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Estado de Coisas

segunda-feira, abril 28, 2008
Barrigas e suores
Sabe aquela sensação de mal-estar que dá quando você vê uma grávida qualquer passando na rua?

Pois é, você vê a mulher com aquele barrigão enorme, que parece que vai explodir a qualquer momento, e sua cabeça gira. Quando olha novamente, percebe a barriga levemente apontada para o alto e imagina uma pessoa ali dentro envolta num monte de líquido. Observa as pernas inchadas, vê o vestido que, mesmo largo, já parece apertado, percebe a dificuldade de locomoção daquela mulher com aquele barrigão completamente desproporcional. Àquela altura, sua pressão já caiu um pouco, o que você percebe pelo suor gelado que começa a tomar conta das extremidades - apesar do sol de meio-dia-, e mesmo assim você não consegue desgrudar os olhos daquele ser inchado e barrigudo. A tontura aumenta e você inventa uma desculpa qualquer para sair dali.

Sabe quando você deseja que a natureza seja diferente, de modo que a reprodução aconteça sem o crescimento de barrigões desproporcionais?

Pois é, aconteceu comigo hoje, por duas vezes. :O
domingo, abril 27, 2008
Chato virtual
Era um tipo irritante, daqueles que utilizam o recurso "peça a atenção" no MSN.
Família, ê
Eu tenho achado minha família cada vez mais assustadora nos últimos tempos. Com suas cobranças intermináveis ou seu distanciamento gélido, nunca me dizem a que vêm. Para mim, que fui criada numa noção nordestinamente enraizada de apego e indissolubilidade da família, a idéia de sua imperfeição e inutilidade, por pior que seja, é bastante desconfortável.

Morar longe me mostrou que eles frequentemente cobram de mim o que nunca me ofereceram. Que são supérfluos e que não há nada em que sejam imprescindíveis. Que a relação se sustenta mais pela neurose que pela alegria. Que tê-los por perto me faz perder a liberdade e deixar de revelar minha essência, por pura hipocrisia. Que tirando um feição ou outra, não somos nada parecidos.

O estranho é que todas essas conclusões chegam sem conflitos ou desavenças, como seria o esperado numa família típica. O distanciamento, no nosso caso, emerge da indiferença, da completa falta de afinidade e de assunto. E é nos momentos difíceis, quando as famílias típicas esquecem provisoriamente as amarguras e se reúnem em torno da dor comum, que nos afastamos ainda mais.

Criamos e fortalecemos juntos, a cada dia, laços fortes e bem entrelaçados...
de mágoas.
Preguiça
Preguiça do mundo.

E não é por que hoje é domingo.
sábado, abril 26, 2008
Até
Durona, indiferente, impassível, insensível.











Até que ele me aconchega nos braços e me faz dormir falando sobre paisagens bonitas que conhecemos juntos.
sexta-feira, abril 25, 2008
Saudade...
da família, ainda não.

Mas da cantoria da Fanáutico durante os jogos...



PUTA QUE O PARIU!
Seriado
Sobre o caso da menina empurrada janela abaixo - cujo nome nem vou escrever para não induzir buscas desavisadas no Google -, eu não vou aqui despejar indignação, como fazem alguns, criticar a atuação da mídia, como preferem outros, ou discutir violência doméstica, como uns poucos têm tentado. Preciso apenas fazer uma confissão rápida e sujeita a reprovação:

eu assisto às matérias sobre o caso como se estivesse acompanhando diversas partes de um único episódio do CSI.
A Arte e o Desastre de Viver Insatisfeita
Diferente da maioria, eu nunca me sinto realizada a ponto de não querer mudar. As sucessivas mudanças de cidade nos últimos anos são apenas indicativos de algo muito maior: eu sou o que alguns chamam de 'eterna insatisfeita'.

