A vida é estranha, evolui tão lentamente...
Leva-se um ano apenas para ficar de pé, ainda cambaleante, e balbuciar algumas palavras, na maior parte das vezes incompletas.
Mais dez anos para descobrir que somos meninos ou meninas e que alguns órgãos menos comentados têm outras finalidades outras, além das que conhecemos. Dúvida.
Novamente, mais uns dez anos até começar a sair só, concretizar a principal finalidade, antes secundária, dos tais órgãos, ainda misteriosos. Esse exercício traz dúvidas, dor, confusão, gozo, medo, vício.
E aí, é só aguardar o novo ciclo de dez anos para conhecer a perversão plena, aquela que permite percorrer todas as vielas escuras desse caminho acidentado, mesmo que às vezes não sem certa culpa, mas efetivamente desfrutando o que cada milímetro de pele pode nos oferecer. O prazer vem num ímpeto, em alguns momentos o delírio total, vez em quando doses homeopáticas de sua promessa, ou até como feliz desespero prolongado.
A partir daí, restam mais uns dez ou, num cenário melhor, vinte anos para aproveitar ao máximo o que descobrimos a duras penas. Vida estranha...
Vida que não é mais do que a descoberta fugaz, atropelada e deliciosa do sexo.
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