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Estado de Coisas

domingo, abril 01, 2007
Desaniversário
Uma das coisas que considero mais tristes de minha infância é o fato de que nunca tive uma festa de aniversário. Nenhuma daquelas tradicionais na minha época, com bolo e salgadinhos sobre a mesa, nem um simples 'parabéns' em família. Meus pais, com uma fila de sete crianças em escadinha, não poderiam se dar ao luxo de comemorar a nova idade de cada um deles. No dia do meu aniversário eu poderia, no máximo, faltar à escola.

Hoje, mulher feita, simplesmente não consigo comemorar meu aniversário. Este ano fiz a primeira tentativa séria de fazer algo: marquei data, avisei as amigas e fiquei de confirmar. Não confirmei. Uma gripe forte me tirou de campo e me fez novamente pensar: pra quê festa? Só teria graça naquele tempo, onde as velinhas eram tão poucas que cabiam num bolo pequeno. Não vejo graça nessa auto-comemoração de adultos.

Festa de aniversário é uma espécie de luxo, um espaço proibido, a comemoração que não mereço. Eu me sentiria ridícula, não tem jeito. Nestes tempos em que as crianças escolhem temas, locais e amiguinhos, eu me ressinto pelo que não tive em outros tempos, certamente mais difíceis. Talvez seja a mesma sensação de tristeza que senti na hiper-mega-ultra-festa de minha priminha quando eu, criança boba que era, chorei muito ao entrar num quarto e ver a Emília - que há alguns minutos alimentava nossos sonhos - tirando a maquiagem e virando mulher comum. A impossibilidade de ter ilusões.

Agora dá licença, que eu vou ali procurar um psicoterapeuta de plantão e já volto. =/

Eu também não sei comemorar o meu próprio aniversário. Coisa que o carioca, por exemplo, sabe fazer tão bem sem cerimônia (de chamar todo mundo pra um barzinho e ainda fazer os amigos pagarem a conta). Mas xá comigo que ainda organizarei uma festa estilo surpresa pra você. Essas é que são legais. :D  

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Ah. Eu gosto mesmo é de ganhar presente. Pronto falei.  

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E eu acho que a gente poderia comemorar seu níver sexta-feira, lá no Black Jack, durante o show da Netos do Raul... O que pensas?  

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