Desde que cheguei em Brasília não pára de chover, uns temporais de verão que desabam em horários quase que marcados, todos os dias. No início, me assustaram um pouco, mas não demorou para que eu me reacostumasse às chuvas estrondosas da cidade. Estranho mesmo foi um diálogo com a depiladora aqui:
Depiladora: está chovendo muito, né?
Eu: sim, desde cedo, acho até que hoje já choveu tudo o que havia pra chover.
Depiladora: [risinho] você sabe o que é essa chuva?
Eu: são temporais de verão, pelo que li no Correio.
Depiladora: nada disso, é um sinal do fim dos dias! Deus está voltando e virá buscar apenas os seus, os que escolheram seguir a Ele. Os outros serão deixados aqui mesmo, para viver no mundo com ainda mais sofrimento que agora!!!
Eu: [...]
Fiquei me imaginando na fila de triagem do fim dos tempos, quando um dos assessores celestes me perguntasse o que eu fiz nessa vida que indique salvação. Diante do meu relato sobre festas, álcool, cigarros e subversão sistemática de regras, eu seria, na melhor das hipóteses, enviada para o fim da fila, à espera de sobra de vagas ou de alguma desistência. Ou o assessor celeste me pediria polidamente que eu aguardasse o chamado em casa: "tudo bem, nós entramos em contato com você." Ou ainda, no pior cenário, eu seria imediatamente devolvida ao mundo-inferno, sem chance de repescagem.
Mas, como diz um amigo, o único problema do inferno é que a cerveja é quente.
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