É a segunda vez em que preciso levar meu filho a um psicólogo, é a segunda vez em que me esforço para não parecer louca. Sim, por que as mães são culpadas pelos males do mundo. Freud dizia, é o que todos crêem até hoje.
Tá desequilibrado? É a mãe! Vai mal na escola? Culpa da mãe! Não se alimenta bem? Onde está essa mãe que não vê isso?! Mãe que é mãe tem que ser perfeita, risonha, centrada e apaixonada por sua cria, se não corre o risco de ser confundida com uma madrasta qualquer.
Esquecem que 'mãe' é apenas a pessoa que gerou uma criança, coisa que uma boa incubadora de um moderno laboratório fará em pouco tempo, com a mesma eficiência. E que 'criança' é apenas uma pessoa pequena, pode ser chata e intragável como qualquer um, só que ainda pequeno.
Foi disso que eu tentei falar para Mateus, o psicólogo com cara de criança que me ouviu durante cerca de uma hora. De como eu vejo meu filho como uma pessoa, que pode ter escolhas diferentes das minhas. Que apenas mostro alguns caminhos, mas espero que ele escolha um deles, ou mesmo outro que eu nem sequer conhecia (papo mais hippie...)
Mateus me perguntou sobre o uso do castigo. Bem, a verdade é que eu não me utilizo desse recurso. Não acho que privar uma criança de fazer algo que ela gosta é um bom método. Meio cruel, autoritário e pouco pedagógico. O que eu uso, então? A conversa.
Sempre conversa? Tá, de vez em quando um grito. O bom e velho grito. O bom, velho e sonoro CHEGA. Se resolve? Ôhhh, se resolve... é um santo remédio. E o que sinto depois? Ah, fico cansada, né? Gritar é algo que me mobiliza demais, pois eu não costumo gritar no meu dia-a-dia. Mas também fico aliviada. Um alívio cansado. Mas eu sempre consigo o que quero, seja um banho, a lição de casa pronta ou apenas um pouco de paz. Com apenas um grito.
Não sei o que Mateus achou do meu método. Às vezes ele me olhava com uma cara estranha. É difícil tentar parecer uma mãe equilibrada, só para o psicólogo não dispensar o filho e resolver tratar da mãe. Da conversa, pude refletir que preciso gritar mais. Mãe que é mãe, tem que gritar, berrar e atemorizar a criança apenas com o volume da voz, sem palavras ameaçadoras.
OBRIGADA, MATEUS, PELA DESCOBERTA!!! AAAHHH!!!
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