Ela olhou fundo naqueles olhos tão pretos e reconheceu de imediato os sinais inconfundíveis do desejo. Aquele olhar era um código, uma arma, uma mensagem.
Juntou aos olhos muito pretos a boca pequena e convidativa. Continuando a constituição daquele quadro, viu o corpo forte, os cabelos bem curtos, a pele morena, a voz suave que a deixava tonta.
Quis estar mais próxima, perto, dentro. Sorriu meio sem jeito, e já não conseguia parar de olhar para aquele homem tão desejado.
Lembrou do marido, do casamento, dos juramentos, dos contratos. Por uns instantes, a vida real conseguiu arrancá-la daquele sonho de beleza masculina no qual imergira quase sem limites.
Olhou novamente aqueles olhos escuros e convidativos, suspirou e se despediu do sonho. Pouco depois de sair, reuniu forças para praguejar contra o Grande Católico Filho da Puta que inventou essa tal de monogamia...
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