Sempre achei que arrependimento era um sentimento negativo, aflito, derrotado. Até que eu me arrependi com muita força, talvez pela primeira vez na vida. E de uma decisão que há dois anos atrás era firme convicção - sair de Brasília. Passado esse pequeno longo período de tempo, constatei que deveria ter ficado. Percebi que a minha vida era melhor lá em vários aspectos, afinal, foi a cidade que me fez ser mais eu, a ponto mesmo de escolher (e ter a oportunidade de) voltar para casa. Perdi dois anos do ponto de vista profissional, engordei alguns quilos de frustação, deixei de fazer coisas simples que eram hábitos já muito caros, não me encontrei mais na minha cidade. Lembrei de tantas pessoas que me recomendaram que eu ficasse e me arrependi da teimosa e irredutível certeza de saber tudo o que era necessário pra mim, naquele momento. Arrependi-me de não ter reconhecido de imediato que Brasília é a minha segunda casa, e que posso ter ainda muitas outras.
Até que uma amiga me disse que, se eu não tivesse voltado, teria a perene e vã fantasia do que poderia vir a ser, o pior dos arrependimentos, aquele dos desejos não concretizados.
E percebi que não estava arrependida, e sim realizada e livre da ilusão da terra natal.
E não me arrependi mais.
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