Aquele colega de trabalho me chama a atenção por que tem olhos levemente maliciosos, como os Dele. Humor sutil, sorriso sério, passa a mão na barba, aimeusdeuses, parece mesmo com Ele.
Já o meu namorado não parece com Ele e, por isso, tem qualidades como a de fazer com eu me sinta segura. Não é Ele.
Uma vez eu vi o rosto Dele no rosto de alguém. Fiquei aflita. E eu que pensava que isso só acontecia em filmes de terror e congêneres!...
Um 'vizinho' de andar lá do trabalho também parece com Ele, esse só fisicamente, por que nunca nos falamos.
Dia desses eu vi um garoto passando e imaginei que seria Ele, mas há uns dez anos.
Alguns lugares também parecem com Ele. Droga, são lugares que eu gosto!
Recebi um e-mail de um desconhecido e comentei que o estilo de escrever me lembrava alguém. Ele, e quem mais?!
Algumas músicas, inevitável lembrar Dele.
E a minha mania de fechar rapidamente a porta do elevador na cara das pessoas - já que prefiro mesmo usar o elevador sozinha -, estranhíssimo, mas sempre tem algo a ver com Ele.
Ao menos não sonho mais com Ele, nem sinto o cheiro Dele. Mas se bebo alguma vodca e o pensamento corre frouxo e feliz, independente de minha vontade, é Ele que vem.
Ele sempre vem, nunca vem.
Um momento que eu vou ali procurar onde fica a saída deste mundo onde Ele é o único habitante, entre bilhões.
(A pintura lá em cima é do artista pernambucano Erisson)
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