Tem um ser vagando pelos cômodos de minha casa.
Veste calça de moletom duas vezes maior que o seu número, camisa velha de frio e anda sempre com os dedos dos pés à mostra, com os mesmos chinelões. Tem os cabelos desgrenhados e usa óculos fundo-de-garrafa. Fala pouco, quase nada. Só se dá ao trabalho de balbuciar alguns sons ininteligíveis para comunicar alguma coisa a uma das gatas. Com um ar de indiferença ou desorientação, vai sempre da cama para o computador, sem nenhum objetivo aparente. Liga a TV, mas não assiste. Abre o jornal, mas nem lê. Parece esquecido pelo tempo, mas não parece precisar de ajuda.
Esse ser sou eu, no meu último dias de férias.