Eu tenho uma teoria: os vícios estão inscritos no código genético. Como a cor dos nossos olhos e, dizem alguns, a homossexualidade. Por isso, as pessoas nascem predispostas a certos vícios. E por isso eu não sou um poço dos piores e melhores vícios.
Eu sempre me achei propensa a certos vícios e assim, em algum momento me entreguei a eles como se aquilo fosse inevitável. Para minha decepção, eles sempre passavam. Nunca me viciei, o fundo do poço nunca chegou.
Como a bebida, que talvez seja o meu maior vício potencial. Eu bebo desde os 13 anos e, em certas fases, caí na bebida como uma desesperada por consolo ou por alegria. Ficava preocupada, recebia conselhos dos mais chegados sobre a próxima dose. Vodka era meu inferno. Mas não, hoje eu consigo determinar quanto tempo ficarei sem beber, sem muito esforço. Não passo de algumas doses e pareço ter um tipo de auto-limitação para a bebida: sempre paro antes dos excessos, sem nem me policiar.
O cigarro, que eu tentei fumar no início da adolescência e não consegui. Depois, lá pelos 20 e poucos anos, nova tentativa que foi um fiasco. Agora, eu consigo, a duras penas, fumar apenas um tipo de cigarro, os de sabor cravo, e somente quando bebo. Fora disso, cigarro não me incomoda, nem me atrae. Isso vale para os cigarros especiais também, que eu gosto, mas não procuro.
Internet, que me seduz fortemente. Ainda passo muito tempo aqui, mas incomparavelmente menos que no auge do vício, em Brasília, e para finalidades tão diversas quanto realmente úteis. Chamo agora de ferramenta para a vida, não vício.
Sexo, chocolate, noitadas e certas 'brincadeiras', homens complicados, medicamentos, atividade física. Estive muito próxima do excesso, mas nunca a ponto de não achar a saída de emergência. Vícios leves, é verdade. Mesmo assim, vícios. Por isso, sempre tive um respeito reverente por eles. Que nunca me dominaram.
Só posso pensar que eu não nasci pra ter vícios.
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