A verdade aparece cristalina como as águas do Rio São Francisco quando a gente percebe que não há vítimas nem culpados - as pessoas ESCOLHEM ser o que são.
Aquela minha amiga, tadinha, que só encontra pela vida cafajestes que a fazem sofrer. Golpes, decepções, jogo sujo e até prejuízos financeiros. Falta de sorte, escolhas erradas ou destino? Nada disso, ela escolheu estar com esses cafajestes. E, só me lembro agora, ela dispensou dois ou três caras hiper legais sob o argumento de que eram feios, isso ou aquilo. Que tipo de ganho ela tem nisso, eu nem posso imaginar. Mas com certeza tem.
O meu irmão subjugado e depois abandonado pela mulher, que partiu sem maiores explicações levando todos os móveis da casa e deixando cães adotados durante pelo menos dez anos de vida em comum. Mágoas, não. Ele diz que ela é hoje sua melhor amiga. Ele escolheu a escravidão e depois o abandono. Cuida dos seis cães até hoje, com uma certa devoção.
Mesmo o empregado maltratado pelo patrão. A mulher espancada pelo marido. O pedinte largado pelas ruas. A filha oprimida pelos pais.
Tudo o que os cientistas sociais e outros estudiosos apressam-se a explicar como parte de uma complexa teia social desvendável por teorias super-elaboradas, não passa de escolhas indivíduais. Todos nós, massa que parece homogênea, somos pessoas cheias de confusas experiências e desejos, que às vezes revelam-se como escolhas incompreensíveis para a maioria.
As feministas - grupo no qual me incluo - que me perdoem, mas isso equivale dizer que as mulheres, de certa forma, escolhem ser assassinadas por seus algozes. De um jeito confuso e doentio das duas partes, que não consigo explicar. E que nem cabe entender.
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