Antes de vir morar em Brasília, eu achava que faltava apenas um salário razoável para ser feliz. Em Brasília, faltava um namorado decente. De volta a Recife, a realização profissional parecia nunca chegar. Novamente em Brasília, começo a chegar à conclusão que nem um salário mediano, nem um companheiro adorável, nem a segurança profissional, nem os doces botecos durante a semana, me fazem sentir confortável.

Também não busco aquela paz interior proclamada pelos iluminados, ou o autoconhecimento que pregam os esotéricos. Eu quero é saber em que direção ir para simplesmente acalmar minha cabeça insaciável. O incômodo não vem exatamente do constante desagrado com as múltiplas opções que me surgiram até agora. Chato mesmo é perceber que a totalidade (ou boa parte) dos seres em minha volta parecem estar tão confortavelmente acomodados que não poderiam entender o tamanho dessa angústia.

Uns se deliciam com a família, outros fingem que não percebem a mediocridade do cotidiano, alguns se entregam ao trabalho como se aquilo fosse realmente produzir algo de útil. E eu, querendo não-sei-o-que, me desloco de um lado para o outro, em busca de respostas para as perguntas que nem cheguei a formular. Pra piorar, o que eu conquisto perde a graça e o que eu não tenho não me parece tão indispensável assim.

Nem posso ao menos julgar se esse comportamento é bom ou ruim, saudável ou doentio. Pra quem nunca conseguiu ver a vida por outra lente que não a da insuficiência e da eterna necessidade do 'algo mais', é difícil saber qual é o jeito certo de lidar com o que foi ou não alcançado. Marte, Áries, luta, insatisfação - minha configuração astral deve explicar tudo.

O problema é que ultimamente nem os planetas me bastam...
terça-feira, abril 22, 2008
Segredos...
... quem não os tem?!
segunda-feira, abril 21, 2008
Cinco
É hora de responder o même que ela mandou: cinco personagens marcantes da literatura. Adoro contos e, por isso, a maior parte dos personagens que habita a minha imaginação e alimenta a minha admiração vem desses rápidos e intensos relatos.

Pomba Enamorada, do conto de mesmo nome, de Lygia Fagundes Telles: a paixão obcecada e insana da personagem por alguém que conheceu num baile, mais o texto nervoso e tipicamente feminino, fazem com que me reconheça nessa mulher quase inverossímil.

O Barão, do conto O Aventureiro Húngaro, de Anaïs Nin: rico, ótimo dançarino, requintado, culto, bem relacionado, extremamente livre e... MUITO sacana. Não pode parecer melhor.

O Sargento Garcia, de Caio Fernando Abreu: de uma força, sutileza e sensualidade que causam uma rara vontade de ser homem só pra ser pego daquele jeito por ele.

Capitu e seus "olhos de ressaca", do clássico de Machado de Assis, que me fez gostar de ler e dispensa apresentações.

André, o Coiote de Roberto Freire, aliviou minhas angústias existenciais de adolescente com todos aqueles questionamentos e pequenas revoluções. Marcou e permanece atualíssimo na minha mente ainda adolescente.

Só não repasso o même porque percebi que meus poucos leitores me abandonaram durante essa ausência prolongada. :´(
Volta
De volta.
A Capital me pareceu surpreendentemente igual. As pessoas por aqui, ao contrário, insistem em reafirmar que mudaram. Eu não mudei nada além da esperada imprevisibilidade humana. E reencontrei Brasília.

Nesses dois meses, reencontrei a força & alegria de ser. Estar de olhos e corações abertos para tudo aqui me faz sentir em paz comigo. Com Brasília, eu já havia feito as pazes antes mesmo de voltar.

Nesta cidade minha que não é a minha, continuo sentindo saudades de Recife e de tudo o que novamente deixei por lá. A diferença é que agora sei bem onde cabe tanta saudade. E não pretendo tirá-la de lá.
sexta-feira, abril 04, 2008
Era da Não-Comunicação
Ainda sem internet, ainda sem comunicação.
Pausa forçada.