Esta semana eu assisti na TV e li nos jornais o horror dos horrores:
pai e madrasta esquartejaram dois filhos na Grande São Paulo. Notas rápidas e nenhuma comoção, afinal, nem é o caso da garotinha classe média que foi atirada pela janela pelo pai não menos classe média. Tratam-se de dois garotos pobres e sistematicamente agredidos ao longo de suas vidas que, ao final, foram tomadas de maneira bárbara. Denúncias, pedidos de socorro e avisos aos órgãos públicos que têm por responsabilidade proteger crianças - tudo inútil.
Lembrei do caso que eu contei
aqui, da minha vizinha louca e de seu pequeno filho/vítima, que eu nem conheço. Liguei inúmeras vezes para aS políciaS, civil e militar, Conselho Tutelar, Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente. Nada, absolutamente nada aconteceu. Chamei o 190 numa noite de terror, em que a criança gritava por socorro. Tive que descer e ir me explicar para os policiais, como se eu fosse a criminosa.
Nunca me senti tão impotente diante da violência. E tão frustrada. E tão indignada com o abandono completo de crianças em situação de violência doméstica. Meu último recurso, fim de linha, antes de providenciar a minha mudança, pois o que os olhos não vêem etc., foi formalizar uma reclamação junto ao Condomínio. Na última das hipóteses, eu não era mais uma cidadã que não quer presenciar cenas de violência diária contra uma criança, mas uma moradora incomodada com a gritaria.
E foi quando tudo se resolveu. Diante de uma ameaça expressa de despejo, a loucura e o descontrole da vizinha arrefeceram. E ela parou de agredir a criança. E a paz voltou a reinar. E eu posso dormir em paz.
No meu país, o Condomínio do Bloco Z funciona melhor que as instâncias públicas de proteção da criança.
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