Encontrei por acaso uma colega de faculdade que está morando no entorno. Sozinha, recém-concursada, batalhando pela vida. Tem vindo passar alguns finais de semana conosco, para programinhas e conversas avulsas.
Poderia ser perfeito, não fosse o fato do amigômetro não ter disparado. Apesar da mesma idade, formação e gosto pelo samba, algo simplesmente não aconteceu.
O amigômetro é aquele alarme discreto que nos faz querer conviver, estar perto, partilhar miudezas com determinadas pessoas. Pra mim, não é muito frequente, mas é sempre certeiro.
Não sei se é pela necessidade que ela tem de ter sempre razão, com aquele ar de sabe-tudo, mesmo em discussões banais. Não sei se pela crítica velada às festas e bares gays que frequento. Talvez por faltar nela um pouco da loucura que eu preciso para viver e me relacionar.
Só sei que aqui estou eu, esperando que ela vá embora e me sentindo culpada por essa demonstração de falta de solidariedade.
E ela ainda não foi.
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