Um casamento terminado é sempre um incontestável atestado de fracasso. Não gosto de frases absolutas, mas não conheço situação em que não tenha sido assim. O que muda é apenas o grau de fracasso.
Passei muito tempo reafirmando as explicações que pareciam justificar o fim do meu casamento. Hoje, quatro longos anos depois, contraditoriamente, a única coisa que consigo fazer com relação ao tema é um doloroso
mea culpa. O que poderia ter feito e não fiz, teria sido diferente?
Ele sempre me pedia para que eu comprasse também xampu e creme para cabelos normais, pois o meu arsenal para cabelos secos não servia para ele. Nunca me dei ao trabalho, por minha culpa, minha máxima culpa.
Eu não sou muito de falar e, oh, essa mania de esperar as consciências alheias se manifestarem. Por minha culpa, minha máxima culpa, esclarecer alguma coisas a tempo poderia ter sido um santo remédio.
Eu deixava a bolsa sempre em cima da mesa, um péssimo hábito, sem dúvida, que o deixava sempre exasperado. Por minha culpa, minha máxima culpa, a bolsa hoje em dia ocupa o seu devido lugar de reles bolsa.
A pressa de viver e de querer tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Aos vinte e poucos anos, o tempo não cabe no relógio, é tudo ou nada, parece que o trem da nossa história está sempre passando naquele exato momento. Do alto dos meus trinta e poucos e com toda a minha culpa, minha máxima culpa, vejo que havia tempo para tudo, se eu tivesse sido mais sábia.
Faltou carinho, diálogo, paciência, compreensão e todas aquelas coisas que qualquer manual de auto-ajuda para casais sabe muito bem. Mas faltou principalmente um tiquinho de culpa, por que ela, por tanto tempo exaltada e mais recentemente tão execrada, traz, sem dúvida, um pouco de sabedoria.
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