Severina era o seu nome. E se apaixonou loucamente pelo boêmio chamado José. Mas como poderia Severina, no início do Século XX, se apaixonar?! Não, Severina deveria se casar com o promissor militar chamado Joaquim. Alto, moreno, imponente, perfeito, se Severina não tivesse dado de se apaixonar pelo boêmio José.
E assim foi, como o pai dela queria, Severina e Joaquim, início do Século XX, cinco filhos, assim deveria ser. Vida normal, filhos normais, missa aos domingos e nada a questionar. Severina, de muitos netos, poucas palavras e quase nenhum afago, permaneceu quieta e conformada. Até que Joaquim morreu e a chama da paixão pro José reacendeu, Severina ainda o desejava.
E assim foi, mesmo que os cinco filhos não quisessem, Severina reafirmou a paixão pelo boêmio, que sumia por algumas horas, mas que a fazia feliz. Ela já tinha mais de 60, José também, mas quem se importava, a não ser as cinco crias de Severinas?! Severina foi feliz com José, até que ele se foi enquanto ela acenava com um lenço branco da janela suburbana, "adeus José"...
Severina se foi pouco depois, de tristeza, de solidão, de falta de paixão... mas ficou em mim, a mesma Severina.
Início do Século XXI. Severina, a minha avó de poucas palavras, foi o maior exemplo de paixão, loucura e coragem que eu tive.
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