Eu estava ansiosa para ver pela terceira vez o show dos Netos do Raul, banda que reinterpreta Raul Seixas aqui pelas bandas de Recife. Principalmente por que havia a promessa, feita via comunidade deles no Orkut, de tocar a Super-Heróis, especialmente para atender os meus insistentes e solitários pedidos por essa música.
Briguei como uma sem-terra por meu pedaço no minúsculo bar aqui em Olinda. Era quase impossível dançar no cubículo lotado de adolescentes, pós-adolescentes e pré-idosos. Um gigante resolveu ficar bem na minha frente. Eu o desafiei, passando à sua frente. Marido não me acompanhou na luta contra o gigante e eu briguei com ele por isso. Olhei feio para um casal de namorados que queria de volta o (excelente) lugar na janela que eu roubei deles, aproveitando que foram comprar cervejas. Dei leves cotoveladas na mocinha que dançava me empurrando de leve (humpf). A ordem era: "ocupar, resistir, produzir!"
Marido precisou me acalmar, eu estava em pé de guerra contra o bar inteiro. Mistura de cerveja, ansiedade, impaciência, um dia cansativo e emoções em frangalhos. Muita conversa e alguns cigarros depois, durante o intervalo do show, eu estava um pouco mais calma e disposta a assistir a apoteose dos Netos como uma boa menina. Eu, e os bons amigos cerveja e cigarro de canela. O show recomeçou. Foi quando aconteceu. Choveu, e a bodega tinha uma goteira bem em cima do palco. Os meninos desligaram tudo rapidamente e o show acabou antes de recomeçar. Sem Super-Heróis e sem mais nada.
O MST está errado. Lutar por um pedaço de chão nem sempre vale a pena. :/