Duas colegas se surpreenderam e ficaram horrorizadas, como se eu tivesse dito algum tipo de heresia, quando eu comentei que gostaria que o marido tivesse uma amante.
Há muitas vantagens no marido que tem uma amante. O homem divide as atenções e assim a relação se torna menos sufocante, para os dois. O tempo dedicado à amante são um verdadeiro bônus para a mulher, que pode usá-los como bem entender, sem nem ter que prestar satisfações. Mesmo assim, quando volta para casa, o marido, culpado, enche a mulher de agrados e carinhos, na tentativa de compensá-la de alguma forma. Ele se vê obrigado, ainda, a pagar integralmente jantares, botecos, viagens e outras despesas, acuado pela situação e temeroso pela possibilidade de sofrer alguma cobrança. Desafiada, ela se sente verdadeiramente A fêmea que precisa disputar, sutil ou abertamente, o seu macho. Ou não. A mulher pode aproveitar pra cair na gandaia, conhecer outros homens, outras mulheres, se atirar nos braços de qualquer um, e todos sentirão compaixão, pois é ela a 'espousa' traída, coitadinha, vítima daquele crápula.
Onde estão os homens do passado, aqueles, meudeus, que tinham uma descarada vida dupla, mantendo aquela a quem se costumava chamar concubina?! Os que tinham filhos por aí afora, que eram descobertos, mais das vezes, apenas no funeral dele, chorando copiosamente junto com as respectivas mães. Aqueles que sabiam exatamente controlar uma mulher enciumada e incendiar uma mulher carente, às vezes num mesmo dia. Hoje, machos fiéis e falidos, eles se limitam a chegar em casa sempre no mesmo horário e não têm olhos para outra mulher, tamanho o medo de serem censurados ou sofrerem represálias. Esses homens não sabem o que é um encontro às escondidas, uma rapidinha, a emoção causada pela ansiedade de não ser visto, códigos, desculpas esfarrapadas e outros deliciosos delitos da infidelidade. Não. Preferem ser machos monogâmicos, insossos e covardemente fiéis. Por que não é por falta de desejo, mas por falta de coragem.
E as amantes, hein, por onde é que elas andam?... Sempre tão glamourosas, malvadas, delicadas e despudoradas. Aquelas, as outras, as mal-faladas, as amantes amadas. Sempre disponíveis a encontrar aquele homem nos horários mais impensáveis, resignadas por que cientes do seu poder, submissas por que protagonistas de um romance sempre ardente. Tons vermelhos de paixão louca.
As paixões clandestinas são sempre cheias de cores pra quem vive e sofre por elas.
O chato é que o mundo anda repleto desse tom cinza-monogâmico.
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