Vez em quando a vida me dá uma puxada de tapete, só pra mostrar que o mundo não é cor-de-rosa. Eu sei que não é, tenho poucas ilusões, mas sou dada a alimentar paixões insaciáveis. E sofro. E gozo. E acho que estou viva porque sinto, alternando prazer e dor.
Aí vem a vida, aquela, da pia entulhada de pratos, a vida real, e mostra que não é bem assim. Que não existem paixões insaciáveis. E que a dor que eu cultivava como prova de minha existência pode me machucar. Eu protesto, mas me curvo à realidade inexorável, junto os trapinhos do meu desejo e me mudo dali para o mundo dos racionais, cinzento e tristonho.