Esta semana, eu lembrei casualmente de uma história que aconteceu comigo, lá pelos idos de 2005.
Foi na cidade que eu amo, Curitiba. Eu estava a trabalho e acabei ficando hospedada na casa do amigo da minha colega de trabalho (!), que fazia questão de nossa presença, não aceitaria um não e coisas assim. Verdade que era apenas por causa de minha colega, velha conhecida dele, já que eu era uma ilustre desconhecida. Mas aceitei pela comodidade de ficar junto com ela e pela gentileza com que ele fez o pedido.
E assim foi durante os três dias que passamos lá: pura gentileza. Ele era bonito, divertido, requintado e sabia ser um bom anfitrião, daqueles que tratam o hóspede com carinho e sem cerimônia. Apesar de todas essas qualidades, juro que nenhum pensamento malévolo me passou. Não que ele não fosse visivelmente interessante, eu é que estava tensa por se tratar de uma das primeiras viagens no então novo trabalho.
No último dia antes da volta para Brasília, fomos a um boteco delicioso no centro, o Casa Velha. No final, poucos se aventuraram a uma esticadinha para dançar. Na verdade, apenas eu e ele. E assim foi, fomos a um pub e dançamos até a noite terminar. Depois disso, em vez de cansado, nos sentíamos energizados o suficiente para uma parada na rua 24 horas, para um longo café, longa conversa e uma longa espiada nas figuras que andam pela noite curitibana.
A noite foi linda, especial, cheia de um charme inesgotável. Chegamos em casa com o sol nascendo e com a sensação de que a noite não deveria terminar. Tenho certeza que ambos sentimos isso. Em vez de me atirar na cama e terminar o programa com um bom sexo, ele me abraçou ternamente, agradeceu a noite e nos beijamos de forma doce, ali no corredor do apartamento dele.
Nunca mais nos vimos, por uma série de razões que não cabem aqui. Mas penso que, fosse previsível, seria mais uma noite de sexo casual. Da forma como aconteceu, virou uma lembrança bonita, afetuosa e repleta de um brilho que parece não diminuir. Foi uma noite daquelas.
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