De repente [Lulu Santos/Nelson Motta]
de repente não há mais saco
pra tanto papo que já se ouviu
de repente a moda muda
o mundo roda e você mudou mais uma vez
Deve ser uma péssima combinação entre a ansiedade ariana e a volatilidade geminiana, meu signo ascendente. O fato é que tenho sentido com frequência cada vez maior o que chamarei, a partir de agora, de 'canseira'.
Amigos, pré-namorados, conhecidos, colegas de trabalho. Todos a um passo da minha canseira. Antevejo as pessoas todas me entediando, tornando-se desinteressantes e previsíveis. Como se eu fosse uma enfadada espectadora de um espétaculo que não pode parar nunca. 'Riam, chorem, me surpreendam, recusem algum pedido meu, me tratem como uma majestade, chamem a minha atenção, mas façam algo! O show tem que continuar!' - grito eu, com toda a força do meu tédio, enquanto os personagens do espetáculo criado à revelia da vontade deles assistem, atônitos, ao meu ataque histérico. Alguns tentam fazer gracinhas, outros tentam me agradar com mimos, mas há os que retiram-se, indignados, daquele circo de horrores.
Mas, ah, se chega a canseira, sou mesmo tipicamente geminiana: não suporto nem ouvir a voz do causador da minha canseira. Ou sai ele ou saio eu, não há acordos. E o final é nada melancólico, a pessoa simplesmente desaparece do mapa, como se nunca tivesse existido ou como se sua existência fizesse pouca diferença pra mim. Pode ser ainda pior - quando eu fico, como dizemos em Recife, com um 'abuso' tão grande que a simples presença da pessoa-canseira chega a me irritar. Sim, eu sou uma menina má.
Condenável? Também acho. A canseira é uma fusão de desconfiança, arrogância, medo do envolvimento e egoísmo. É o Lado Obscuro da Força, em mim. Que Yoda nos ajude.
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