O trânsito da pequena Brasília, que quando eu conheci, há uns seis anos (!) era um bálsamo pra quem vinha de uma grande cidade, está se tornando um pequeno caos. Falta de vagas, congestionamentos, atropelamentos, mortes. Até a faixa de pedestre, antes um símbolo da civilidade brasiliense, teima em se apagar do asfalto e se tornar um apenas um risco a mais.
Dizem que Brasília é uma cidade de amplos espaços e muito barro, poucas calçadas e, portanto, difícil de se enfrentar a pé. Concordo, mas também vejo uma cidade que é um parque ao ar livre, pelo menos no Plano Piloto. Aqui, se encontra tudo - eu digo TUDO - o que se precisa no comércio das entrequadras, e tem sempre uma delas a alguns metros.
É verdade também que o sistema público de transporte é de péssima qualidade, de tal forma que até o metrô, que parecia uma solução promissora, já saturou. Mas as pessoas insistem em ir pro trabalho sozinhas num carro onde caberiam cinco. Poucas vezes vi esquemas de caronas ou algo que minimizasse o individualismo reinantes nestes tempos.
Não é que eu ache que a solução seja individual. É certo que falta melhorar o sistema, o fluxo e mesmo o transporte alternativo. Mas certamente Lúcio Costa não pensou uma cidade para se cruzar apenas sobre quatro rodas. O problema é que ele não previu que, algumas décadas depois, o ser humano passaria a caminhar exatamente assim - sobre quatro rodas.
[Foto do site Trânsito Brasil]