Deitou sem pensar em nada, apenas para sentir pernas e pés relaxarem. A cama envolveu o seu corpo, a cabeça afundou no travesseiro macio. Delícia de momento. Cortina e olhos fechados, pois a luz do sol de final de tarde não seria uma boa companhia. Queria sentir apenas a preguiça, a maciez, o escuro.
Que cor tem o sono? “Marrom” – pensou. E qual é o cheiro de dormir? “Cheiro de água.” E a forma? “Elíptica.” Antes do sono? “Sexo.” E depois? “Sexo ou biscoitos.”
Ficava contente quando ia dormir. Mas se estava triste, o sono também era bom companheiro nas desventuras. Foi sempre assim, a cama era um império na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.
Sorriu levemente quando se deu conta de que estava quase adormecendo em meio aquelas bobagens sonolentas. Delícia de estado de embriaguez, torpor e sereno desespero que precede o adormecer. Nunca mais acordou.