Eu estendi as mãos, ansiosa, mas ele seguiu andando sem mim.
Ofereceu-me apenas a "bruta flor do querer": quando eu o queria, achava que ele também me queria e que isso não se esgotaria tão cedo. Quando eu o quis ainda mais, ele não me quis e partiu para um outro querer, sozinho.
Eu tentei recolher cacos do desejo dele, com um cuidado resignado e desesperado.
Mas ele apenas espalhava ainda mais os restos do que havia, dificultando a minha dolorosa tarefa e me deixando mais uma vez atordoada. As pequenas e indóceis sobras estavam por toda parte, ou em lugar nenhum, ou em espaços tão recônditos que eu não as alcançaria.
Eu imaginei que conseguia matá-lo, por diversas vezes.
E, estranhamente, ele parecia continuar vivo. Não tão vivo quanto antes, pois eu nem sentia a sua pulsação. Parecia latente, prestes a germinar a qualquer momento. Às vezes adormecido, descansando tranquilamente e indiferente à minha aflição. Cheguei a pensar que ele se encontrava em estado vegetativo, imprevisivelmente vivo.
Agora eu quero expulsá-lo, mas temo ganhar um espaço vazio.
Outros espaços foram ocupados por outras paixões, enquanto essa paixão que permanece em estado de coma, mas não se vai. Já não dói, e não passa. Quando ele se for - se ele se for -, terei um espaço disponível, ou ele levará consigo esse imenso território ocupado durante tanto tempo? Não sei. Mas não me importo em continuar velando, carinhosamente, essa paixão agonizante.
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