Foi assim, eu comecei o dia sozinha. Minhas férias nunca foram tão solitárias: filho em Recife e marido no interior de São Paulo. E eu sozinha. Tudo bem, foi por opção. Mas nem tanto.
O pavor de dormir sozinha voltou. Tipo, eu não sei do que eu tenho medo. Mas checo a porta mil vezes a as cortinas mais umas quinhentas. Nisso, fui dormir às cinco da manhã. E, o pior, sem chegar da farra e completamente sóbria.
Mas o domingo finalmente chegou. Caminhar no Eixão sozinha, almoçar no Giraffas sozinha, tudo tinha a cara de Brasília. E tudo ia muito bem, obrigada, até que chegou também a temível carência-inexplicável-por-pessoas. E eu quis deseperadamente companhia para um cinema.
E comecei a odisséia, liga daqui, liga dali. Meio que "eu podia estar roubando, eu podia estar matando, eu podia estar maloqueirando, mas estou aqui pedindo aos senhores companhia para um filminho." E ninguém podia. Na última tentativa, a N. topou na hora. E a carência-inexplicável-por-pessoas finalmente arrefeceu.
Cheguei cedo, bati perna, tomei café sozinha, lembrei que N. não é pontual. Chegou faltando dez minutos para começar o filme. Depois do filme, beijinhos burocráticos e conversa de cinco minutos. No fundo, eu sabia que estava sozinha.
Moral da história: a solidão pode ser uma boa amiga, mas é sempre péssima conselheira.
PS: o filme, Nome Próprio, é do caralho.