- Alô.
- Dona Maria?
- Sim!
- É o seguinte, sua filha tá aqui com a gente e só vai ser liberada quando alguém pagar o resgate!
- AAAAAH NÃO! Moço, pelamordedeus, não faz nada com a minha filha! Deixa eu falar com ela. Ai minha nossa senhora, valei-me!
- Falar nada, que aqui não tem bate-papo não! É simples, ou paga, ou ela morre.
(ouve-se gritos ao longe)
- Mas eu preciso saber se é ela...
- Ah, precisa??? Problema teu, Dona. Não acredita, deixa ela na mão da gente e depois você recebe só o corpo.
- É que eu li na Veja que tem um golpe de sequestro relâmpago e tô achando que isso é um.
- Mas que merda, Dona! A Samantha tá aqui com a gente!
- Tá vendo? É um golpe. Vocês descobriram o nome dela e estão usando isso pra me enganar. Podem ficar com a "Samantha" de vocês, que a minha filha, eu sei que tá bem guardada.
E desliga.
O sequestrador volta a ligar outras vezes, sem sucesso. Dona Maria tenta ligar para o celular da filha, que está desligado, mas não se preocupa - a menina nunca lembra de carregar o aparelhinho, mesmo. Vai dormir pensando, indignada, em como os bandidos estão cada vez mais ousados. Usar o nome de alguém para aplicar um golpe, que absurdo! Ainda bem que a leitura semanal de Veja fazia dela uma mulher bem informada.
Poucos dias depois, Samantha surge, mãos dadas com o seu algoz. Acometida pela Síndrome de Estolcomo e por uma paixão bandida, a menina resolveu assumir o romance com o seu ex-sequestrador, com quem já estava morando.
Dona Maria cancelou a assinatura de Veja.
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