A minha instabilidade tipicamente ariana fica mais evidente do que nunca no período de férias. SIM, eu estou de férias! Mas agora de verdade, pois eu voltei a ser gente, conforme o conceito capitalista do termo, e trabalho oito horas diárias, com mais-valia e tudo o mais. Então, eu esperava viver as férias, curtir as férias, respirar férias.
No primeiro dia, eu andei por lojas e comprei. Muito. Estranhamente, a cidade está em liquidação. É que eu achava que isso só acontecia depois do Ano Novo.
No segundo dia, eu andei por lojas e não comprei nada. Percebi que a tal liquidação é, na verdade, uma grande armadilha armada pelos lojistas deBrasília para flagrar consumistas desavisados. Especialmente os que estão de férias e não saem da cidade. Eu me enquadro perfeitamente no perfil e isso explica o dia anterior.
Hoje, terceiro dia, eu dormi. Quando não estava dormindo, estava deitada. Uma de minhas gatas fica deitada ao meu lado o tempo inteiro, sempre que eu estou na cama. Queria saber o que ela pensa disso tudo.
Não que eu tenha planejado uma volta ao mundo em 19 dias, mas o fato é que eu esperava férias mais produtivas. Hoje, por exemplo, eu tinha planejado fazer uma lista de tarefas para resolver até sexta-feira. Aquelas coisinhas chatinhas do dia-a-dia que tomam muito tempo e que, por isso, não devem ser resolvidas em dias úteis por trabalhadores que adoram ser explorados, como eu. Nem fiz a tal lista. O plano B era arrumar meu guarda-roupa, tipo tirar coisas sem uso e fazer a energia circular. Nem cheguei perto.
E assim, eu vou oscilando entre a preguiça e a vontade de fazer algo.
Estive pensando hoje, enquanto a gata dormia ao meu lado, que a vida nos envia sinais sutis que podem validar algumas decisões importantes. Difícil é (querer) perceber esses sinais.
Coisa de quem não tem mesmo o que fazer.
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