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Estado de Coisas

sábado, março 31, 2007
Amizade trabalhista
Na última reunião de trabalho (se é que se pode chamar um bate-boca de reunião), um colega acrescentou, como ponto de pauta, o fato de que outra colega não lhe sorria com tanta intensidade como faz com os outros. Talvez pelo fato de já terem passado por alguns conflitos, ele percebeu a diferença no tratamento e está se sentindo rejeitado. Juro que ele falou isso numa "reunião" de trabalho.

Uns argumentaram que era impressão dele, outros mais religiosos clamaram pelo amor entre irmãos, alguns aconselharam uma conversa franca. Eu expliquei o meu ponto de vista sobre a situação, considerando que simplesmente não sofro de carência afetiva no trabalho. Ter amizade ou querer bem não é condição para que eu possa trabalhar com alguém - basta uma relação amistosa. Por isso, tanto faz um 'bom dia' alegre e cheio de raios de sol ou um 'olá' lacônico. Aquele espaço, no meu caso, não se presta a demonstrações efusivas de afeto, nem ao cultivo ardoroso de inimizades. É simplesmente o campo "neutro" onde eu ganho a vida. E eu me dedico muito mais a aprender sobre o meu trabalho do que a conhecer as pessoas que, por acaso, fazem parte dele.

Pois bem, a minha modesta declaração em favor de relações civilizadas no trabalho causou arrepios na gente daqui. Considerando que nem é gente tão inteligente assim, não haveria problemas. O que eu vejo como problema é essa hipocrisia de quem passa uma vida inteira alfinetando e tentando sabotar colegas de trabalho, muitas vezes a troco de nada, e sai pregando o amor. A expressão máxima da fragilidade das relações de trabalho é o tratamento com os chefes. O chefe pode ser uma anta, um carrasco ou um soberbo. Haverá sempre alguém(ens) para cercá-lo e oferecer uma cota generosa de bajulação. E ai de quem disser qualquer coisa que contrarie as regras do reino do faz-de-conta-que-somos-amigos. É tachado de arrogante, individualista ou esquisito.

No meu caso, a reação às minhas idéias anti-hipocrisia só confirmam ainda mais minha premissa: na maioria das vezes, a gente de trabalho não leva jeito pra bons amigos.

Claro, é sempre quem fala a verdade que fica com fama de monstro! :X  

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É, conto nos dedos as vezes que isso aconteceu. Digo, amigos e trabalho. Beijo.  

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Eu particularmente sou muito seletiva na escolha dos meus coleguinhas de trabalho. Se ninguém se enquadra no perfil, fico sem ninguém. Eu acho que você deve continuar firme e forte com a sua postura anti encheção de saco.  

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