Estranho. Em todos os lugares em que trabalhei, por pouco tempo que fosse, sempre havia o
alguém com quem eu me identificava. Geralmente era
o ou
a colega que adorava farra, que falava mal do chefe e que transgredia as regras do local. Eu sempre me identifico com os rebeldes, mesmo que sem causa.
Dessa vez, estranhamente, não. Nenhum colega tão próximo que possa virar camarada, nenhum assunto interessante que precise ser estendido para além do minúsculo posto de trabalho. De cara, eu percebi que eram todos muito
burros. Depois, notei que estavam mais interessados em criar intriga do que qualquer outra coisa. Aprofundando mais a convivência, vejo que eles são apenas enfadonhos.
O divisor de águas aconteceu quando duas colegas começaram a falar mal das feministas. Tentei me conter, pois tinha chegado há algumas semanas. Quando elas se divertiram dizendo que as mulheres que "criaram" esse "tal" de feminismo deviam ser "tudo mal-amada", eu reagi. Vocês se enganam. A principal precursora do feminismo, Betty Friedan, era uma mulher super bem-resolvida, apesar de ouvir essas e outras acusações, na época
(quis chamá-las de retrógradas). Uma delas se divertiu ainda mais, fazendo o "genial" trocadilho Betty frígida. Perdoa, Pai, elas não sabem o que dizem. Ou, como disse a própria Friedan, "Direitos"é um vocábulo sem vibração para quem se criou depois de sua conquista". Que nojo.
Estou nostálgica de minha amiga gaúcha em Brasília, bicho-grilo, louca, linda, inteligente, natureba, sensual e feminista. Talvez eu nunca mais conheça alguém assim, ou então eu cheguei atrasada, deveria estar na década de sessenta. Parece drama, mas eu também não sabia o quanto era importante aquela pessoa com quem tomar cerveja depois do trabalho, até não ter mais nenhuma assim.
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