão e o outro magrinho, como era o caso.
Então, em qualquer festa, pra qualquer nível de carência, a lei é a mesma. Primeiro,
dançar. Segundo, dançar. Terceiro, olhar pros lados. Mas alto lá. O antigo mote feminista 'nossos corpos nos pertencem' pode ser adaptado nessas horas para 'minha boca me pertence'...
Santo Antonio sabe o que faz. Se eu ficasse solteira por mais tempo, na certa começaria a sentir horror pelos
homens. E pelas
mulheres que se deixam levar tão facilmente.
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